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A estranha lógica de Belluzzo
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Em artigo hoje no VALOR, Luiz Gonzaga Belluzzo afirma que o capitalismo de livre mercado cria naturalmente cartéis, e que a solução para o problema é aumentar ainda mais o poder do estado (como se este fosse pequeno). Diz o economista:

Os liberais nefelibatas preferiram, no entanto, refugiar-se na retórica da transparência, da livre concorrência e da igual oportunidade garantida a todos os interessados. Cascata. “Seria melhor afirmar a verdade claramente”, diria o saudoso John Kenneth Galbraith.

Não há quem possa negar que a perda da capacidade de regulação do Estado é a marca registrada da convivência entre o público e o privado no capitalismo da concorrência monopolista. Os conservadores pretendem enfrentá-la reinventando o liberalismo e renovando a fé na capacidade de auto-regulação do mercado.

Confesso não sentir a mesma saudade de Galbraith, economista que sempre esteve do lado errado dos acontecimentos. Mas divago. Quero falar, aqui, da estranha lógica de Belluzzo. Ele condena os agentes do mercado, em especial as grandes corporações e grandes bancos, pela corrupção, pela captura das agências reguladoras, do próprio estado. Nós, economistas, chamamos isso de rent seeking.

Mas notem: qual a solução que ele oferece para o problema? Mais concentração de poder no governo! Ele pretende aumentar o prêmio da captura na esperança de que não haverá mais captura, sabe-se lá o motivo. Talvez porque os governantes serão todos anjos e santos. Ele ignora o ensinamento básico de Lord Acton: “O poder corrompe, e o poder absoluto corrompe absolutamente”.

Há elevada correlação entre concentração de poder no estado e corrupção, o que não é difícil de entender. A única saída para reduzir os cartéis, os subsídios, as medidas protecionistas, tudo aquilo que impede justamente a livre concorrência, é reduzir o poder do governo de impedir a concorrência!

Quando vejo esse tipo de coisa escapar à lógica de economistas influentes como Belluzzo, um dos mais escutados pela presidente Dilma, entendo melhor porque o Brasil patina, patina, mas não decola. Com todo o respeito, mas o estrago para o país seria bem menor se o economista focasse apenas no futebol…

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