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Como sustentar um blog independente. Ou: A esquerda vai vencer se a direita nada fizer de concreto
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Caros leitores,

Como vocês sabem, a esquerda vive das tetas estatais. As ONGs ignoram a letra N na sigla e recebem polpudas verbas públicas, os artistas engajados mamam na Lei Rouanet e os blogs da mídia chapa-branca estampam publicidade de estatais superfaturada em suas páginas. É o que chamo da “gangue do pixuleco”.

Do outro lado, há apenas o “malvado” mercado. Ou seja, os consumidores precisam bancar a imprensa independente. Um blog solo, então, enfrenta barreiras ainda maiores. Sem uma poderosa marca por trás, só mesmo os indivíduos que apreciam o trabalho realizado podem garantir que ele continue.

Se queremos mesmo virar a mesa, portanto, disseminar os valores liberais, então precisamos abandonar a cultura do “tudo grátis” e a negligência típica dos brasileiros, que criticam o governo entre uma cerveja e outra na praia, como se isso fosse mudar alguma coisa.

Observo a quantidade enorme de “think tanks” aqui nos Estados Unidos com uma grande pontada de inveja misturada com tristeza. Eles são financiados por grandes empresários ricos, como os irmãos Koch, mas também por milhões de indivíduos que acreditam no poder das ideias, numa cultura de filantropia que simplesmente não temos no Brasil.

Alguém acha, porém, que curtidas no Facebook vão mudar alguma coisa? Isso serve apenas para o regozijo pessoal, para limpar a consciência numa falsa sensação de que fez algo pelo país, contra o PT. Por falar em Facebook, resolvi desativar a opção de comentários de seguidores, explicando os motivos:

ATENÇÃO: uma vez mais vou ter que pedir que os comentários sobre meus textos sejam feitos no BLOG, não aqui no Face. Sei que é mais cômodo aqui, mas não consigo acompanhar tudo e prefiro ler os debates no blog, onde faço alguma moderação. Tentar concentrar num lugar é melhor também, para não dispersar. Além disso, o Face está muito chato, e a cada novo comentário recebido ele me manda para lá, ficando quase impossível de acompanhar minha timeline. Por fim, essa enorme quantidade de comentários aqui significa menos page views no blog, o que prejudica minha meta humilde de ser o MAIOR blog de opinião do país. 🙂

Mark Zuckerberg, convenhamos, não precisa de ajuda; esse blog independente, sim. E muitos outros! Meu sonho era criar um exército de liberais e conservadores de boa estirpe escrevendo, falando, dando entrevistas, espalhados por aí, pelas redes sociais, pelas rádios, pela televisão. Resta combinar com os gregos. Ou melhor, com os potenciais financiadores de tais projetos. Não é nada fácil.

Empresários com grana que sofrem na pele a intervenção do governo todo dia e temem a trajetória bolivariana muitas vezes não coçam o bolso para ajudar. Pergunto: como mudar as coisas? O brasileiro não acredita em “batalha cultural”, não costuma investir em ideias. Isso é, para mim, o mais preocupante a longo prazo. Quando dei a notícia de minha saída da VEJA, meu amigo Alexandre Borges escreveu um desabafo que merece ser lido com atenção:

Dia triste para nós e um sinal preocupante.

Para quem vive dizendo aqui “vamos criar um jornal!”, veja que não conseguimos sequer manter os nossos na grande imprensa, quanto mais começar um veículo do zero. O Brasil real é mais complicado do que parece.

A hipertrofia estatal, entre todos os males que causa, tem como um dos seus piores efeitos a asfixia dos veículos de comunicação, cada vez mais dependentes da publicidade estatal. Veja por exemplo quem patrocina e anuncia no Jornal Nacional ou no Bom Dilma Brasil, quase todos os espaços estão preenchidos por bancos públicos, ministérios, pelo governo federal e por estatais.

Todo empresário brasileiro que perdeu a chance de patrocinar a coluna do Rodrigo tem que pensar duas vezes agora antes de reclamar do PT, já que sua omissão fez com que perdêssemos esse espaço importantíssimo de luta.

Não se faz um movimento sem colocar dinheiro de verdade em intelectuais, analistas e produtores de conteúdo, é só ver o que a esquerda faz com os seus intelectuais, professores, jornalistas e artistas em geral, como são prestigiados, como são patrocinados, como são bajulados. Pense nisso antes de achar que a culpa da hegemonia petista é só do povo, o mesmo povo que não tem acesso à informação que os empresários e herdeiros do país têm.

Há gente que gasta por mês com jantares uma quantia que poderia perfeitamente bancar um portal de notícias de oposição, até um canal de WebTV, mas ele prefere usar o dinheiro para shampoo do bichon frisé. Questão de prioridade.

Quando os jacobinos baterem na porta deles, é bom deixar claro que não vão poder dizer que foram pegos de surpresa ou gritar “mas peraí, eu dei dinheiro para sua campanha!”. Vai ser tarde demais.

Como discordar? Salvo raríssimas exceções, o movimento liberal no Brasil depende de atos isolados heróicos, da abnegação de alguns indivíduos que partem para o sacrifício, às vezes impondo aos familiares uma situação delicada, sem a contrapartida dos que poderiam fazer a diferença. Só reclamar não basta, meus caros. Só elogiar e dar tapinha nas costas tampouco.

A batalha pelas mentes é acirrada, e a esquerda conta com um arsenal impressionante, bancado por nossos impostos. Se não fizermos nada, se não reagirmos, isso só tende a piorar. Quantos não foram os guerreiros da liberdade que cansaram no caminho, que não suportaram mais o sacrifício pessoal sem o apoio da retaguarda? Quantos que poderiam ter feito a diferença não jogaram a toalha antes?

Adoraria dizer que eles, os bolivarianos, não vencerão. Mas tenho sérias dúvidas. Sem uma reação mais parruda e organizada, nossas chances são reduzidas. Infelizmente…

Rodrigo Constantino

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