O Produto Interno Bruto (PIB) encolheu 0,2% no primeiro trimestre deste ano em relação aos três últimos meses de 2018, já descontados os efeitos sazonais, informou o IBGE na manhã desta quinta-feira (30). Foi o primeiro recuo nesse tipo de comparação após oito trimestres consecutivos de pequena expansão ou estabilidade.
A queda confirmou as expectativas da maioria dos economistas e deu o carimbo oficial à percepção – sustentada por diversos indicadores divulgados nos últimos meses – de que a economia brasileira está estagnada, após dois anos de débil recuperação. Depois de uma queda acumulada de 6,7% em 2015 e 2016, o PIB avançou apenas 2,2% na soma de 2017 e 2018.
Sob a ótica da produção, o pior desempenho do início deste ano foi da indústria, que encolheu 0,7% na comparação com o último trimestre do ano passado. A agropecuária recuou 0,5%. Apenas os serviços (que incluem o comércio) cresceram, com alta de 0,2%.
Sob a ótica do consumo, os gastos das famílias avançaram 0,3% e os do governo, 0,4%. Em compensação, a exportação caiu 1,9% e o investimento produtivo – medido pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) – diminuiu 1,7%. As importações de bens e serviço, que contam negativamente, avançaram 0,5%.
Na comparação com o primeiro trimestre de 2018, o PIB do período janeiro-março deste ano subiu 0,5%. No acumulado de quatro trimestres, por sua vez, a economia avançou 0,9% em relação aos quatro trimestres anteriores – uma desaceleração em relação às taxas acumuladas de 1,4% no terceiro trimestre de 2018 e de 1,1% no quarto.
Investimento e indústria patinam
Para economistas, o baixo investimento nos últimos trimestres reflete as incertezas com relação à retomada do crescimento e à aprovação de reformas para equilibrar a situação fiscal do país. Sem dinheiro em caixa, governo federal, estados e municípios também têm investido menos.
"[O recuo do investimento no primeiro trimestre] indica que os juros baixos não estão encontrando aderência na realidade e o otimismo empresarial com o governo não se traduz em investimentos", afirmou, em relatório, o economista-chefe da Necton, André Perfeito.
O cenário levou o Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas (FGV/Ibre), a reduzir, na semana passada, suas expectativas de crescimento dos investimentos durante 2019 de 3,8% para 2,3%.
A projeção, divulgada no Boletim Macro da entidade, considera a contabilização de importações de plataformas de petróleo realizadas no ano passado. Sem elas, o crescimento do investimento seria de 1,4% no ano, diz o boletim.
"Como podemos pensar em crescimento econômico sem investimento?", questionam no documento os economistas Armando Castelar e Silvia Matos. Em março, o Banco Central também reduziu sua projeção de crescimento dos investimentos em 2019, passando de 4,4% para 4,3%.
Enquanto isso, a indústria sofre os impactos da fraca demanda interna, de restrições à produção de minério de ferro e da crise da Argentina.
O setor encolheu 0,7% no primeiro trimestre, puxado pela indústria extrativa (-6,3%), impactada pela suspensão de operações da Vale após o rompimento da barragem de Brumadinho (MG). A construção civil caiu 2%, no segundo trimestre seguido de baixa. A indústria de transformação recuou 0,5%.
Na comparação com o mesmo trimestre de 2018, a indústria caiu 1,1%. A indústria extrativa caiu 3%, a construção caiu 2,2%, e a indústria de transformação, 1,7%. Foi o vigésimo trimestre seguido de queda na construção nessa base de comparação.
Em sua última projeção, o Banco Central reduziu a expectativa de crescimento da indústria em 2019 de 2,9% para 1,8%, com recuos nas perspectivas das indústrias de transformação e extrativa.
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