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A riqueza e a civilização moral
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Na coluna da semana passada na Ilustrada da Folha, o filósofo Luiz Felipe Pondé atacou a “breguice” dos novos ricos que invadem Miami em busca de uma oportunidade de desconto. Eu compreendi seu ponto, mas escrevi uma resposta com foco mais econômico do que estético, que enviei ao autor. Pondé reconheceu a diferença das abordagens, sem discordar da minha.

Hoje, o filósofo escreveu um artigo justamente sobre esse ponto de vista, de que o próprio mercado e a riqueza dele proveniente podem servir, também, para produzir civilização moral. Trata-se de uma defesa eloquente do livre mercado, ainda que reconhecendo suas imperfeições. Seguem os principais trechos:

O que aborrece no Brasil é que ainda não entendemos que a riqueza da qual falam autores como Adam Smith (filósofo moral, e não um guru do egoísmo como alguns pensam por aqui) não é apenas material, mas moral e existencial.

[…]

Por que muitas nações são pobres, miseráveis, atrasadas, enterradas em crime e fome? Causas geográficas? Culturais? Religiosas? Étnicas? Não.

A diferença está num modo de organização política e social específico que cria condições para as pessoas buscarem livremente seus interesses. Democracia liberal, igualdade perante a lei e garantias de que as pessoas podem agir livremente no mercado de trabalho e de produtos. Numa palavra, sociedade de mercado. Foi isso que derrotou o comunismo, mas muitos já esqueceram.

Infelizmente entre nós, ainda se pensa que isso seja simplesmente um modo cruel de viver, negador da “solidariedade” e defensor da “ganância”. Muito pelo contrário: é só a riqueza que torna a solidariedade possível, não há solidariedade na pobreza, isso é mito.

Apesar de as indicações históricas serem evidentes, ainda insistimos em não entender que a sociedade de mercado (longe de ser perfeita) dá ao ser humano a liberdade necessária para cuidar da sua vida e se tornar adulto.

Só dessa forma as pessoas entendem uma coisa óbvia que o economista Friedrich Hayek pensava. Quando perguntarem a você o que é a economia, a resposta certa é: a economia somos nós! E não algo planejado por “cabeções” teóricos que controlam a vida dos outros, como pensava John Maynard Keynes.

Mas, os políticos adoram Keynes porque sua teoria os faz parecer responsáveis pela riqueza, quando na realidade quem produz riqueza somos nós em nosso cotidiano, quando nos deixam em paz. Keynes é a servidão, Hayek, a liberdade.

E eu acrescentaria: só há ato moral quando somos livres para escolher. Solidariedade compulsória, sob a mira de uma arma estatal, não é solidariedade. Nem aqui, nem na China.

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