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Manifestantes de movimentos negros na Câmara.
Manifestantes de movimentos negros na Câmara.| Foto: Michel Jesus/Câmara dos Deputados

A sessão solene na Câmara em homenagem aos 131 anos da Lei Áurea terminou em tumulto nesta terça-feira (14).

De um lado, movimentos negros que entoavam palavras de ordem como "Marielle vive" e "parem de nos matar". Do outro, defensores da monarquia e deputados do PSL que rebatiam com vaias e gritos de "Isabel!", em homenagem à princesa que oficializou o fim da escravidão em 1888.

A sessão era presidida pelo deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PSL-SP), descendente da princesa Isabel. Na mesa diretora da Casa, estavam os deputados Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), Carla Zambelli (PSL-SP), Paula Belmonte (Cidadania-DF) e Delegado Waldir (PSL-GO).

Manifestantes de 16 movimentos negros, como Frente Favela Brasil, APNS (Agentes de Pastoral Negros), Nosso Coletivo Negro, entraram no plenário com cartazes e bandeiras com o rosto da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL), assassinada em março de 2018.

O grupo gritava "parem de nos matar" e "já nascemos livres" e vieram acompanhados de parlamentares do PSOL e PT. "Nós entendemos que a nossa liberdade não foi fruto de uma bondade de uma princesa, o povo negro já nasceu livre e nossa liberdade foi sequestrada", afirmou a deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ), que participou da organização do protesto.

A entrada dos manifestantes iniciou um tumulto no plenário. Integrantes dos movimentos de direita vaiaram os colegas do outro lado do espectro político, e respondiam os cantos em homenagem à vereadora agitando bandeiras com o brasão do império e gritos de "Isabel, Isabel!" e "parem de mimimi".

Entre os defensores da princesa, havia pessoas negras. Uma delas se envolveu em discussão com mulheres do movimento negro: "vocês são a escória do país", afirmou. Gritos de "olê, olê, fomos pra rua e derrubamos o PT" também foram ouvidos no plenário.

Já uma senhora branca homenageava a princesa e era seguida por um servidor que acompanhava os manifestantes que respondia: "maluca, maluca". "Vai estudar", rebateu a idosa.

Luiz Philippe foi à tribuna defender a bisavó e afirmou que a escravidão é parte da natureza humana, mas  que pessoas com consciência puderam combatê-la.

"A natureza humana nos leva a esses grandes conflitos, nos leva a esses conflitos de escravizar uns aos outros. Isso faz parte da nossa natureza. Como é que combatemos isso? Essa é a grande questão. Como é que combatemos nossa própria natureza na evolução da humanidade? Existe, sim, pessoas com consciência de que escravidão não é bom. A consciência humana combate a própria natureza humana", afirmou.

Da mesa, Delegado Waldir, líder do PSL na Câmara, decidiu dançar ao som das músicas entoadas pelos movimentos negros e fazia corações com as mãos para os manifestantes. Já Eduardo Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro, ficou sentado durante todo o protesto, filmando com o celular.

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