O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, lembrou nesta terça-feira (4) que a crise de refugiados da Venezuela é a segunda maior, atrás apenas da crise no Síria. A afirmação foi feita na abertura de uma reunião em Brasília do Processo de Varsóvia, aliança internacional de países para discutir soluções de paz e segurança para o Oriente Médio, sob comando de Estados Unidos e Polônia.
O Brasil é um membro importante e sedia a sexta reunião do Processo de Varsóvia, que acontece até 6 de fevereiro. Como o grupo de trabalho que ocorre em Brasília trata de questões humanitárias e refugiados, o propósito do governo brasileiro é mostrar a sua experiência na área. Em 2017, durante o governo de Michel Temer (MDB), o Brasil criou o programa Operação Acolhida, que foi ampliado pelo governo Bolsonaro e que é considerado um caso de êxito no apoio a refugiados.
A informação sobre a Venezuela divulgada pelo ministro não é novidade. Em outubro de 2019, a própria Organização das Nações Unidas (ONU) já havia indicado que a crise venezuelana, envolvendo 4,5 milhões de refugiados, era a segunda pior do mundo.
Segundo Araújo, o governo brasileiro acredita “que as soluções neste lado do mundo” podem servir como exemplo para ajudar a resolver os problemas dos refugiados no Oriente Médio. A ênfase do grupo de trabalho que realiza discussões em Brasília será em educação e proteção às crianças.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Polônia, Jacek Czaputowicz, lembrou que no Oriente Médio “as crianças estão sendo atacadas, recrutadas para a guerra, abusadas sexualmente e privadas do direito à educação” e que os países latino-americanos presentes na reunião do Processo de Varsóvia “podem ajudar com sua experiência com a crise de refugiados da Venezuela”.
O secretário de Estado Assistente Adjunto para Populações, Refugiados e Migração dos Estados Unidos, Richard Albright, também destacou que “o Brasil é um bom lugar para essa discussão” por sua experiência com a Venezuela. Disse que um foco importante da reunião será no apoio psicossocial às crianças refugiadas que passaram por situações traumáticas.
Ministros comentam plano de paz de Trump
Em reunião na manhã da terça-feira (4), Ernesto Araújo e o ministro dos Negócios Estrangeiros da Polônia, Jacek Czaputowicz, elogiaram o plano de Donald Trump para a paz no Oriente Médio e indicaram que o documento é, no mínimo, uma boa forma de iniciar as discussões sobre a solução do conflito na região.
“Apoiamos a iniciativa americana como um bom ponto de partida para a discussão”, disse Czaputowicz. O atual governo da Polônia é um dos aliados mais importantes dos Estados Unidos no campo ideológico.
Araújo considera o projeto “uma ideia nova, uma maneira de se tentar destravar uma situação”. Para ele, “como base de negociação”, a proposta “é boa e detalhada”. Pela primeira vez, diz o ministro, há um mapa detalhado que fala de segurança, combate ao terrorismo, soberania e desenvolvimento econômico.
O chanceler brasileiro considera importante que a comunidade dê atenção ao plano. Segundo ele, a proposta é “inovadora, criativa e ambiciosa” e “não deve ser rejeitada inicialmente”. “Tanto o Processo de Varsóvia quanto essa iniciativa mostram que é possível achar novas soluções", afirmou.
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