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Luciano Bivar, presidente do PSL, recebeu a autorização formal da Executiva Nacional do partido para manter as conversas sobre uma possível fusão com o DEM
Luciano Bivar, presidente do PSL, recebeu a autorização formal da Executiva Nacional do partido para manter as conversas sobre uma possível fusão com o DEM| Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

A Executiva Nacional do PSL oficializou na tarde desta terça-feira (28) as conversas sobre uma possível fusão com o DEM e a convocação de uma convenção nacional entre ambos os partidos para votar na próxima quarta-feira (6) o estatuto e o programa partidário.

A primeira reunião oficial sobre a fusão ocorre às 19h desta terça na sede do PSL, em Brasília. Caciques de ambas as siglas se encontrarão para avançar sobre a montagem do estatuto e o programa da legenda em negociação. A meta é ter o maior partido da chamada "terceira via".

O DEM aprovou na última semana, por unanimidade, a continuidade das negociações sobre a fusão e a previsão de uma convenção nacional em reunião da Executiva Nacional. Já o PSL sacramentou a oficialização em reunião na tarde desta terça por 25 a 0.

Se aprovado o estatuto e o programa partidário na convenção nacional conjunta dos partidos na próxima semana, restariam trâmites burocráticos, cartoriais e a homologação da legenda no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A expectativa de caciques de DEM e PSL é que isso esteja definido até o fim de novembro, antes do recesso do Judiciário. A meta é ter a legenda formalmente criada antes de 2022.

Como se chamaria o futuro partido e qual o número em discussão

Além de discutir estatuto, o programa partidário e, consequentemente, o plano de governança, os caciques de DEM e PSL também tentarão avançar nesta terça no nome e no número da possível legenda.

"Hoje à noite terá uma reunião entre os caciques para discutir isso, junto com analistas de mercado e marqueteiros", afirma o deputado federal Felício Laterça (PSL-RJ), segundo secretário da Executiva Nacional da sigla.

Os partidos contrataram analistas e marqueteiros para apresentar sugestões que poderiam agregar capital social ao partido. Algumas identidades visuais de logo foram apresentadas às cúpulas, bem como nomes e número.

Entre os nomes apresentados estão Brasil em Movimento, Juntos, Plural e Vox (voz, em latim), segundo apurou a Gazeta do Povo. A ideia de unificar ambos os nomes e propor algo como Social Liberal Democrata ou Democrata Social Liberal não é descartada e pode vir a ser debatida na reunião.

A possibilidade de manter a palavra "partido" no nome é cogitada. Embora exista no país um movimento político-partidário recente de alterar as identidades nominais de legendas, isso não é algo que preocupa DEM e PSL. Há um entendimento nas cúpulas de que mudança de nome não é sinônimo de crescimento.

Quanto ao número, marqueteiros sugeriram o 88, por uma referência à atual Constituição Federal. A manutenção do 25, do DEM, ou do 17, do PSL, não está descartada.

Quais as chances de a fusão acontecer e qual seria o tamanho do partido

A despeito de algumas críticas de parlamentares das bases de PSL e DEM, sobretudo entre os demistas, a fusão acontecerá. O clima é de muita confiança na cúpula e entre outros membros dos diretórios nacionais de ambos os partidos, o que tem tudo para sacramentar a criação de uma das maiores siglas do Congresso e do país.

"A expectativa é que vai acontecer. Já tem a convenção marcada para o dia 6 de outubro e conversas para definir as regras estatutárias, legenda, número do partido, sigla do partido, então, a fusão vai de vento em popa", define Laterça.

Na Câmara, somados, PSL e DEM têm 81 deputados federais. A fusão abriria uma janela partidária específica para os parlamentares dessas legendas deixarem o partido. A previsão é de que os "bolsonaristas" do PSL e os quadros mais governistas do DEM não fiquem na legenda a ser criada. No Senado, se nenhum dos filiados deixar o partido, seriam sete senadores da futura sigla.

Nos estados, teria quatro governadores. E nos municípios, a legenda teria 562 prefeitos. Além dos números, o partido também agregaria quadros políticos com um eleitorado bem consolidado e somaria muitos recursos dos fundos eleitoral e partidário.

A estrutura montada chamou a atenção de parlamentares que têm interesse em se filiar e podem concluir isso na abertura da janela partidária, em março de 2022. Só a cúpula do PSL filiou na última semana o deputado Celso Sabino (PA), ex-PSDB, e deixou encaminhada a filiação dos deputados Pedro Lucas Fernandes (PTB-MA), Clarissa Garotinho (Pros-RJ), Capitão Augusto (PL-SP) e Daniela do Waguinho (MDB-RJ).

Fusão promete partido de centro-direita liberal na economia e conservador

O programa partidário da legenda a ser unificada não fugirá da essência do PSL e do DEM de ser um partido de centro-direita que defenda a liberdade econômica e os valores conservadores na pauta de costumes. A identificação com o plano de governança atraiu deputados como Celso Sabino.

"Ganham as lideranças dos dois partidos e ganha o Brasil, com uma coalizão de centro-direita que nasce muito forte, como o maior partido do país e com muita força política", diz Sabino. "Com grandes lideranças e quadros de outros partidos e já egressos do PSL e DEM que vão somar as fileiras e defender os ideais liberais na economia, conservadores nos costumes, e atenção especiais nas questões sociais, como a redução de desigualdades e a pobreza no país", acrescenta.

O vice-presidente nacional do PSL, Júnior Bozzella (SP), evita antecipar as discussões sobre o conteúdo do programa partidário, mas afirma que a essência de ambas as legendas será mantida. "Os partidos são liberais, já têm esse contexto. Será natural manter isso. Quem for do partido seguirá o programa e o que o partido defendem, liberalismo e todas essas questões", destaca.

Como está o alinhamento entre as cúpulas de DEM e PSL

As cúpulas de DEM e PSL estão cada vez mais alinhadas. Na semana passada, a Gazeta do Povo informou que havia divergências sobre as presidências dos diretórios estaduais. Era dito internamente entre demistas que o partido ficaria com 10 diretórios estaduais e o PSL com 14, restando acordos por São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Entretanto, no PSL, a informação era de que os diretórios de São Paulo e Rio de Janeiro já estavam definidos para ficar com a legenda, apesar de divergências informadas anteriormente por membros do DEM.

Hoje, entende-se nos bastidores que há, de fato, um acordo com a cúpula do DEM para que o PSL fique com os diretórios paulista e fluminense. O diretório mineiro ficaria com os demistas, como uma forma de prestigiar o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e evitar que ele se filie ao PSD.

A possibilidade de Pacheco ser lançado à disputa pela Presidência da República não está descartada, sendo tratada até como uma forma de prestigiar o DEM, que também ficaria com os diretórios da Bahia e de Goiás. Os comandos dos diretórios ainda serão discutidos e novas acomodações podem ser feitas com o tempo.


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