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A nova arcaica consciência coletivista
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Por Alex Pipkin, publicado pelo Instituto Liberal

De forma lenta, mas poderosamente, rumamos todos, muitos cegos, para a generosa sociedade coletivista do “grande bem-estar social”. Os sinais são estrondosos, e de várias partes, de todos os lados. As esferas são amplas e totalizantes: na micro e na macroeconomia.

Em nível micro, a nova onda, ou o negócio do negócio, são as empresas autogerenciadas; a participação coletiva dos funcionários na “nova organização”, sem hierarquia, sem líderes “ativos”, em que as pessoas são livres para explorar suas motivações individuais, a fim de fazerem o melhor trabalho possível.  Nela não existem objetivos organizacionais; em algumas situações, estes são autodefinidos pelos colaboradores e não há utilização de indicadores de desempenho, ou são utilizados apenas “parcialmente” (evidente que as inovações acontecem de forma descentralizada, com autonomia, mas com responsabilidade e responsáveis!).

Na autogestão, o “objetivo final” é atingir o propósito, não o lucro. O lucro é – apenas – um subproduto do trabalho bem executado.  Vale o bem-estar interno e externo; mas esse bem-estar não só pode ser conquistado e mantido se a empresa alcançar os resultados esperados por todos os seus stakeholders?

Bem, acho que uma organização precisa projetar, vender e lucrar sistematicamente. Foco no cliente, na geração de caixa e no crescimento lucrativo contínuo e sustentável. Valorização das pessoas? Evidente, aquelas que estão contribuindo e que possibilitam o alcance dos objetivos estratégicos e da lucratividade superior. A continuidade de um negócio depende do cumprimento das perspectivas financeiras planejadas.

Todas as organizações com fins lucrativos precisam ganhar dinheiro. A forma de obter lucratividade pode variar e ser distinta – e normalmente o é. Os processos de criação de valor para clientes, funcionários e organização podem ser diversos, mas não se deixe enganar: claro que devem trazer retorno financeiro para os acionistas.  Lucratividade não é uma possibilidade, é condição sine qua non!

Em nível macroeconômico, retumbam gritos por um novo capitalismo – são tantas as denominações -, ah, sim, o capitalismo das partes interessadas… Nesse “novo capitalismo”, os grandes beneficiados são a “coletividade” das partes interessadas, não os gananciosos acionistas. Fico me perguntando se é possível a sobrevivência de uma empresa que não retorna lucro para seus acionistas; pragmaticamente não vejo como esta possa prosperar e se perenizar.

Como crescer e inovar sem lucro?! Sem essa “cruel palavrinha”, objetivamente, não há como fazer nada por todos aqueles outros interessados, tampouco como fornecer produtos inovadores e úteis aos clientes, remunerar adequadamente seus quadros, sustentar sua base de fornecedores estratégicos, e, de forma fundamental, pagar impostos a fim de financiar serviços públicos.

Não nos deixemos cair em falsa dicotomia! Não há como separar o lucro para os acionistas dos benefícios entregues a todos os outros grupos interessados! Sem o lucro para os donos do negócio, na vida real, não se pode fazer o bem para os outros, tampouco filantropia. Entregar lucro para os acionistas é, em última análise, indivisível de beneficiar seus outros “interessados”, porque não há como realizar um sem fazer o outro.

Pois é, essa é a sociedade do bem-estar, do coletivo e das políticas de comunicação empresariais direcionadas às múltiplas identidades sociais, que podem trazer resultados contraproducentes para todos, na medida em que sem lucros não há criação de empregos, renda e prosperidade.

Fico temeroso que estejamos enveredando pela estrada do retrocesso, que, no longo prazo, não só prejudica o retorno para os acionistas, mas também significa menos investimentos, menos empreendimentos, menos inovações para os consumidores, salários mais baixos para os funcionários e menos receita tributária para os cofres públicos.
Ou serei eu um capitalista sem coração? Sempre me lembro do mestre dos mestres, Sir Adam Smith. O problema não está somente o Estado e os monopólios estatais, mas também naqueles frutos dos amigos do rei no verdadeiro capitalismo de compadrio, não a genuína economia de mercado.

Temo pela retórica e por políticas macro socializantes que esmagam o individualismo produtivo – e que agora se alastram para as modas dos gurus organizacionais. O caminho para a prosperidade, a meu juízo, é outro. É aquele que transforma os incentivos para que as pessoas e as empresas possam ser incentivadas à imperiosa necessidade de inovarem em valor para os clientes – projetando e entregando produtos, serviços, experiências e soluções para os problemas dos consumidores.

O desafio vital é criar valor para os clientes e obter lucratividade de forma consistente e incremental. Precisamos mesmo de produtos e serviços inovadores e úteis, a fim de criar empregos mais bem remunerados e que gerem maiores receitas tributárias via aumento da atividade produtiva.

Pragmaticamente, prefiro acreditar nos modelos econômicos testados e comprovados para o aumento da produtividade e da prosperidade do que me basear em utopias socializantes comprovadamente contraproducentes e equivocadas. É isso que está à nossa frente, de todos…

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