Depois da reação negativa à proposta apresentada pelo governo para financiar o programa Renda Cidadã, o presidente Jair Bolsonaro usou o Twitter nesta terça-feira (29) para rebater críticas sobre seu interesse na reeleição. Ele negou estar preocupado com a eleições de 2022 e afirmou que o governo e líderes partidários estão "abertos a sugestões" para financiar o programa, que vai substituir o Bolsa Família.
"Ao longo da minha vida parlamentar nunca me preocupei com reeleição. Sempre exerci meu trabalho na convicção de que o voto era consequência dele", escreveu Bolsonaro no Twitter. Ele também destacou que o seu recente aumento de popularidade – induzido, principalmente, pelo auxílio emergencial – incomoda adversários, que rotulam suas ações como "eleitoreiras".
"Minha crescente popularidade importuna adversários e grande parte da imprensa, que rotulam qualquer ação minha como eleitoreira. Se nada faço, sou omisso. Se faço, estou pensando em 2022", disse o presidente.
O governo apresentou na segunda-feira (28) proposta para bancar o Renda Cidadã. O financiamento da iniciativa se dará com o dinheiro de precatórios (dívidas do governo com terceiros reconhecidas pela Justiça) e recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), que pela lei ficam fora do teto de gastos.
A proposta não foi bem recebida pelo mercado, que viu no modelo de financiamento uma tentativa de dar uma pedalada fiscal e empurrar para futuros governos o pagamento dos precatórios. O formato de financiamento também foi alvo de críticas de parlamentares – que, além do uso do dinheiro de precatórios, também reclamaram de a proposta envolver recursos destinados à educação. Já a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) disse entender que o projeto do governo é inconstitucional por destinar dinheiro de precatórios para um programa social.
Bolsonaro critica demagogos, comunistas e imprensa ao falar do Renda Cidadã
"A responsabilidade fiscal e o respeito ao teto são os trilhos da Economia. Estamos abertos a sugestões juntamente com os líderes partidários", disse. "O auxílio emergencial, infelizmente, para os demagogos e comunistas, não pode ser para sempre", afirmou Bolsonaro.
O presidente ressaltou que suas ações buscam soluções para a economia em 2021 e voltou a criticar a política de isolamento adotada no combate à pandemia da Covid-19. "Estou pensando é em 2021, pois temos milhões de brasileiros que perderam seus empregos ou rendas e deixarão de receber o auxílio emergencial a partir de janeiro de 2021."
O presidente também criticou a imprensa por não apresentar opções sobre como "atender milhões de desassistidos" pela pandemia. "Os responsáveis pela destruição de milhões de empregos agora se calam", disse, em seguida, sem detalhar a quem se referia. "O meu governo busca se antecipar aos graves problemas sociais que podem surgir em 2021, caso nada se faça para atender a essa massa que tudo, ou quase tudo, perdeu", finalizou Bolsonaro.
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