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Escolas particulares fazem greve contra reforma previdenciária: não há doutrinação?
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Várias escolas particulares do Rio aderiram à greve contra a reforma previdenciária, entre elas a Escola Parque, ícone “progressista”, mas também o Colégio Santo Agostinho, onde estudei e que era mais sério. A mensagem dessas escolas revoltou alguns pais, com razão, e mostra o grau de esquerdismo presente nelas, um soco na cara de quem repete que não há um problema grave de doutrinação ideológica em nosso ensino.

Eis um trecho da mensagem do CSA, por exemplo:

Nós, educadores do Ensino Médio do Colégio Santo Agostinho – Unidade Leblon – comunicamos ao corpo diretivo desta instituição que acataremos a decisão da assembleia do dia 04/05/2019, no SINPRO-Rio. Sendo assim, suspenderemos todas as nossas atividades na escola ao longo do dia 15/05/2019. 

Compreendendo que a possibilidade de avanço da reforma da previdência tal qual defendida pela PEC 6/2019 representa uma ameaça não apenas a nós, enquanto trabalhadores brasileiros, mas aos nossos alunos, às famílias que compõem toda a nossa comunidade escolar e à sociedade brasileira em geral, posicionamo-nos de forma contundente contra a aprovação deste projeto de lei que ora tramita pelo Congresso Nacional e busca vilipendiar direitos historicamente consagrados pela carta cidadã de 1988. Reiteramos, desde já, que essa decisão em nada se relaciona com qualquer postura da instituição.  

Nós, educadores, fazendo eco à mensagem da CNBB ao povo brasileiro, reafirmamos que “a opção por um liberalismo exacerbado e perverso, que desidrata o Estado quase ao ponto de eliminá-lo, ignorando as políticas sociais de vital importância para a maioria da população, favorece o aumento das desigualdades e a concentração de renda em níveis intoleráveis, tornando os ricos mais ricos à custa dos pobres cada vez mais pobres, conforme já lembrava o Papa João Paulo II na Conferência de Puebla (1979).” (Nota da 57a. Assembleia Geral da CNBB). 

Guilherme Fiuza ironizou: “Escola particular em greve contra corte de verba pública? Esse corte que com o PT era contingenciamento democrático e agora é destruição fascista? Senhores pais, esse curso de hipocrisia não está meio caro?”

Imaginem se houvesse doutrinação esquerdista! Um pai indignado resolveu escrever uma carta ao colégio:

Bom dia. Sou pai de aluno do colégio Santo Agostinho/Leblon e fui surpreendido com a nota publicada pelo corpo docente anunciando sua adesão à greve organizada pela esquerda contra o governo Bolsonaro. Em primeiro lugar a submissão do corpo docente deste colégio ao Sindicato dos Professores, dominado pela ideologia marxista que é absolutamente contra o Cristianismo e luta contra todos os valores que um colégio católico defende é uma lástima e um absurdo. Assim sendo dirijo esta carta à direção do Colégio falando também em nome de outros pais que assinam a carta comigo.

Dito isso, na nota os docentes especificam que a proposta de reforma da Previdência representa uma ameaça aos alunos e à toda a sociedade. Ora, é trabalho de matemática simples verificar que o sistema atual de Previdência irá quebrar o país em poucos anos se não for reformado e não há nada de errado ou imoral na proposta do governo. É mais que evidente para quem acompanha as notícias que por trás deste discurso improvável se esconde o temor de que os benefícios da reforma para a sociedade terminem por garantir a reeleição do atual presidente. Portanto a decisão do corpo docente não se escora em preocupação alguma mas sim em interesses políticos dos grupos que dominam o sindicato dos professores. É bom deixar claro que percebemos a verdade e conseguimos ver além da retórica rasa.

De qualquer forma não é, definitivamente, tarefa do corpo docente de uma escola usar seus postos para exercer pressão política de qualquer natureza. Isso pode ser feito individualmente sem o uso do cargo de professor e sem atrapalhar o andamento das aulas. Ou seja, em seu tempo livre e privado.

A referência à CNBB apenas confirma o que disse no início da carta. Trata-se de uma organização desvinculada da Igreja Católica e que vêm agindo politicamente de forma ostensiva defendendo valores marxistas diametralmente opostos àqueles da Igreja. Invocar o nome do Santo João Paulo II é de uma desfaçatez inacreditável. Jamais o Santo apoiaria o socialismo defendido tanto pela CNBB quanto pelo Sindicato dos Professores e inclusive ele foi elemento fundamental na derrocada do comunismo soviético.

Na nota o corpo docente desinforma, citando cortes a investimentos em bolsas quando o próprio ministro da Educação, Abrahão Weintraub explicou cuidadosamente que trata-se de bloqueio emergencial por conta da situação financeira herdada de governos passados e que será revertido se a situação econômica melhorar. A isso chamamos de responsabilidade fiscal e removemos a presidente Dilma justamente por violação grosseira deste princípio fundamental de gestão econômica. 

Concluo então que se o corpo docente do CSA/Leblon defende estas pautas está em total desalinho com a expectativa dos pais dos alunos deste colégio e da sociedade brasileira que elegeu o presidente Jair Messias Bolsonaro para cumprir suas promessas de campanha. Muito me espantará se a direção concordar com esta paralisação e com o teor da nota apresentada pelo corpo docente.

Queremos que o corpo docente ensine nossos alunos se atendo ao material didático, que permitam e incentivem o debate de idéias sem fazer juízo de valor sobre posições divergentes das suas e que não utilizem seus cargos, sua influência sobre os alunos e seu tempo de aula para qualquer tipo de defesa de posição política pessoal, que seria uma completa ilegalidade.

A direção do Colégio Santo Inácio avisou que não irá aderir à paralisação e muito apreciaríamos se o Colégio Santo Agostinho fizesse o mesmo. Esperamos assim que a direção acolha esta carta e aja de acordo com as expectativas dos pais que assinam esta em relação à essa paralisação.

Irretocável a carta assinada por Eduardo Vieira. Espero que a direção do Colégio Santo Agostinho reflita e repense sua decisão, pois ainda há tempo. Quem coloca o filho lá não quer justamente esse tipo de doutrinação. Se fosse para ser imerso numa mentalidade “progressista”, os pais colocavam na Escola Parque…

Rodrigo Constantino

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