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Polícia Federal mira núcleo financeiro do PCC com prisões e bloqueio de contas bancárias
| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

A Polícia Federal deflagrou na manhã desta terça-feira (6) a Operação Cravada, para desarticular o núcleo financeiro do Primeiro Comando da Capital, o PCC, que, segundo a PF, era responsável pelo recolhimento, gerenciamento e emprego de valores para financiamento de crimes em diferentes estados do país.

Cerca de 180 Policiais Federais cumpriram 85 mandados – 55 de busca e apreensão e 30 de prisão – em sete estados: São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Acre, Roraima, Pernambuco e Minas Gerais. As ordens foram expedidas pela Vara Criminal de Piraquara, no Paraná.

Líderes da facção devem ser transferidos

Das 30 ordens de prisão, oito são cumpridas em presídios – três em São Paulo, um no Mato Grosso do Sul e quatro no Paraná. De acordo com o delegado da Polícia Federal, Martin Purper, coordenador da operação Cravada, 13 lideranças do PCC serão transferidas para presídios federais.

Dos 30 mandados de prisão restantes, 26 foram cumpridos até o momento, divulgou a PF na tarde desta terça. Durante as buscas e apreensões foram realizadas duas prisões em flagrante, segundo Ricardo Ishida, delegado regional de investigação e combate ao crime organizado. Também foram apreendidos, segundo a PF: papeis de contabilidade, celulares, pen-drives, um HD e uma "pequena quantidade" de drogas.

No Paraná as ordens foram cumpridas nos municípios de Curitiba, São José dos Pinhais, Paranaguá, Centenário do Sul, Arapongas, Londrina, Umuarama, Pérola, Tapejara, Cascavel e Guarapuava.

Em São Paulo, os policiais cumpriram mandatos em Praia Grande, Itapeva, Osasco e Itaquaquecetuba, Hortolândia, na capital paulista e no presídio de Valparaíso.

A ação tem apoio do Ministério Público do Estado do Paraná, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado de São Paulo, do Departamento Penitenciário Federal, da Secretaria de Administração Penitenciária do Estado de São Paulo e Polícia Militar de SP.

Segundo a PF, a investigação teve início em fevereiro deste ano, com base em informações sobre a existência de um núcleo financeiro da facção criminosa na Penitenciária Estadual de Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba.

Método

A apuração constatou que o núcleo financeiro da facção é responsável por recolher e gerenciar as contribuições para a organização em âmbito nacional. Para dificultar o rastreamento do dinheiro, os pagamentos, chamados de "rifas", eram repassados à organização por meio de diversas contas bancárias e de maneira intercalada, apontou a Polícia Federal.

De acordo com a PF, a investigação indica que cerca de R$ 1 milhão circulavam nas contas ligadas à facção por mês. A investigação identificou e bloqueou 418 contas bancárias suspeitas em todo o país, de acordo com Martin Purper, coordenador da operação. Essas contas eram usadas alternadamente, por cerca de três a quatro meses cada.

As visitas aos detentos investigados foram suspensas, já que de acordo com a PF, eles eram usados para troca de informações com o meio externo. A contabilidade era feita em planilhas, operadas em celulares e manuais, informalmente por presos com "capacidade bem boa de matemática", de acordo com Martin Purper.

O dinheiro recebido era uma espécie de "mensalidade" paga por membros que seriam a "base da pirâmide" da facção, mas eram administrados em prol dos líderes, segundo Purper. Os valores que transitavam entre tais contas eram utilizados "para pagar a aquisição de armas de fogo e de entorpecentes para a facção, além de providenciar transporte e manutenção da estadia de integrantes e familiares de membros da organização em locais próximos a presídios", indicou a PF.

A Polícia Federal informou que os investigados podem responder pelos crimes de Tráfico de Entorpecentes, Associação para o Tráfico, Organização Criminosa, entre outros.

Por que "Cravada"

Segundo a Polícia Federal, o nome da operação faz referência a uma jogada de xadrez na qual "uma peça, quando ameaçada de captura pela peça adversária, fica impossibilitada de se mover, em razão de haver uma peça de maior valor em risco".

"De igual forma, a operação deflagrada hoje visa sufocar as reações das lideranças de Facções Criminosas, atingindo os núcleos importantes de comunicação e de gerenciamento financeiro", indicou a PF.

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