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O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, participa da cerimônia de entrega do Selo Nacional de Responsabilidade Social pelo Trabalho_ Resgata.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, teve o celular invadido pelo grupo.| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Dois dias depois da deflagração da operação Spoofing, que prendeu quatro suspeitos de hackear o telefone do ministro da Justiça, Sergio Moro, e outras autoridades, ainda há mais perguntas do que respostas sobre o caso.

A Polícia Federal (PF) já colheu depoimentos de Walter Delgatti Neto, Gustavo Henrique Elias Santos, Suelen Priscila de Oliveira e Danilo Cristiano Marques, presos em cidades do estado de São Paulo. Delgatti, segundo informações veiculadas na imprensa, confessou ser o autor das invasões aos celulares e afirmou à polícia, ainda, ser a fonte anônima que repassou o conteúdo de mensagens obtidas através da ação ao site The Intercept Brasil.

Nesta quarta-feira (24), a PF concedeu uma rápida coletiva de imprensa sobre o caso, mas esclareceu pouca coisa sobre a operação. A coletiva durou 12 minutos e nenhuma pergunta de jornalistas foi respondida.

Existe um mandante do crime?

Quando o ministro da Justiça foi à Câmara para ser ouvido pelos deputados sobre o conteúdo publicado pelo The Intercept, disse acreditar que “alguém com muitos recursos está por trás das invasões” em seu celular e de membros da Lava Jato. Para o ministro, o mandante das invasões seria “alguém que ainda não foi atingido pelas investigações da Lava Jato” e queria parar a operação antes de se tornar um alvo. Até agora, a Polícia Federal não falou sobre possíveis mandantes do crime supostamente cometido pelo grupo preso nesta semana.

No despacho que autorizou a quebra de sigilo bancário dos suspeitos presos, o juiz Valisney Oliveira, da Justiça Federal de Brasília, apontou a necessidade de “averiguar eventuais patrocinadores das invasões ilegais", já que foram identificadas movimentações atípicas em contas de dois dos quatro suspeitos. Ainda falta descobrir, portanto, se outras pessoas podem estar envolvidas nos ataques.

Qual a origem do dinheiro movimentado pelos suspeitos?

Ao fazer buscas e apreensões na deflagração da operação, a PF encontrou R$ 100 mil em espécie na casa de Gustavo Santos. Segundo o advogado dele, Gustavo tem como comprovar a origem dos recursos, que seriam fruto de operações com bitcoins.

A PF também encontrou movimentações suspeitas nas contas de Gustavo e sua esposa, Suelen. O primeiro movimentou R$ 424 mil entre abril e junho do ano passado. O valor chamou a atenção das autoridades, já que o suspeito declara uma renda de R$ 2,8 mil mensais. Já Suelen teria movimentado R$ 203,5 mil entre março e maio deste ano. A renda declarada dela é de R$ 2,1 mil mensais.

A PF ainda não sabe a origem do dinheiro e pediu a quebra do sigilo bancário de todos os presos na operação Spoofing.

Houve captação de mensagens de todas as autoridades hackeadas?

Desde o início de junho o Intercept vem divulgando, em parceria com outros veículos de imprensa, supostas mensagens trocadas entre procuradores da Lava Jato e o ministro da Justiça, que era o juiz que comandava a operação em Curitiba. Sergio Moro sugeriu em seu Twitter que os presos seriam a fonte anônima que teria repassado o conteúdo ao site – informação que não foi confirmada pela Polícia Federal – embora sempre tenha questionada a autenticidade das mensagens.

Um dos presos, Walter Delgatti Neto, teria confessado que foi a fonte que entregou o conteúdo ao Intercept. Segundo a PF, mais de mil pessoas foram alvos de invasão em seus celulares. O que ainda falta responder é por que só as mensagens do Telegram atribuídas ao procurador da República, Deltan Dallagnol, foram vazadas até agora. Até que ponto o grupo teria conseguido captar mensagens dos celulares das vítimas da invasão e, se não conseguiram captar o conteúdo de outras contas, como fizeram para obter as conversas de Deltan?

Houve alteração nos diálogos divulgados pelo Intercept?

Outra dúvida que fica no ar é se houve ou não alteração nas mensagens que teriam sido captadas por Delgatti antes de ele repassar o histórico de conversas ao Intercept. Apesar de afirmar ser a fonte anônima do site, o suspeito não mencionou adulteração ou manipulação do conteúdo.

Desde que as mensagens começaram a vir a público, Moro, Deltan e demais membros da força-tarefa têm colocado em dúvida a autenticidade do conteúdo. Eles alegam que o material pode ter sido editado antes de ser enviado ao Intercept.

Qual a participação dos outros envolvidos?

Ainda falta esclarecer também qual era a função de cada um dos suspeitos no esquema. Delgatti é apontado como o cabeça do grupo. Ele é amigo de dois dos outros suspeitos: Gustavo e Danilo. Mas e qual a participação de Suelen, esposa de Gustavo?

Danilo afirmou em seu depoimento que não sabia da invasão dos celulares de autoridades. Gustavo, por sua vez, sustenta que o conteúdo foi mostrado a ele por Delgatti e que teria alertado o amigo que ele poderia ter problemas.

Até agora, a PF ainda não esclareceu a função de cada um nos ataques aos celulares de autoridades.

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