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Ciro Gomes xinga promotor e comprova, uma vez mais, seu destempero autoritário
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Ciro Gomes é forjado pelo coronelismo nordestino, ou seja, não está apto para viver numa república com isonomia das leis. O arbítrio é sua marca. Os arroubos autoritários são frequentes, e o destempero já lhe custou muitos votos no passado. Não é fácil lutar contra essa sua natureza, por mais que ele tente, como fez Lula, vestir a capa de “paz e amor”, ou justificar que seu tom é por conta de uma indignação moral justa. É só arrogância de um político tradicional acostumado com a impunidade mesmo.

O caso mais recente ocorreu após ele expor seu racismo e acusar o vereador liberal Fernando Holiday de “capitãozinho do mato”. E isso numa entrevista na rádio em que o nome do jovem vereador, negro e gay assumido, sequer tinha surgido. Para piorar, ele falava de uma possível parceria com o DEM, partido do qual Holiday é vereador. Ou seja, a estupidez da coisa é tanta que só pode ser compreendida pela ausência de freios do pré-candidato.

Houve forte reação nas redes sociais, apesar do silêncio constrangedor da esquerda e dos movimentos raciais (dominados pela esquerda), o vereador disse que responderia na Justiça, e o MP aceitou denúncia e abriu processo contra Ciro. A reação, uma vez mais, demonstra seu descontrole e autoritarismo. Ciro preferiu xingar o promotor – e sua mãe, de tabela – e bancar a vítima, alegando que isso é perseguição por ele ter se tornado candidato (ainda não é oficialmente). Vejam:

Não, Ciro, o MP não acatou a denúncia por você ser pré-candidato, e sim porque você chamou um negro de “capitãozinho do mato”. Pergunte aos movimentos raciais se isso não é motivo para processo, mesmo sem envolver políticos ou candidatos. Você fala que em países sérios isso não aconteceria, mas eu digo que em países sérios um sujeito como você jamais teria o espaço que tem. Só mesmo em país tupiniquim, ignorante e miserável um nacional-desenvolvimentista arrogante e autoritário teria 10% das intenções de voto.

No fundo, eis o motivo para o crescente descontrole de Ciro, que volta à sua natureza mascarada recentemente para fins eleitorais. Ele sonhou que seduziria o “centrão” fisiológico, que fecharia com o DEM e tudo, e fica cada vez mais claro que essa turma não vai fechar com ele, e ainda vem o Fernando Haddad aí, “ungido” por Lula na hora H para roubar seus votos pela esquerda. Nem mesmo o PCdoB vai casar com Ciro, pelo visto. Sua candidatura naufraga antes de decolar, e ele percebe o destino. Bateu desespero.

Mas se o desespero explica o tom, é a ideologia que explica o conteúdo. Ciro se acha mesmo acima das leis e dos demais, pois circulou em torno do poder a vida toda, num país em que os poderosos podem quase tudo. A advogada Janaina Paschoal, responsável pelo processo de impeachment da ex-presidente Dilma, comentou justamente sobre o teor da fala, mais do que a forma:

Ciro Gomes é ainda mais perigoso do que Lula! Que Rodrigo Maia queira casar com alguém assim diz muito sobre o presidente da Câmara, um sujeito tão medíocre que nos remete àquela história da tartaruga no poste: como chegou lá? Alguém precisa te-la colocado em lugar tão alto, pois por mérito próprio jamais seria capaz. Maia e Ciro se merecem, sem dúvida, mas o Brasil não merece ambos.

E não os terá! A candidatura de Ciro afunda, e ele sabe disso. Steinbruch vai ter que encontrar outro instrumento para turbinar o BNDES e tirar mais medidas protecionistas da cartola…

Rodrigo Constantino

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