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Como conquistar votos sem discurso populista? O liberalismo de Flávio Rocha
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Por Claudir Franciatto, publicado pelo Instituto Liberal

Os meninos do MBL têm motivos para se entusiasmar com uma eventual candidatura à Presidência da República de Flávio Rocha, o empresário do grupo Guararapes que dirige a Riachuelo? Ao ler e ouvir seus discursos e entrevistas, Rocha me remete sempre à introdução do professor Ubiratan Jorge Iorio no livro Ação, Tempo e Conhecimento: A Escola Austríaca deEconomia, publicado pelo Instituto Mises Brasil. Ali, o autor afirma que a tradição austríaca “transcende a economia para abastecer-se sistematicamente no âmbito mais abrangente das ciências sociais, nutrir-se continuamente com a discussão filosófica e impregnar-se permanentemente da boa cultura humanista”. Ou seja, ele arremata, há que ir muito além do conhecimento técnico: “É preciso ser, antes de qualquer outra coisa, um humanista”.

Diferentemente do “Existencialismo é um Humanismo”, de Jean Paul Sartre, um marxista cultural que defendia ditaduras, cujo cerne teórico seria a angústia da escolha, no humanismo liberal a angústia é – digamos – apenas eleitoral: como conquistar votos sem um discurso populista? De que forma angariar simpatia de um público acostumado e doutrinado nas falsas promessas estatistas que apenas deságuam na miséria e na opressão?

Mas o humanismo liberal serve à perfeição não só para economistas, mas também aos empresários e aos políticos. Esse tipo de humanismo, que se configura com magnitude incomparável no pensamento liberal, vem encontrando arautos em número cada vez maior. E Flávio Rocha parece que tem ganhado notoriedade nos meios que sinceramente defendem a libertação do país. Cresce de estatura político-filosófica, talvez por algumas características que o diferenciam de outro excelente empreendedor liberal que se arvora na política, que é João Amoêdo, do Partido Novo.

Flávio Rocha vem-se mostrando um raro espécime de empresário-liberal-ativista. Suas declarações nos fazem acreditar que ele não vai descansar enquanto não ajudar de verdade a retirar o Estado de cima do lombo dos empreendedores, chamando estes à luta. Estes, os criadores e geradores de riquezas. Os que permitem brotar o maior exemplo de justiça social que há: multiplicação de empregos e oportunidades de trabalho e remuneração. E ele começa a envolver seus pares. Vem de lançar, a partir dos Estados Unidos, onde esteve num evento da indústria têxtil, o movimento “Brasil 200”.

Em breve o Brasil completa os 200 anos desde sua independência e é a isso que o número do movimento se refere. Prometendo lutar por uma segunda independência, o livramento dos grilhões estatais. “Peço a todos vocês que participem do Brasil 200 anos com sugestões, propostas, ideias e muito mais. O Brasil 200 só tem um dono: o povo brasileiro, cada um de vocês. Aqui em Nova York, na capital do mundo, podemos nos unir para refundar o Brasil em bases mais livres e solidárias, mais modernas e prósperas para todos. É a minha ideologia, é o meu compromisso, e espero que seja o de vocês também.” Assim ele conclui sua carta-manifesto lida no local.

Ele conclama o “empresário-moita” a sair de seu esconderijo. Ele sabe que os criadores de riquezas – o empreendedor e seus colaboradores – são os que fazem de verdade a tal de obra social que os incautos mal informados acreditam que vem do governo. E parece querer enfrentar na pele o cerco intervencionista. Quer levar a prosperidade para rincões de seu Estado do coração, mas a burocracia motivada pela inveja cria obstáculos de todos os tipos.

Ele é filho de um empreendedor notável e histórico, Nevaldo Rocha, o fundador do grupo Guararapes, considerado o maior conglomerado têxtil da América Latina. Quantas famílias se estabeleceram e desfrutaram de maior bem-estar graças à ação pioneira de um indivíduo a partir de 1947? Quantos entraves burocráticos Nevaldo e seus companheiros de jornadas tiveram de enfrentar vindos do estatismo e do “trabalhismo”?

Talvez por isso o discurso de Flávio Rocha, não só herdeiro, mas também recriador de parte da obra paterna  – ao instituir numa prática de muito sucesso o conceito de fast fashion – seja tão bem fundamentado e cristalino. Suas convicções liberais poderiam certamente ajudar, a exemplo do que fez em sua empresa, a recriar o Brasil -principalmente por sua experiência e trajetória familiar.

Sobre o autor: Claudir Franciatto é jornalista e escritor.

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