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Por que intelectuais inteligentes acabam defendendo o socialismo e atacando o capitalismo? Essa pergunta acompanha os pensadores liberais há tempo, pois desde Platão vemos essa tendência impressionante. George Stigler, Ludwig von Mises e Hayek foram alguns dos que tentaram explicar o fenômeno. Recomendo, em especial, A mentalidade anticapitalista, de Mises, assim como o paper de Hayek sobre o assunto.

Não é preciso aderir a alguma teoria conspiratória qualquer ou questionar a intenção do intelectual. Ele pode ter os mais nobres ideais, ser inteligente, e ainda assim atacar o capitalismo, o livre mercado, o lucro. Certa ignorância acerca do funcionamento do próprio mercado e da economia explica parte do problema, assim como um viés holístico idealizado daqueles que vivem no mundo das ideias.

Parece ser o caso de Zygmunt Bauman, o sociólogo polonês que interpreta o mundo moderno com base em sua “liquidez”. Em livro recentemente publicado no Brasil, ele ataca as desigualdades que o sistema capitalista produz, adotando a premissa falaciosa de riqueza como jogo de soma zero, em que João, para ficar rico, precisa tirar de Pedro.

Essa mentalidade marxista está na origem de inúmeros ataques infundados ao livre mercado, de gente que passa a focar apenas nas condições relativas entre indivíduos em vez de analisar o quadro absoluto ou então aquele relativo ao passado. Ou seja, o capitalismo produz muita riqueza, e para quase todos, mas em vez de aplaudir esse “milagre”, que tira milhões da condição natural de miséria, os intelectuais preferem condenar a ascensão desigual entre pessoas desiguais.

Em resenha do livro para a VEJA, Joel Pinheiro da Fonseca chama a atenção para a pouca profundidade da crítica de Bauman, e conclui:

Bauman

Ou seja, ao navegar pelas nuvens, pelo mundo das ideias românticas de como as coisas deveriam ser, os intelectuais acabam preterindo a realidade em troca das utopias igualitárias. O problema é que suas ideias têm consequências normalmente nefastas e justamente para os mais pobres. São eles que sofrem de forma desproporcional com as fantasias dos intelectuais.

E os oportunistas de plantão exploram a paixão mais mesquinha do ser humano, que é a inveja, para chegar e se perpetuar no poder, usando as desigualdades naturais como alavanca para seu próprio sucesso individual. Tudo isso graças aos ataques românticos dos intelectuais ao capitalismo.

Rodrigo Constantino

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