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Nelson Teich, ministro da Saúde.| Foto:

O ministro da Saúde, Nelson Teich, realizou nesta segunda-feira (27), no Palácio do Planalto, a sua primeira coletiva de imprensa técnica sobre a expansão do coronavírus no Brasil. O evento teve os mesmos moldes das coletivas que Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro, conduzia diariamente. Teich tentou enfatizar que as discussões técnicas pautarão as coletivas daqui para frente.

“Uma coisa que a gente vai mudar um pouco é que em vez de a gente só apresentar os números, a gente vai tentar trazer uma discussão do número, para que vocês entendam o que a gente está fazendo, o que a gente está pensando e como a gente pretende usar essas informações”, disse o ministro logo no início.

Teich também deixou claro novamente que não mudará imediatamente as políticas adotadas pelos antigos membros da pasta, especialmente no que se refere às medidas de isolamento social. “Uma coisa que tem que ficar muito clara é que não vai existir qualquer medida intempestiva em relação a isso”, afirmou. “Ninguém vai incentivar medidas que restrinjam a contenção sem informação adequada. Eu tenho colocado isso várias vezes”, acrescentou em outro momento.

Teich critica projeções que generalizam o Brasil

Embora esteja evitando criticar as ideias do ex-ministro, Teich divergiu claramente de Mandetta em um ponto: ele crê que é errado projetar um pico do coronavírus para todo o Brasil, como Mandetta costumava fazer. Mas, nesse ponto de seus comentários, o atual ministro não citou o nome de seu antecessor, que previa o pico para os meses de maio e junho.

“Imaginar um pico igual para todas as regiões não é uma coisa razoável, não é uma coisa correta. E uma coisa fundamental é que, por mais que você possa projetar o pico da doença em algumas regiões, você tem que estar preparado para estar errado, porque os modelos erram muito”, disse Teich.

Substituto de Gabbardo fala pela primeira vez

O novo secretário-executivo do Ministério da Saúde, Eduardo Pazuello, que substitui o médico João Gabbardo no cargo, falou pela primeira vez em uma coletiva no Palácio do Planalto.

Seguindo a mesma linha de Teich, ele quis transmitir uma ideia de continuidade ao menos parcial das medidas da antiga equipe. Definiu o trabalho desenvolvido até agora como “excepcional”.

“Está sendo mais fácil para nós do que para quem começou. É mais fácil porque as informações se tornam mais precisas. É mais fácil porque nós passamos a compreender melhor como funciona a contaminação, o que dá certo e o que dá errado”, disse Pazuello.

Por outro lado, falou da necessidade de alguns ajustes. Assim como o ministro, Pazuello sinalizou que a principal mudança é que as novas medidas levarão mais em conta as diferenças regionais do Brasil.

“Precisamos ajustar a não linearidade para cada região, para cada estado, para cada município”, afirmou, repetindo uma ideia reiterada pelo ministro de que o Brasil é um “país de dimensões continentais”. “Cento e noventa e dois municípios tiveram óbitos. São 5.600 municípios no nosso país. Não podemos falar de Brasil com a simplicidade que nós lemos em algumas matérias”, disse, em referência a artigos veiculados na imprensa.

IBGE vai ajudar a definir amostra da população a ser testada

O ministro Nelson Teich também informou durante a coletiva que teve uma conversa com a presidente do IBGE, Susana Cordeiro Guerra, para entender melhor as amostras da população que poderiam ser testadas.

Segundo Teich, o apoio do IBGE poderá ajudar o Ministério da Saúde a descobrir o percentual de imunidade da sociedade e, com isso, definir o risco de novas ondas da Covid-19 no país.

“O entendimento desse percentual é fundamental não só para entender o presente, mas também para entender possíveis ondas, como acontece em outras infecções virais. Foi o que aconteceu com a famosa gripe espanhola. Você teve três ondas da gripe”, disse o ministro.

Para apoiar estudos que estão sendo realizados com amostras da população, Teich pediu a médicos que se dediquem a preencher com detalhes os formulários relacionados à Covid-19. “É importante, sempre que possível, que os médicos que cuidam das pessoas incluam as pessoas nessas avaliações, nesses estudos. Isso permite que a gente consiga, num tempo muito mais rápido, entender o benefício dos tratamentos”, explicou.

Secretário que quis se demitir volta às coletivas

Wanderson de Oliveira, secretário de Vigilância em Saúde, também esteve presente na coletiva. Ele já exercia o cargo na gestão de Mandetta e não aparecia no evento desde a despedida do seu ex-chefe. Oliveira está cooperando na transição dos mandatos, e deverá ficar no cargo até o dia 4 de maio.

No dia 15 de abril, um dia antes da demissão de Luiz Henrique Mandetta, Oliveira quis se demitir do cargo, mas foi dissuadido da decisão pelo ex-ministro. A assessoria de comunicação do Ministério da Saúde chegou a confirmar para a imprensa, naquela ocasião, a demissão do secretário.

Na coletiva desta segunda (27), ele exerceu o mesmo papel que vinha tendo nas coletivas com Mandetta, comentando a atualização dos números da expansão da Covid-19 no Brasil.

Cerca de 40% dos municípios brasileiros não registraram casos de Covid-19

Segundo Wanderson de Oliveira, cerca de 40% dos municípios do Brasil ainda não registraram qualquer caso da Covid-19 desde que a crise atual começou. Ele ressaltou que a falta de casos registrados não garante que esses municípios não tenham tido casos de coronavírus, mas disse que as medidas adotadas por um município desse tipo de podem ser diferentes.

“Isso não quer dizer que ele não deva fazer nenhuma medida”, disse.
“Esse municípios podem atuar de uma maneira diferenciada quando comparados a municípios que têm muitos casos”, acrescentou.

Retorno dos jogos de futebol está sendo avaliado, diz Teich

O ministro da Saúde, Nelson Teich, também afirmou na coletiva desta segunda que o retorno dos jogos de futebol organizados pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) está em avaliação por sua pasta. A possibilidade é que eles voltem a ser disputados sem público. Desde o dia 16/3, todas as competições organizadas pela CBF estão suspensas.

“Isso é uma coisa que a gente está avaliando. Não é uma coisa definida ainda. São algumas iniciativas que, de alguma forma, poderiam trazer uma rotina um pouco melhor para o dia a dia das pessoas”, afirmou Teich.

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