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Hegemonia de esquerda
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No post sobre a Mídia Ninja, afirmei que o PSDB é um partido de esquerda, só que mais light e civilizado (esquerda herbívora, para usar o termo do excelente “Volta do Idiota”). A afirmação gerou gargalhadas nos visitantes da esquerda radical, que enxergam os tucanos como o ícone máximo do “neoliberalismo”. Mal sabem que em qualquer país do mundo o PSDB seria visto como centro-esquerda, ou esquerda mesmo, pura e simples.

Esse tipo de reação mostra o estágio atrasado em que o debate político se encontra no Brasil. Muitos realmente acreditam que FHC é um liberal, até mesmo do tipo radical. É muita ignorância. É resultado de uma estratégia sagaz da própria esquerda, que vai sempre jogando mais para lá o debate, fazendo com que até mesmo um social-democrata estilo europeu seja visto como ultraliberal por aqui. Eu sou o que então?

Mas se não querem escutar de mim que há uma hegemonia de esquerda na política, que tal de um esquerdista? José Niemeyer é professor do Ibmec, e de esquerda. Ele escreveu recentemente um artigo para o VALOR celebrando que temos, justamente, uma hegemonia de esquerda na política nacional. Diz ele:

Todavia, se consolidadas e apresentadas, estas cinco principais candidaturas fariam do pleito presidencial de 2014 um momento ímpar na historiografia política brasileira. Seriam cinco líderes de muito peso eleitoral, representantes de uma nova safra de políticos com um currículo de peso para o exercício da Presidência da República.

Além disso: seriam cinco candidatos com uma agenda de centro-esquerda. Todos eles líderes que combateram o regime militar quase dentro das mesmas trincheiras.

Agora como adversários, e não inimigos, teríamos um debate de alto nível, mostrando as vicissitudes e as contradições dos respectivos planos de governos que parecem muito próximos em um prisma histórico-ideológico.

Por exemplo: qual o nível ótimo de interferência do Estado na vida nacional? Qual modelo de sociedade civil dever-se-ia construir por estas bandas? Como combater desigualdades a partir da necessidade imperiosa de desregulamentar mercados? Qual é o melhor modelo para uma inserção internacional do País? Entre muitas outras questões de proa que fariam dos debates com esses partidos e candidatos quase uma aula diária de ciência política.

Não concordo com o professor quanto ao nível do debate, tampouco com o tom de comemoração por termos somente a esquerda representada nas eleições. Isso é muito ruim! Nós precisamos de alternativas efetivamente liberais, e também conservadoras (no sentido inglês, por favor). A pluralidade, tão defendida da boca para fora pela esquerda, não é realidade aqui. Temos apenas 50 tons de vermelho, mas nada de cor diferente.

Para quem discorda, recomendo a entrevista que fiz ontem com João Amoedo, fundador do Partido NOVO. Escutem suas propostas, e respondam com sinceridade: algum dos partidos que vão disputar as eleições apresenta uma agenda minimamente parecida com esta? Pois é. Isso, sim, tem cara de liberalismo. O que vemos por aí, não!

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