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Sérgio Nobre discursa no congresso da CUT.
Sérgio Nobre discursa no congresso da CUT: oposição contra o governo Bolsonaro.| Foto: Jordana Mercado / CUT

Sai um bancário, entra um metalúrgico. O novo presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), maior central sindical do Brasil, não é tão desconhecido assim. Quem assume o comando nos próximos quatro anos, substituindo Vagner Freitas, é Sérgio Nobre. Originalmente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC Paulista, Nobre atuou como secretário-geral da central nos últimos anos e foi eleito por unanimidade no 13.º Congresso Nacional da CUT “Lula Livre”, na última quinta-feira (10).

Próximo do PT e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – é um dos 38 sócios-fundadores do Instituto Lula –, Nobre assume a entidade em meio a um processo de mudanças do movimento sindical. Muito afetados pela reforma trabalhista, sindicatos e centrais tentam se reinventar e buscar meios de seguir atuando apesar das quedas de arrecadação.

A troca de comando da CUT não é muito drástica: é mais uma dança das cadeiras, já que Freitas, que ocupou a presidência por dois mandatos, assume o posto de vice. A novidade é que, pela primeira vez em 36 anos, uma mulher ocupará a secretaria-geral da entidade. A vaga será ocupada pela trabalhadora rural Carmem Foro.

Novos rumos no comando da CUT?

O discurso de posse de Nobre dá indicativos de que a política sindical da CUT não vai mudar muito e que o apoio a Lula permanece inalterado. A avaliação do novo presidente da central é de que haverá muito trabalho ao longo do mandato por causa daquilo que a central diz ser ataques sofridos pela classe trabalhadora desde o processo de impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, e que teriam se intensificado com a gestão de Jair Bolsonaro (PSL).

“É nesse tipo de conjuntura, de adversidade, de muita dificuldade, que o movimento sindical se renova, se inova. Então é isso que vai acontecer com a CUT”, declarou o novo presidente. Ele também reforçou o apoio ao ex-presidente. “Lula é nosso companheiro que pode nos liderar para derrotar Bolsonaro e recuperar a democracia”, declarou, pouco antes de encerrar sua fala.

O primeiro ato de Nobre no comando da CUT será no próximo dia 30 de outubro, em Brasília, durante um protesto contra a política econômica do governo. “Dia 30 é a nossa primeira tarefa. Vamos estrear e bater lá no Paulo Guedes [ministro da Economia]. Vamos impedir os projetos autoritários de Jair Bolsonaro”, anunciou durante o Congresso.

A avaliação de Nobre é de que o governo Bolsonaro é de “extrema-direita, ultraliberal que quer entregar a Amazônia para os estrangeiros; entregar as estatais, inclusive a Petrobras; é um governo que está desmontando a economia brasileira e destruindo as políticas sociais”.

Esse posicionamento é o reforço de declarações feitas por ele anteriormente. Esse ano, em setembro, durante a greve global pelo clima, em São Paulo, Nobre teceu críticas à reforma da Previdência e ao posicionamento do governo em relação ao meio ambiente. Ele disse que uma mesma pessoa – o presidente Bolsonaro – estava destruindo a Previdência, a Amazônia e as empresas públicas. “O governo Bolsonaro quer desmontar as políticas públicas e os programas sociais e o que se vê são famílias e crianças jogadas na rua”, declarou na ocasião.

No início do mês, Nobre foi até a superintendência da Polícia Federal (PF) em Curitiba para visitar Lula. Saiu de lá pedindo para que o ex-presidente resistisse. “Nós vamos fazer a luta aqui e, com certeza, daqui a três anos, subiremos juntos, novamente, a rampa do Palácio do Planalto.”

Atuação

Nascido em São Paulo, Sérgio Nobre entrou no ramo de metalurgia em 1980, como aprendiz do Senai. Fez carreira em montadoras de São Bernardo do Campo. Embora sempre tenha participado de comissões nessas empresas, foi nos anos 2000 que subiu para os comandos sindicais.

Foi responsável pela regional de Diadema do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC entre 2002 e 2005, e assumiu a presidência da entidade em 2008. Desde 2011, estava à frente da secretaria-geral da CUT. Em uma entrevista de 2012, ele já falava que um dos desafios da central era o de repensar a estrutura organizativa e debater questões como aposentadoria complementar.

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