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Análise das eleições: o alto custo da omissão
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Quando Paulo Guedes era meu chefe, ele costumava cobrar poder de síntese dos analistas. Acabei desenvolvendo esse "skill", então, sem mais delongas, vou começar pelo fim e resumir os resultados das eleições neste domingo, aniversário de nossa República um tanto capenga. Os grandes derrotados foram:

PT: foi dizimado, mas reconfigurado como PSOL (Boulos is the new Lula);

TSE: uma jabuticaba nacional sem credibilidade;

Joice Hasselmann: foi dizimada pois o povo de direita não tolera traição, e o povo de esquerda tem alternativas mais genuínas;

Povo paulista: restou agora a escolha entre um tucano vermelho desbotado e um comuna raiz vermelho sangue;

Institutos de pesquisa e mídia: uma vez mais inflaram a esquerda e com isso influenciaram os resultados, sendo o caso mais vergonhoso o de Manu no sul.

A mídia, aliás, está batendo muito na tecla do enfraquecimento do bolsonarismo. Há um ponto nisso, e falarei mais adiante. Mas existe certo exagero também.

Parece que o grande número da eleição, negligenciado pela mídia, é que o PT perdeu 133 municipios (caiu de 257 para 124). Nenhuma capital relevante é petista. Em termos de população, o PT hoje governa 3,64% dos brasileiros. Conseguiu piorar o cenário após o "furacão" Dilma.

O resultado de queda do PCdoB é ainda mais drástico: perdeu 51 municipios e governa apenas 31 (0,42% dos brasileiros). O PDT perdeu 133 municipios, ficando com 201. O PSOL, queridinho da mídia, tem três municípios (0,69% do eleitorado), e resta a disputa em São Paulo, que deve perder. Os outros pseudo-partidos de esquerda (PCO, PSTU etc) nem aparecem nas estatísticas.

Ou seja, não há uma "onda vermelha" em nosso país. É verdade que o PSOL conseguiu se destacar em SP, principal capital do país, e enquanto a turma dormia, o partido, contraditório até no nome, ocupou o lugar do velho PT, agora massacrado. Paulo Polzonoff escreveu ótimo texto na Gazeta mostrando como se deu essa transição, e a mídia, que adora os radicais de esquerda, tem muita culpa no cartório.

Mas é preciso destacar o seguinte: tanto Boulos "caviar" como Manu "enxoval em Nova York" souberam mascarar seu esquerdismo radical. Boulos praticamente fez como Lula quando virou "paz e amor" com terno Armani, e a mídia, incluindo o Valor, chamou o invasor de propriedades de "moderado". Já Manu virou basicamente uma freira, com roupa discreta fechada até o pescoço, fala mansa e imagem de pudica. A extrema esquerda, em suma, praticou estelionato eleitoral, enganou boa parte dos eleitores. E parece ter "enganado" até Sergio Moro, incapaz de chamar a turma pelo que é: extrema esquerda!

O TSE do Supremo Pavão Ativista foi outro grande derrotado, ao lado do PT, nessas eleições. A revista Oeste publicou um texto sobre esse vexame, com direito à lentidão, concentração suspeita em Brasília, invasão de hacker etc. O povo não confia muito nas urnas eletrônicas, e isso é bastante prejudicial à nossa democracia.

Os institutos de pesquisa também naufragaram uma vez mais. Inflaram os números da esquerda radical, como no caso escancarado de Manuela D'Avila. A comunista acabou com menos de 30%, em segundo lugar, mas pesquisas a colocavam como líder com até 40% das intenções de voto.

Nossa República "democrática" é a grande perdedora, em síntese, com enorme nível de abstenção ou voto branco e nulo, somando em algumas capitais de 30 a 40% do total. Há crescente desinteresse popular, muitos percebem um jogo de cartas marcadas. Precisamos acabar com o fundo partidário, adotar o voto distrital, tentar reaproximar o eleitor do representante.

Por fim, muito se fala da derrota bolsonarista. Ela ocorreu, deve servir de alerta para 2022, mas a escala é menor do que alguns pintam. Bolsonaro, por decisão própria, resolveu não mergulhar de cabeça na eleição. Uma decisão delicada, polêmica, tomada talvez por receio de novas traições no futuro, talvez para não ferir "aliados" no Congresso e inviabilizar a governabilidade.

Não há milagre aqui. Bolsonaro não tem toque de Midas, e não é capaz de iluminar "postes" apagados. Não é declarando voto em Russomano que ele vai virar o jogo em SP. Não é apoiando Crivella que ele vai arrasar no Rio. O buraco é bem mais embaixo.

Dito isso, seu filho Carlos teve bem menos voto do que na última eleição. Outros candidatos associados ao bolsonarismo perderam. O quadro não é dos mais animadores para o presidente. O Brasil não tem sequer um partido de direita, os conservadores não têm qualquer organização, praticamente não têm voz na grande imprensa, tudo isso impacta negativamente.

Mas a postura de Bolsonaro, cada vez mais no colo do "centrão", em nada ajuda. Sim, ele precisa pensar na tal governabilidade. Só que não pode abandonar sua base de apoio, a tal "ala ideológica", sob risco de perder qualquer apelo ou diferencial para quem cansou da política nacional e seus cinquenta tons de vermelho.

Se a direita não se reorganizar, não for capaz de se unir minimamente em torno de poucos denominadores comuns, a esquerda poderá avançar e muito, a ponto de tomar de fato o poder novamente. Hoje não temos esse cenário ainda. Hoje o Brasil é "centrão". Mas fica o alerta.

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