O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues, confirmou nesta terça (27) que o agravamento dos incêndios ocorridos principalmente no estado de São Paulo e também na Amazônia e no Pantanal deste a semana passada foram provocados por ações humanas. Ele, no entando, evitou ligar os atos ao crime organizado, embora um dos presos no interior paulista tenha apontado ligação com o PCC.
De acordo com ele, a PF trabalha em três inquéritos instaurados nas cidades de Ribeirão Preto, São José do Rio Preto e São Paulo e outros 29 que já estavam em curso. Há, no entanto, cerca de cinco mil que apuram crimes ambientais no país.
“Ainda é prematuro nós avançarmos com qualquer conclusão. Há sim alguns indicativos do incêndio criminoso e a própria declaração de um dos presos de que haveria ligação com alguma organização criminosa”, disse Rodrigues em entrevista à GloboNews.
Andrei Passos Rodrigues confirmou a declaração dada pela ministra Marina Silva, do Meio Ambiente, no último domingo (25) de que não houve nenhuma causa natural para o início das chamas no interior paulista, como um raio ou queda de torre de transmissão de energia, e que “de fato” há indicativo de que houve uma “ação humana deliberada”. Pelo menos quatro pessoas já foram presas.
Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (inpe), apenas neste ano já foram registrados 109,9 mil focos de chamas no país, um aumento de 78% na comparação com o mesmo período do ano passado e recorde na série histórica desde 2018 (veja na íntegra).
No estado de São Paulo, que teve a pior situação no último final de semana, já são 5,2 mil focos apenas neste ano, um aumento de 378% na comparação com 2023. Já na Amazônia Legal -- que inclui nove estados -- são 73,1 mil focos, também recorde na série histórica desde 2018 e uma alta de 78%.
Cautela em apontar causas e responsáveis
Andrei Passos Rodrigues afirmou que, no entanto, apenas a investigação da Polícia Federal com o uso de imagens de satélite e a ação integrada com a Polícia Civil de São Paulo é que poderá indicar “com segurança dizer se foi alguma coisa orquestrada, se é crime organizado, se não é”. Ele ressaltou que já conversou com o secretário de Segurança Pública do estado, Guilherme Derrite, e que não há um prazo fechado para a conclusão da apuração.
O diretor-geral da PF ainda criticou as penas impostas pela legislação em vigor ao cometimento de crimes ambientais, apontando que, por exemplo, a provocação de incêndios de quatro anos de prisão. Isso, diz Rodrigues, dificulta a ação das autoridades.
“É difícil para a polícia judiciária e qualquer cidadão entender que alguém que cometa um crime dessa magnitude entre por uma porta na delegacia e, numa audiência de custódia, eventualmente já saia por outra”, pontuou defendendo uma revisão da legislação.
Ele ainda afirmou que a Polícia Federal tem atuado para correlacionar essa ação criminosa de cometer incêndio florestal com outros crimes correlatos que possam ampliar as penas e outras medidas e ferramentas investigativas. E ressaltou que as pessoas já identificadas e presas permanecerão detidas o quanto for possível enquanto durar a investigação.
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