O Ministério da Economia revisou para baixo a projeção para o crescimento da economia em 2020. A nova estimativa é de que o Produto Interno Bruto (PIB) avance 2,10% neste ano. Antes, a projeção oficial era de um crescimento de 2,40%.
A revisão acontece em meio à crise do preço do barril de petróleo e às consequências para a economia global do surto de coronavírus. O anúncio foi feito nesta quarta-feira (11).
Segundo a Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia, o surto de coronavírus poderá resultar em diversos efeitos negativos sobre a atividade econômica brasileira: redução das exportações, queda no preço de commodities, interrupção da cadeira produtiva de alguns setores, queda nos preços dos ativos e pioria das condições financeiras e redução no fluxo de pessoas e mercadorias.
A secretaria projetou que esses impactos econômicos do coronavírus para a economia brasileira vão variar de queda de 0,1 ponto percentual no PIB no cenário otimista, 0,3 ponto percentual no cenário provável a 0,5 ponto percentual no cenário pessimista. Essas quedas são dadas em cima da projeção de 2,4% para o PIB em 2020, pois é ela que consta no Orçamento deste ano.
A SPE destacou, ainda, que a forte queda no preço do petróleo nos últimos dia aumentou a volatilidade nos mercados e provocou um movimento global de aversão a risco, com forte reação negativa dos preços de ativos. Ela diz, ainda, que a crise pode levar muitas empresas a terem dificuldades creditícias, caso o preço do petróleo permaneça no patamar atual.
Os efeitos da crise do petróleo, contudo, não impactaram a revisão do PIB feita pelo governo. Segundo o subsecretário de Política Macroeconômica, Vladimir Kuhl Teles, o acontecimento foi muito recente e é preciso esperar para ver qual vai ser a duração da crise. "Se for um choque momentâneo, o impacto no crescimento mundial deve ser muito pequeno."
O secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida, afirmou que de jeito algum o governo brasileiro está subestimando os efeitos da crise. Ele explicou que a dinâmica orçamentária não permite revisar o PIB a todo momento (as revisões são bimestrais, a partir de março, e logo depois o Orçamento é também revisto). E que um eventual prolongamento da crise do petróleo será levado em consideração na próxima revisão bimestral.
Mercado financeiro já estima PIB abaixo de 2%
Em 2019, a economia brasileira cresceu 1,1%, segundo dados do IBGE. Para este ano, o mercado financeiro estima que o país vai crescer 1,99%, conforme mostrou o último Boletim Focus. O dado, contudo, foi coletado antes da crise do petróleo. Um novo boletim será divulgado na próxima segunda-feira (16).
Já há bancos e corretoras estimando o PIB de 2020 em 1,5%, caso do diretor de pesquisa para a América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos. O economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, estima que o PIB ficará em 1,7%, mas não descarta rever a projeção para 1,5% caso a crise se aprofunde. Brasdeco e o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) por enquanto estimam um crescimento de 2%.
Revisão deve levar a novo bloqueio de verba
Com a revisão para baixo do PIB feita pela governo, as estimativas de arrecadação da União também serão revisadas para menos, o que deve contribuir para a um bloqueio de verbas dos ministérios. O contingenciamento é necessário para que o governo possa cumprir a mesta fiscal de 2020, que é de um rombo nas contas públicas de no máximo R$ 124,1 bilhões.
Na terça-feira (10), o secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues, já tinha sinalizado que "muito provavelmente" o governo contingenciará recursos do Orçamento. “Os dados apontam que o contingenciamento é o cenário mais provável”. O anúncio está previsto para a próxima semana, na sexta-feira (20).
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