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Carteirada na cultura do diploma: o caso de Monica de Bolle e Ciro Gomes
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Certa vez fui convidado para um debate na ABL organizado pelo Imbec. Eu e Roberto Castello Branco, diretor da Vale, defenderíamos o legado de Hayek e o livre mercado, contra dois defensores de Keynes e do intervencionismo. Um deles era Luiz Fernando de Paula, professor da UERJ que defendia, na época, a política econômica do governo petista. Já eu alertava para a insustentabilidade daquela “prosperidade ilusória” e previa uma grande crise à frente. O tempo mostrou quem tinha razão:

Não obstante o poder dos argumentos de um lado e a ideologia disfarçada de análise do outro, o fato é que o professor da UERJ, cujo currículo pode ser visto aqui, alegou depois, conforme soube por terceiros, que nunca mais debateria com alguém como eu, que sequer mestrado possuía. Quando escutei isso, pensei com tristeza nessa cultura do diploma que domina nosso país.

O currículo Lattes parece ser a coisa mais importante do mundo para alguns, e como a academia é dominada por esquerdistas, vira quase um círculo fechado, uma patota que fala de si mesmo, reproduz os mesmos pensamentos enviesados, e impede qualquer reflexão mais séria, com foco nos argumentos e fatos.

Busco esse caso na memória pois deparei com essa infeliz mensagem da economista Monica de Bolle no Twitter, em que ela apela justamente para seu currículo ao ser confrontada sobre seu repentino apoio ao candidato Ciro Gomes:

É sempre a velha carteirada quando faltam argumentos para explicar tanta mudança e incoerência. Monica, da Casa das Garças, ligada aos tucanos, nunca foi liberal, nem mesmo “neoliberal”, como alguns “acusam”. Mas enganava bem. Parecia menos radical, mais séria, ainda que com viés de esquerda (a LSE, aliás, é a escola  do socialismo fabiano). Sua obsessão pelas “desigualdades” também a levava para a esquerda, a ponto de traduzir o livro de Thomas Piketty, aquele que sonha em taxar ainda mais os “ricos”.

De uns dias para cá, porém, esse esquerdismo suave de Monica se foi, dando lugar a uma defesa empolgada do indefensável: Ciro Gomes e seu nacional-desenvolvimentismo lunático, o mesmo que nos trouxe a essa situação desgraçada atual. Questionada por vários economistas e leitores acerca dessa guinada, Monica preferiu atacar seus críticos, comprando brigas nas redes sociais.

Essa mensagem coroa a chegada dela ao fundo do poço. É a cultura do diploma, tão forte no Brasil. “Você sabe com quem está falando?”, parece perguntar a desorientada economista, sob suspeita de mirar em algum cargo oferecido por Ciro. Seria a mosca azul do poder? A vaidade? Ou seria uma convicção tardia mais extremista? Não sabemos. O que sabemos é que ela não parece disposta a sustentar as mudanças com argumentos, preferindo a velha carteirada. E com direito a erro de crase e tudo mais, mesmo para quem estudou tanto e nas “melhores” universidades do mundo…

A economista, na defensiva, jura que é apenas ANÁLISE, com letras garrafais, mas acaba se entregando, ao mostrar a TORCIDA por quem teria chances de derrotar Bolsonaro no segundo turno:

Não é por acaso que alguns já a chamam agora de Monica de Boulos. Vai acabar cerrando fileira com economistas do quilate de uma Laura Carvalho ou um Bresser-Pereira, defensores do modelo venezuelano, do PSOL, do PT. Mesmo quem não tem PhD será capaz de perceber o espantoso declínio da ex-tucana. E vale resgatar a lapidar frase do empresário liberal Henry Maksoud para concluir:

PS: Não tenho PhD, apenas um humilde MBA de Finanças pelo IBMEC, além da minha longa experiência no mercado financeiro e muita leitura caseira, mas ofereço gratuitamente a ela meu novo curso online sobre a Escola Austríaca. Quem sabe assim se dê conta do papelão que está fazendo ao defender uma figura indefensável como Ciro Gomes?

Rodrigo Constantino

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