O ministro Rui Costa, da Casa Civil, reforçou os ataques ao empresário Elon Musk pelo descumprimento de decisões do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e afirmou que ele diz “bravatas” sobre o Brasil, trata o país como “republiqueta”, mas cumpre determinações judiciais de outros países.
A afirmação ecoa a de outros integrantes do governo – entre eles o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – sobre o impasse com a Justiça brasileira que levou ao bloqueio da rede social X no Brasil. A decisão de Moraes foi referendada por unanimidade pela Primeira Turma do STF na segunda (2).
“Não vejo as mesmas bravatas desse tal empresário em relação à Índia, à China, a outros países onde eles [a empresa] atuam e que seguem na risca todo o marco legal institucional daquela nação. [...] Ele acha que o Brasil é uma republiqueta e que aqui as instituições não valem nada, e que ele vai escolher qual lei que ele vai cumprir ou não e qual a ordem judicial ele deve ou não cumprir”, disparou o ministro em entrevista à GloboNews nesta terça (3).
De acordo com Rui Costa, a aplicação da lei a Musk independe de sua riqueza – o que também foi reforçado por Lula – e é uma questão de soberania do Brasil e “afirmação da democracia e das instituições”.
“Ele não pode se dar ao desejo de desmoralizar o país no mundo. E, ao contrário, o que a gente viu a partir da decisão é o apoio e o questionamento já na Europa e em outras nações do mundo do comportamento dessas grandes ‘big techs’ que elas não querem ser responsáveis por aquilo que ela leva ao consumidor”, pontuou.
O ministro comparou as publicações nas redes sociais como a de outdoors nas cidades, afirmando que ninguém gostaria de ver um ato de um pedófilo exposto em plena Avenida Paulista, em São Paulo, por exemplo. E afirmou que as plataformas não podem ser abertas “à prática criminal”, sinalizando o desejo que o governo tem de impor uma regulação aos conteúdos.
Rui Costa afirmou que o embate entre Musk e o STF não se trata apenas da questão jurídica, mas do país como um todo “independente do mérito das decisões”. Para ele, o sistema legal brasileiro permite o recurso e a apelação de decisões “inclusive para Cortes internacionais”.
A posição do ministro foi reforçada por Lula na segunda (2), que afirmou que “o mundo não é obrigado aguentar o vale tudo de extrema-direita de [Elon] Musk só porque ele é rico”, em entrevista à CNN Brasil.
Ele se disse “satisfeito” om a decisão unânime da Primeira Turma do STF mais cedo que referendou a determinação de Moraes de bloquear o acesso ao X no Brasil, e minimizou os possíveis prejuízos ao país de que internautas ficariam sem acesso à rede. Para ele, plataformas alternativas estão sendo procuradas.
A decisão de Moraes faz parte de um inquérito que envolve o empresário Elon Musk, sócio do X. Em abril, o magistrado determinou que Musk fosse investigado pelos crimes de obstrução à Justiça, organização criminosa e incitação ao crime.
A decisão sobre o bloqueio do X foi muito criticada. Analistas ouvidos pela Gazeta do Povo pontam que ela viola leis e cria nova espécie de ato jurídico, expondo o Brasil ao “ridículo internacional” pela forma como foi feita a intimação que originou a derrubada da plataforma.
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Quem são os indiciados pela Polícia Federal por tentativa de golpe de Estado
Bolsonaro indiciado, a Operação Contragolpe e o debate da anistia; ouça o podcast
Seis problemas jurídicos da operação “Contragolpe”
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF
Deixe sua opinião