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Carnaval da “lacração”: onde estavam os corruptos do PT?
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A campeã e a vice-campeã do carnaval carioca de 2018 tiveram como samba enredo temas politizados. O presidente Temer virou um vampirão, a reforma das leis trabalhistas inspiradas no fascismo de Mussolini foi tratada como retorno à escravidão, os manifestantes que lutaram pelo impeachment do governo mais corrupto e incompetente da história deste país foram retratados como marionetes da Fiesp e os escândalos de corrupção do PMDB foram lembrados. O que foi esquecido, porém, foi o PT.

O jornalista Ascânio Seleme chamou a atenção para essa estranha ausência em sua coluna de hoje:

Quando se contam histórias tão recentes, como a das reformas e a da corrupção endêmica brasileira, deve-se levar em conta que elas ainda estão em curso e, portanto, vivas na memória das pessoas. Se a história atravessar, será fácil perceber. A Beija-Flor, por exemplo, acertou ao retratar o Rio de Sérgio Cabral, com seus jantares fartos e guardanapos na cabeça, mas errou ao praticamente ignorar o PT no seu enredo de ratazanas.

A escola mostrou alegoricamente o assalto à Petrobras, mas sem qualquer referência aos governos Lula e Dilma. Corretamente, a Beija-Flor colocou uma ala de políticos de terno carregando malas de dinheiro, numa alusão direta a um primo do senador Aécio Neves e ao deputado Rodrigo Loures, amigo do presidente Michel Temer, que foram filmados pela Polícia Federal com malas iguais. Mas se era para mostrar cédulas, por que não as cuecas petistas inchadas de dólares ou as caixas de Geddel?

Na casa de tolerância da Petrobras, a escola mostrou empreiteiros com os bolsos dos paletós e das calças cheios de cédulas. Mas não houve menção aos tesoureiros do PT e de partidos aliados sendo presos em escala industrial por uso indiscriminado de caixa dois repletos de dinheiro dos mesmos empreiteiros nas campanhas eleitorais.

E em se tratando da corrupção brasileira, não poderiam faltar o tríplex e o sítio do ex-presidente Lula. Nada é mais emblemático neste ambiente que os dois imóveis, mesmo para aqueles que dizem não existir provas de o apartamento do Guarujá ser mesmo de Lula. O fato é que o ex-presidente foi condenado a 12 anos de cadeia por sua causa. Como o tríplex poderia faltar neste enredo? E que alegoria mais simples e eficiente se faria com a sua fachada.

Mas, ao concluir, o autor abusou do direito de bancar o “isentão”: “Vamos ser justos, o PT e seus aliados mereciam mais destaque nos carnavais críticos de Beija-Flor e Tuiuti. Mas há, claro, quem discorde. O diretor de carnaval da escola de São Cristóvão, Thiago Monteiro, disse para o site da revista “Carta Capital” que a Paraíso do Tuiuti “falou o que o povo quer ouvir”. Pode ser, mas o povo ficaria mais feliz se ouvisse a história toda, e não apenas uma parte dela”.

Ora, o povo não ouviu uma “parte” da história, e sim uma versão totalmente distorcida, manipulada, adulterada. Viu uma narrativa canalha, hipócrita, partidária. Viu a turma da “lacração” preocupada em encantar seus pares na bolha “progressista”, não o povo de fato. Comparar os “mortadelas” movidos a incentivos monetários com os patriotas que lotaram voluntariamente as ruas pedindo impeachment é um absurdo! Carlos Andreazza, também colunista do mesmo jornal, resumiu:

O que vimos nesse carnaval é o que acontece quando a turma do PSOL assume a narrativa: os maiores corruptos do país são convenientemente esquecidos na hora de atacar a corrupção, pois são corruptos “camaradas”, são “companheiros de causa”, são da extrema-esquerda também. E tudo isso, não custa lembrar, com o uso de verba pública, como Guilherme Fiuza destacou:

No mais, vale frisar que escolas de samba, dominadas por bandidos que se esbaldam de recursos públicos em conluio com políticos, atacando a corrupção é piada pronta. Até mesmo o comunista Ancelmo “Ivan” Gois reconheceu a hipocrisia do troço: “Aqui, já dizia Tim Maia, prostituta se apaixona, cafetão tem ciúme, traficante se vicia e uma escola comandada por um bicheiro, a querida Beija-Flor, vence o carnaval com um enredo que fala de… corrupção”. O mesmo destacou a mensagem da atriz Juliana Paes, assaltada a caminho da Sapucaí:

“Sofremos um assalto a poucos metros da Marquês de Sapucaí. Seis sujeitos, um deles armado e mascarado, nos ameaçaram de morte, aquela gritaria de desespero… Mas ninguém se feriu. Levaram o celular de um de nossos amigos. O carnaval do Rio de Janeiro está em coma!

Na Avenida, caiu a qualidade do som e da iluminação, as arquibancadas não estavam lotadas como vi em anos anteriores. Fora dela, a falta de segurança era visível e as barbáries idem… Tentamos todos manter o sorriso porque é carnaval, mas o sorriso que fica é amarelo. Triste, pois tinham preparado uma festa tão linda pra nós… No fundo do coração, fica uma dor, uma angústia, um medo do amanhã. Este ano, a Quarta-feira de Cinzas começou bem antes do fim do que já foi chamado de festa”.

De fato, não dá para sorrir muito com um carnaval desses, totalmente politizado, tomado pela esquerda, enquanto o caos reina do lado de fora. “Lacração” com recurso público já é demais da conta. E fico arrepiado só de pensar no que vem por aí, já que “deu certo”. Um amigo meu bancou o profeta e arriscou uma previsão: “Agora que está provado que Lacração rende pontos na apuração do Carnaval, querem apostar que ano que vem vai ter rainha de bateria ou porta-bandeira Trans?”

Não pego essa aposta nem a pau!

Rodrigo Constantino

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