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Rodrigo e Lula

Analistas gostam de brincar com letrinhas, como o leitor já deve ter percebido. Criam até siglas como os BRICs para se referir a um bloco de países emergentes um tanto diferentes entre si, mas que juntos formam um acrônimo sonoramente interessante, que remete a tijolo em inglês (esquecendo que tijolos afundam).

Quando o assunto é crise econômica, lá estão as letrinhas novamente: a recuperação será em V ou em U? Ou seja, será uma crise acentuada e intensa, mas de curta duração, ou uma mais lenta e suave?

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, acha que será em U, e que estamos no vale agora, na parte mais baixa da queda. Foi o que disse na entrevista para Miriam Leitão, destacada em sua coluna de hoje:

— Hoje estamos no vale em termos de crescimento. A queda do PIB não é em V, mas em U. Este é o momento que estamos na parte mais baixa do U. A inflação está alta, e a boa sazonalidade de maio e junho não ocorreu. Todo o custo do ajuste da economia está aí, mas os benefícios não são palpáveis.

Tombini disse que as coletas de preços estão mostrando que haverá um alívio em agosto e setembro, mas a mudança mais forte virá apenas no começo do ano que vem:

— Nos primeiros meses do ano que vem, de janeiro a maio, haverá uma queda substancial da taxa de inflação, que sairá do patamar de 9% para 5% alto (próximo de 6%). Os efeitos defasados da política monetária continuarão empurrando a inflação para baixo, e eu acredito que fecharemos 2016 com a inflação na meta. O mercado ainda projeta um índice acima disso.

Lamento, uma vez mais, discordar das autoridades. Sou, afinal, o Pessimildo, aquele que, no auge da euforia produzida pela prosperidade artificial de 2010, já falava em estagflação à frente. E como não vejo os fundamentos mudarem, e sim um governo que insiste nos mesmos erros de antes, não tenho porque alterar minha visão “pessimista”: essa crise veio para ficar por um bom tempo – ao menos enquanto essa turma petista estiver no poder.

Portanto, acho que Tombini vai errar feio, como errava sempre Guido Mantega. Acho inclusive que os analistas de mercado, escutados pelo BC no Boletim Focus, também ainda estão otimistas demais, e que o PIB de 2016 não irá cair “somente” 0,15% depois de uma queda de 2% em 2015. Acho que o tombo será maior, e a inflação ficará resiliente, apesar dessa recessão.

Enfim, se é para usar letrinhas também, eu diria que nossa crise produzida pelo PT não terá o formato do V, tampouco do U, e sim o formato do L: uma queda acentuada e uma reta típica de um eletrocardiograma de um defunto. Ao menos, repito, enquanto o PT estiver no poder, impedindo qualquer chance de recuperação. Letra por letra, eu fico mesmo com o L para representar essa crise. L de Lula!

Rodrigo Constantino

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