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A "mulher de ferro" escolhida para substituir Tony Stark.
A "mulher de ferro" escolhida para substituir Tony Stark.| Foto:

Já escrevi textos mostrando a pauta ideológica sendo transportada para as revistas em quadrinhos, cada vez mais politicamente corretas, tendo de incluir “heróis” das “minorias”, num proselitismo que sacrifica a arte em prol da ideologia. Uma entrevista de uma ilustradora francesa (tinha que ser!) hoje no GLOBO comprova que fazem tudo de caso pensado, de forma deliberada. Ela vai participar da Semana Internacional de Quadrinhos na UFRJ (tinha que ser!). Eis alguns trechos do que Chantal Montellier diz, comentados por mim:

O mundo de séries para crianças, com os super-heróis da Marvel, é o mundo nos nossos avós. O quadrinho mudou muito e cresceu nos anos 1970 graças aos movimentos culturais, à contracultura e ao feminino. Mas hoje há um enfraquecimento, um atraso, estamos andando para trás. Antes, havia muitos jornais e revistas independentes com conotação política de esquerda, em que muitos podiam veicular suas ideias. Havia uma paisagem editorial variada, mas agora é tudo muito concentrado em linhas editoriais conservadoras e reacionárias.

Não sei em que mundo ela vive para afirmar que há um recuo da pauta esquerdista, se vemos em tudo que é lugar autores forçando a barra e enfiando goela abaixo do público suas concepções limitadas de mundo, em nome da revolução cultural. Mas é irônico vê-la falando em editorial variado e acusando as linhas editoriais de hoje de serem “reacionárias”. Para a feminista, é preciso ter uma hegemonia de esquerda, ou a coisa não presta.

Há produções com conteúdos sociais e políticos. Este ano, um dos prêmios Artémisia foi para um álbum de humor muito forte, político e feminino, sobre um resistente que lutou contra o regime ditatorial no Haiti e depois se tornou prefeito de Porto Príncipe. Outro prêmio foi para um trabalho sobre a representação da mulher pelo imaginário patriarcal.

E eu pensei que só tinha linha editorial “reacionária”…

Há dois anos, a França sofreu o ataque à redação do jornal Charli Hebdo. Desde então, o que mudou em relação à liberdade de expressão?

Tudo e nada. É um trauma para todos nós, deixou um vácuo que está sendo difícil preencher. Mas a questão da liberdade de expressão vai além do que aconteceu ali. Os ilustradores não sofrem só com os extremistas. Quando um editor descarta uma ideia com o argumento de que “isso não vai vender”, o que está acontecendo é uma forma de censura econômica.

“Censura econômica”: eis o nome pomposo, o eufemismo que a feminista usa para “o público não gosta do que produzimos”. Se os próprios leitores não estão dispostos a pagar pela “arte”, é sinal de que não há demanda. Mas eis que a feminista compara essa “censura”, ou seja, o ato voluntário do público de não consumir o lixo que essas feministas produzem, ao ato terrorista de islâmicos que mataram cartunistas na França!

É um espanto! Mas é a típica mentalidade feminista, sinônimo de socialista. Atacar terroristas islâmicos não pega muito bem nesse mundo politicamente correto. Por isso é melhor atacar a “censura do mercado”, ou seja, a falta de desejo dos consumidores em ler histórias em quadrinhos repletas de mensagens políticas chatas, quando querem apenas boas histórias de heroísmo e, talvez, amor.

Rodrigo Constantino

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