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Às favas com a Constituição
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Por Maria Lucia Victor Barbosa *

O impeachment de Dilma Vana Rousseff começou com manifestações pacíficas, ordeiras, espontâneas quando milhões foram às ruas de todo país para gritar: “Fora Dilma”. “Fora Lula”. “Fora PT”.

Oficialmente o impeachment se arrastou por cansativos nove meses. Na Câmara o rito foi travado duas vezes pelo Supremo Tribunal Federal em nome de filigranas jurídicas. Prosseguiu com o poder dos deputados se resumindo a permitir o julgamento da cassação. O sim prevaleceu por larga margem, precedido por bizarros discursos.  O não, bem mais reduzido, foi emitido entre choro e ranger de dentes, certamente muito mais pelo medo da perda de privilégios do que por fidelidade a Rousseff.

O desfecho do impeachment se deu no Senado, sob a providencial presidência do “companheiro” Renan Calheiros e a condução do presidente do STF, Ricardo Lewandowski.

Além de “artistas” como o advogado de defesa de Rousseff e militante petista, Eduardo Cardozo, o espetáculo nauseante ficou concentrado no quarteto composto pelos senadores e ardorosos petistas Gleisi Hoffmann, Lindbergh Farias, Fátima Bezerra e por Vanessa Grazziotin do PC do B. Eles foram a essência da esquerda estridente, grosseira, provocadora, repetitiva, desrespeitosa, dotada de violência verbal no lugar de raciocínio, useira e vezeira de ardis imorais, de mentiras calculadas.

Ao final o pior resultado, maior do que as três eleições presidenciais perdidas por Lula: a queda da criatura do chefe por 61 votos a 20. Acachapante derrota dos que tanto pediram o impeachment de outros, mas que tiveram cassado justamente um de seus correligionários.

Estaria a democracia brasileira fortalecida e vitoriosa?  Sim. Entretanto, nas sombras foi urdida uma trama antidemocrática e anticonstitucional para atenuar o estrondoso baque. Uniu-se o PT, Renan Calheiros e Lewandowski para violar a Constituição e salvar Rousseff da inabilitação por oito anos do exercício de funções públicas, sanção que é integrada à cassação conforme o artigo constitucional 52. Foi o avesso do que aconteceu com o ex-presidente Collor de Mello.

Estabeleceu-se, assim, a insegurança jurídica para todos os brasileiros, pois ficou claro que se existem leis sabe-se agora que não são seguidas pelos poderes mais altos da República. Bastam acertos de bastidores digno de republiquetas das bananas, sendo os julgamentos baseados em interesses e amizades de altas autoridades judiciárias e parlamentares.  Em alto e bom som eles disseram a nação: “Ás favas com a Constituição”.

As metas do PT agora são destruir Temer e acabar com a Lava Jato. Para isso Lula convocou seu exército de baderneiros, de interesseiros e de incautos às ruas. Ele sabe que o PT está em péssima situação, que seus projetos populistas soçobraram na pior recessão já havida no Brasil. O jeito é brutalizar ainda mais a oposição única coisa que o PT sabe fazer bem. Isso inclui ameaçar, mentir, falsear a realidade, corroer reputações, partir para terrorismo urbano.

Quem sabe Lula pensa que assim escapará de seus inúmeros processos, podendo voltar em 2018 para concluir a desgraça que semeou no País. Está aberta a temporada de caça do PT e não está sendo nada bonita de se ver.

* Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga

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