O PIB brasileiro cresceu 0,4% no segundo trimestre, de acordo com dados divulgados nesta quinta-feira (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No primeiro trimestre, a economia havia tido um desempenho negativo de 0,1% em relação ao resultado dos últimos três meses de 2018, após oito trimestres seguidos de alta.
Se o resultado do segundo trimestre também tivesse sido negativo, o Brasil entraria em recessão técnica – que é caracterizada por dois trimestres seguidos de queda na atividade econômica.
"O número [PIB do segundo trimestre] atesta que temos uma recuperação, sim, mas é gradual, lenta, em razão da perda de produtividade que tivemos com a recessão e ao longo do tempo", analisou Ana Paula Vescovi, economista-chefe do Santander e ex-secretária do Tesouro Nacional no governo de Michel Temer (MDB), em conversa com jornalistas nesta quinta-feira (29).
Ela ressaltou a importância das reformas para aumentar a produtividade da economia, mas destacou que essas medidas não geram impacto no curto prazo. "Há uma recuperação sustentada, consistente, mas ela será gradual. É uma recuperação historicamente muito lenta, se comparada à saída de outras recessões. Isso tem a ver com a conformação da estrutura da economia brasileira", explicou.
O governo comemorou o número positivo do PIB e o atribuiu à política econômica acertada do governo. Em nota, a Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia afirmou: "A estratégia adotada pelo governo, de crescimento com responsabilidade fiscal, vai se mostrando acertada. Apesar do forte ajuste nas contas públicas, representada por uma queda de 1% no consumo do governo, o crescimento no trimestre foi positivo e acima das projeções de mercado. O cenário econômico continua desafiador: o ajuste fiscal em curso, a baixa produtividade da economia brasileira e a incerteza da conjuntura internacional sugerem ainda um longo caminho a percorrer. Mas não deixa de ser importante frisar que a despeito desses desafios, a conjuntura brasileira hoje mostra-se mais favorável do que
era há alguns meses atrás".
Números dos setores
Na avaliação por setores, o melhor desempenho foi o da indústria, com crescimento de 0,7% em relação ao primeiro trimestre. O resultado positivo foi puxado pela expansão nas indústrias de transformação (2%) e na construção (1,9%).
Os serviços também tiveram desempenho positivo, de 0,3%. Nesse caso, as atividades imobiliárias e o comércio foram os setores que registraram maior alta, de 0,7%.
A agropecuária, por outro lado, recuou 0,4%. As exportações também tiveram queda, de 1,6%. Já as importações cresceram 1%.
O IBGE também divulgou nesta terça que revisou os dados do PIB do primeiro trimestre. Anteriormente, o instituto havia informado que a queda havia sido de 0,2%. Segundo o novo dado, a redução foi de 0,1%.
Comparação com 2018
Ainda segundo os dados do IBGE, o PIB cresceu 1% no segundo trimestre de 2019, na comparação com o mesmo período do ano passado.
Se considerados os seis primeiros meses do ano, a alta foi de 0,7% em 2019, na comparação com o primeiro semestre de 2018. Sob essa ótica, o setor que mais teve expansão foi o de serviços (1,2%), enquanto a agropecuária teve um crescimento tímido (0,1%). Já a indústria teve desempenho negativo de 0,4%.
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