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“Segundo Marx, para acabar com os males do mundo, bastava distribuir; foi fatal; os socialistas nunca mais entenderam a escassez”. – Roberto Campos

O jornal O GLOBO tem uma reportagem hoje sobre uma dupla de “super-heróis”, pai e filho, que sai pelas ruas cariocas distribuindo dinheiro aos pobres. A chamada tem um apelo totalmente equivocado: “Capitão América faz justiça com dinheiro do próprio bolso”.

Que o “Robin Hood” fantasiado de Capitão América distribua dinheiro seu mesmo é algo sem dúvida muito melhor do que faz a esquerda, quando quer distribuir dinheiro dos outros por meio do estado. Ainda assim, há uma premissa errada exposta na mensagem: distribuir dinheiro não é “fazer justiça”, e em nada resolve a questão da miséria.

Ao contrário: esse tipo de coisa pode até mesmo perpetuar a pobreza, o que as almas bem-intencionadas entrevistadas pelo jornal não se dão conta. “Se todos fizessem o mesmo o mundo seria melhor”, pensam essas pessoas. Nada mais falso. A matéria exala socialismo:

A missão, que fique logo bem claro, não tem nada a ver com a dos super-heróis da ficção, apesar de a cidade não andar nada segura. Roberto Pacífico da Silva, o faz-tudo de 43 anos que encarna o Capitão América, e o filho dele, Rafael, de 18 anos, o Homem Aranha, não combatem o crime. O negócio deles é distribuir dinheiro. Isso mesmo. Eles saem às ruas na moto de 49 cilindradas com a heroica incumbência de reduzir a desigualdade. Mas, antes de distribuir reais por aí, Roberto cumpre sempre o mesmo ritual. Pergunta ao seu escolhido, talvez numa homenagem ao herói que incorpora, “qual a solução para a violência?”. Às vezes não dá nem tempo para o interlocutor responder direito. Roberto se adianta com a resposta que considera a correta. “É a divisão do bolo”, sentencia.

— Imagine que você está numa festa. O que acontece se não houver divisão do bolo? Vai ficar estranho e pode até ter briga. Se você tem mais do que necessita, é preciso dividir com o próximo, independentemente de quem seja — defende.

E lá está a ideia estapafúrdia de que economia é um jogo de soma zero, de que riqueza existe como um dado estático, e que precisamos apenas distribuir melhor o bolo. Dividir melhor o bolo, vejam só!, é até a solução para o crime, como se bandidos matassem porque não têm o que comer, uma visão ultrapassada e absurda.

Tenho um texto antigo em que explico a “imoralidade de Robin Hood”, com a ressalva de que o mitológico herói dos pobres tirava não dos ricos, mas das autoridades corruptas para devolver ao povo. Mas no imaginário popular, a ideia que ficou é a de que tirar dos ricos para dar aos pobres seria sinônimo de “justiça”, e nada mais equivocado do que isso. Justiça é proteger a propriedade privada de quem criou a riqueza!

Há, ainda, a questão do problema econômico. Quem não entende do assunto acha que basta distribuir para fazer a roda da economia girar, para estimular o consumo, para gerar riqueza. Nonsense! Tenho um texto sobre isso também, com base em Hayek, em que mostro como essa mentalidade marxista leva ao fracasso econômico, a mais miséria.

Tenho convicção de que quem ler ambos os textos saberá que a atitude do “super-herói” pode trazer alguma paz de espírito a ele mesmo, mas não resolve nada, nem mesmo a situação daquelas pessoas que ele ajudou. Fazer caridade é bom, uma mensagem cristã, mas não podemos confundir isso com receita para solucionar a pobreza, menos ainda a criminalidade, que não está diretamente associada àquela.

E chamar o ato caridoso de “justiça” em nada ajuda, pois gera confusão e fortalece a falácia de que a desigualdade em si é injusta, uma crença compartilhada apenas por socialistas, já que liberais e conservadores entendem perfeitamente que os seres humanos são diferentes, e que jamais teremos igualdade de resultados em trocas voluntárias e livres de indivíduos tão diferentes.

Hoje celebra-se aqui nos Estados Unidos o “Thanksgiving”, data muito importante inspirada na primeira colônia americana. Só que o que pouca gente sabe é que os peregrinos, antes de terem uma farta colheita para distribuir parte com os índios locais, morriam feito moscas. Mais da metade morreu, quando o regime era baseado no coletivismo solidário.

Foi só quando adotaram a propriedade privada e permitiram que cada um ficasse com o fruto do próprio trabalho que a colônia prosperou, e Plymouth se transformou na grande Comunidade de Massachusetts. Eis o tipo de herói de que precisamos: não um Robin Hood, mas um empreendedor capitalista que entenda a importância da propriedade privada e do livre mercado!

Rodrigo Constantino

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