• Carregando...
“Antifa é uma ideia, não uma organização”, diz Joe Biden em debate caótico que expôs seu radicalismo
| Foto:

Esse modelo de debate é muito bagunçado, uma confusão tremenda, não consegue manter foco num assunto, pula de uma coisa pra outra, cada um falando ao mesmo tempo. Em resumo, uma verdadeira zona. Ainda assim deu para extrair algumas conclusões importantes.

Trump não estava em seu melhor dia, com seu estilo mais firme e controlado, e a razão é que ele é um predador que precisa de alguém que reaja do outro lado, de um lutador. Mas Joe Biden é apático, apagado, medíocre, vazio, só clichês. Aí Trump se perde um pouco...

Mas mesmo assim foi capaz de atingir o alvo. Seu principal objetivo é colar no "simpático" Biden a pecha de radical, e ele conseguiu. Em alguns momentos do debate, Trump colocou Biden contra a parede, e o democrata foi incapaz de se afastar da ala mais radical de seu partido.

Trump foi bem direto sobre a Suprema Corte logo no começo: ele tem o direito de indicar a nova juíza, venceu e seu partido controla o Senado, e se fosse o contrário não há qualquer chance de os democratas fazerem diferente. Já Biden disse que não gosta do que Amy Coney Barrett pensa sobre o Obamacare. Ora bolas! E isso lá é argumento?

Quando Trump apertou Biden, perguntando se ele aumentaria a quantidade de juízes na Suprema Corte, Biden se esquivou, uma vez mais. Não respondeu, lembrando que os democratas disseram que nada está fora da mesa.

Trump começou agressivo com Chris Wallace, o moderador da FoxNews, por uma estratégia arriscada: "não estou surpreso que estou debatendo com você", alfinetou. Biden foi tratado como "café com leite", um mero instrumento dos radicais democratas. O verdadeiro debatedor era o mediador! E Wallace foi muito criticado por ter mesmo tomado o partido de Biden.

O presidente soube explorar esse viés da imprensa, que adota duplo padrão e sempre expõe o lado ruim dos republicanos enquanto poupa os democratas. As agências que checam "fatos", por exemplo, não vão em cima quando Biden afirma que seu filho nunca recebeu milhões na Ucrânia, ou quando nega ter defendido o Green New Deal do seu partido. Mas defendeu!

O Green New Deal de AOC é um misto de plano colegial e stalinista, mas Biden disse que Trump chama de "o radical Green New Deal". Então para ele não é radical? Mudar toda a matriz energética em uma década imposto pelo estado? Banir combustível fóssil? Isso não é radical?

Eis o maior trunfo de Trump num debate que foi bem ruim: Biden tentou manter sua aparência de moderado, mas sua essência radical ficou exposta. Trump conseguiu colar no adversário a imagem de que Biden não passa de um instrumento, um veículo do partido, alguém que está velho, cansado, quase senil, e que não vai governar de fato, mas sim abrir espaço para a ala extremista dos democratas.

Chris Wallace faz uma pergunta capciosa para igualar "supremacistas brancos" e Antifa, mas Trump se saiu bem. Disse que pode condenar qualquer grupo desses, que quer paz, mas que é preciso dizer que quem está espalhando o terror na nação é a extrema esquerda. Fato. Enquanto isso, Biden, em seu maior deslize, disse que a Antifa é uma "ideia", não uma organização. Eis o que uma "ideia" pode fazer:

Em outro momento iluminado, Trump pediu para Biden revelar um só grupo de força policial que saiu em seu apoio, alegando que tinham tempo para aguardar. Biden fugiu pela tangente, alegando faltar tempo. Ou seja, Trump mostrou que está do lado da lei, enquanto Biden está do lado da Antifa, do Black Lives Matter, daqueles que promovem o caos e a baderna.

Esse passou a ser o grande trunfo do presidente na campanha, tanto que ele escreve a expressão "Lei e Ordem" quase todo dia no seu Twitter. Claro que Biden falaria do "racismo sistêmico" explorando a morte do "Mr. Floyd", para atacar a polícia. Trump devolveu na cara: não consegue nem falar "law enforcement" pois perderia o apoio da esquerda radical. Xeque.

Além do radicalismo da base, Trump tentou desqualificar Biden como alguém medíocre, que nunca fez nada, e que por isso mesmo será usado pelos radicais que comandam o show democrata. "Em 47 meses eu fiz mais do que você fez em 47 anos", alfinetou Trump.

Trump partiu para cima para pintar Biden como um medíocre que nunca fez nada significativo na política, que não teve qualquer destaque acadêmico, tendo sido o pior aluno da classe, um político a vida toda que nunca construiu nada. "Não venha falar de esperteza comigo", resumiu.

Eis aí a estratégia de Trump, que não foi brilhantemente executada, mas que surtiu efeito: pintar Biden como um incapaz dominado por radicais. Enquanto isso, a reação na imprensa - brasileira e americana - era xingar Trump, lamentar sua "perfídia", pinta-lo como monstro. A patota do selo azul não esconde a torcida, e mostrar um ícone é mostrar todos:

Os "analistas" tratam Biden, o demagogo, como o "adulto da sala", e Trump como o monstro infantil. Na visão estética de mundo, Biden agrada mais, pois é só retórica. Trump foca em resultados. A esquerda conta com o apoio da mídia, mas parece pouco, ainda mais na era das redes sociais. Ela não controla mais a narrativa, e não dá para impor sua versão na marra. O público viu o espetáculo, e Biden não passou no teste.

Com todos os seus defeitos, Trump representa a lei, a ordem, o legado americano; Biden flerta com o radicalismo da Antifa, do Black Lives Matter, de AOC. O debate poderia ter sido bem melhor para Trump, se ele controlasse mais a língua. Não obstante, Trump venceu. Mesmo num dia ruim, engoliu os dois adversários. É porque o nível deles é muito fraco mesmo...

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]