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ABC sentou em cima de história sobre bilionário pedófilo por três anos
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A mídia mainstream está sob ataque dos governos tanto nos Estados Unidos como no Brasil. Trump e Bolsonaro acusam a grande imprensa de partidarismo, de fabricar Fake News, de torcer contra. Chegam a fazer uma verdadeira campanha demonizando o trabalho do jornalismo, o que não é saudável para uma democracia. Tampouco é saudável uma imprensa enviesada que se vende como neutra.

Pesquisas mostram, de fato, que mais de 90% da cobertura do governo Trump pela mídia mainstream são notícias negativas. Um governo que entregou, até aqui, a menor taxa de desemprego para minorias da história talvez merecesse um pouco mais de equilíbrio, não? O público percebe esse viés ideológico, partidário, e os líderes populistas se aproveitam disso, lançando campanhas contra a imprensa. O ciclo é vicioso.

Mas em nada ajuda furos como esse, do projeto Veritas. A âncora da ABC foi gravada desabafando que tinha amplo material sobre Jeffrey Epstein, o bilionário pedófilo que morreu recentemente na prisão, suspeito de ter sido vítima de assassinato, apesar da narrativa de suicídio predominar na imprensa. Ela reclama que tinha material explosivo há três anos, mas que alegações contra o príncipe Andrew levaram a ameaças de todo tipo, e o medo de não serem capazes de entrevistar mais o príncipe Will ou sua esposa Kate derrubou a história.

Além disso, Alan Dershowitz era implicado no caso por conta dos voos ao lado do pedófilo, havia fotos, o nome de Bill Clinton estava no meio, mas nada foi adiante. Vejam:

O quanto a implicação de Clinton nesse caso ajudou na decisão da ABC de esquecer do escândalo que tinha em mãos? Alguém acha mesmo que se fosse Trump, em vez de Clinton ou da família real britânica, a decisão seria a mesma?

Eis o problema: o jornalismo realmente independente, corajoso, imparcial e apartidário é cada vez mais raro. Claro que isso não justifica a campanha autoritária de governos populistas contra a imprensa. Mas fica claro que a imprensa também tem muito a melhorar em termos de postura.

No dia em que a decisão for puramente jornalística, independentemente de envolver Clinton ou Trump, Marina Silva ou Bolsonaro, aí tenho certeza de que a credibilidade aumenta e o apelo da campanha governista despenca...

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