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Sergio Moro e Jair Bolsonaro, em reunião em fevereiro de 2020
Sergio Moro e Jair Bolsonaro, em reunião em fevereiro de 2020| Foto: Marcos Correa / PR

Ao longo deste ano, o presidente Jair Bolsonaro fez uma série de mudanças na sua segurança pessoal, inclusive com a promoção de responsáveis pela área, conforme revelou nesta sexta-feira (15) o Jornal Nacional, da TV Globo.

Duas portarias e um decreto publicados no Diário Oficial da União (DOU) colocam em xeque a versão apresentada pelo presidente, de que as queixas expostas durante a reunião ministerial de 22 de abril se referiam a problemas com a equipe que cuida de sua segurança, e não a uma tentativa de interferência na Polícia Federal.

Em nota encaminhada à TV Globo, o general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), diz que a reportagem foi "mal elaborada" e que é uma "tentativa maldosa" contra o presidente.

O texto, entretanto, confirma as mudanças expostas na reportagem. Ainda segundo o ministro, a referência feita por Bolsonaro na reunião ministerial foi "apenas um exemplo de uma troca que desejasse realizar, na segurança pessoal dele. Caso houvesse qualquer oposição a essa troca, na ponta da linha, ele poderia chegar até a demitir o ministro para que sua decisão fosse cumprida".

As trocas na segurança pessoal de Bolsonaro

"Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro oficialmente e não consegui. Isso acabou. Eu não vou esperar f... minha família toda de sacanagem, ou amigo meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence à estrutura. Vai trocar; se não puder trocar, troca o chefe dele; não pode trocar o chefe, troca o ministro. E ponto final. Não estamos aqui para brincadeira", disse Bolsonaro na reunião, conforme transcrição encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF) pela Advocacia-Geral da União (AGU).

A reunião com o ex-ministro Sérgio Moro e outros auxiliares é uma peça-chave no inquérito que tramita no STF para apurar se Bolsonaro tentou interferir politicamente na PF. A AGU, que defende o presidente no caso, é contra a divulgação da íntegra das discussões ocorridas no encontro. A decisão final pelo levantamento do sigilo será tomada pelo ministro Celso de Mello na próxima semana.

Segundo relatos de pessoas que assistiram ao vídeo, o presidente chamou a superintendência da Polícia Federal no Rio de "segurança no Rio". Bolsonaro alega, por outro lado, que se referia à sua segurança pessoal, que é feita pelo GSI.

No entanto, em 26 de março, quase um mês antes da reunião de abril, o general André Laranja Sá Correa – então diretor do Departamento de Segurança Presidencial do GSI – foi promovido por Bolsonaro para exercer o cargo de Comandante da 8ª Brigada de Infantaria Motorizada.

A direção do Departamento de Segurança Presidencial acabou ficando com o então adjunto, Gustavo Suarez, promovido ao cargo titular da repartição. Entre as atribuições do departamento estão "zelar pela segurança pessoal do presidente da República, do vice-presidente da República e de seus familiares".

Uma terceira troca envolvendo a segurança pessoal do presidente ocorreu no Rio de Janeiro. Uma portaria de 28 de fevereiro, dois meses antes da reunião ministerial de abril, colocou o tenente coronel Rodrigo Garcia Otto para exercer a função de chefe no escritório de representação no Rio de Janeiro da Secretaria de Segurança e Coordenação Presidencial do GSI.

Emissora responde nota do GSI

Após a divulgação do posicionamento do ministro Augusto Heleno, a TV Globo emitiu nota em que afirma que o texto "confirma integralmente o que o Jornal Nacional publicou". "É de se destacar que a frase do presidente Jair Bolsonaro na reunião ministerial de 22 abril ganha agora mais uma versão. (...) A dúvida permanece", diz o texto.

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