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Inocentes úteis como massa de manobra dos radicais: o caso da Guerra Civil Espanhola e suas lições
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O que seria do comunismo sem seus inocentes úteis? O comunismo em si, extremamente radical, nunca foi capaz de seduzir mais do que uma pequena minoria de militantes, inclusive entre os proletários. Por isso sempre foi sua estratégia se infiltrar em movimentos tidos como mais “moderados” e utilizar os inocentes úteis como massa de manobra. Há farta documentação histórica que comprova essa estratégia. Mesmo nos Estados Unidos ela foi muito comum, inclusive em Hollywood.

Talvez um dos casos mais relevantes tenha sido a Guerra Civil Espanhola. Quem poderia ficar ao lado dos fascistas? E nada melhor do que ter autoritários reacionários de um lado para justificar a união do outro. Os “republicanos”, portanto, eram um verdadeiro saco de gatos. Tinha de tudo ali: desde utópicos anarquistas até republicanos de verdade, defensores da democracia. Mas acabaram servindo a um só mestre: o comunismo. E ajudaram a levar o fascista ao poder.

É o que argumenta Vladimir Tismăneanu, escritor romeno, em Do Comunismo. Abaixo, algumas passagens:

Deve-se reconhecer que poucos termos se prestam a tantas confusões semânticas como os de direita e de esquerda. As propagandas totalitárias conseguiram dilapidar os registros de valores e anexar a eles auréolas em nada justificadas. Estes esclarecimentos são tanto mais necessários, porque a história do século XX foi desfigurada em função de interesses partidários mesquinhos.

Nesse sentido, a Guerra Civil da Espanha, ocorrida entre 1936 e 1939, talvez seja o exemplo mais surpreendente de violação da verdade histórica em nome da perpetuação de alguns mitos há muito esgotados.

Escrevia Orwell: “Um dos mais tristes resultados desta guerra é que me ensinou que a imprensa de esquerda é tão mentirosa e desonesta quanto a imprensa de direita”.

A oposição diante do golpe de estado militar vinha, portanto, de uma recusa instintiva ao autoritarismo e de maneira nenhuma da simpatia pelos ideais comunistas. Ademais, o PC espanhol estava longe de representar uma grande força política. Sua única vantagem, em comparação com outros grupos políticos, era a estrutura organizacional semimilitar, de natureza que lhe permitisse a mobilização rápida de todos os recursos disponíveis.

Todas as técnicas de manipulação foram colocadas em ação para transformar o partido comunista num partido com base de massa. De 28 mil membros na primavera do ano de 1936, o PC espanhol chegava a 300 mil em março de 1937. Os inimigos reais e imaginários eram criminalizados, e os discursos dos líderes comunistas abundavam em invectivas e em tentativas de liquidação dos trotskistas e de outros “hipócritas”.

Uma das missões-chave dos “instrutores” do Comintern na Espanha (camuflados como oficiais ou intérpretes das Brigadas Internacionais) era exatamente a “detecção” e “desmascaramento” dos supostos traidores.

As milícias trabalhadoras, organizadas pela esquerda não comunista em 1936 foram a base da resistência antifranquista e o mais importante apoio do governo legal. Orwell, que lutou nas fileiras das milícias anarquistas, descrevia a psicologia místico-cândida desses amantes da liberdade: “Para a grande maioria desses homens, o socialismo ou significa uma sociedade sem classes, ou não significa nada […]. As milícias espanholas, tanto quanto duraram, foram um tipo de microcosmo de uma sociedade sem classes”.

Vinte anos antes da supressão da Revolução Magiar, os cominternistas consagraram-se à extirpação dos germes de democracia operária da Espanha da guerra civil. Em março de 1937, os comunistas dirigidos por Antonio Cordón (o chefe do Secretário Técnico do Ministério da Defesa) conseguiram a hegemonia no exército republicano.

Num intervalo de um ano, o “Lênin” espanhol (apelido de Caballero) transfigurara-se num “inimigo da revolução”. Métodos, como se vê, utilizados depois de 1944 contra os que se opunham à sovietização total da Europa Oriental.

[…] os comunistas açambarcaram o controle do exército e da polícia secreta e planejaram repressões sanguinolentas contra seus adversários políticos.

“A democracia popular” significa o monolitismo, a arregimentação fanática, a obediência incondicionada de ordens supostamente sacrossantas. Qualquer expressão de diversidade era, portanto, denunciada a priori como serviço para os franquistas, assim como, mais tarde, na Europa Oriental sovietizada, a mordaça marxista-leninista procurará suprimir as vozes de protesto.

O problema central da Guerra Civil da Espanha foi exatamente a vulnerabilidade do projeto democrático, a incapacidade das forças republicanas de constituir o que representa o centro do tabuleiro político oposto a qualquer extremismo polarizador.

O que aconteceu na Espanha, pela rivalidade desesperada e ao mesmo tempo absurda dos diversos atores políticos, cada um com sua própria agenda, cada um com sua própria irresponsabilidade, foi a criação de uma estrutura de oportunidade para os cenários ditatoriais de tipo fascista ou stalinóide.

Não nego que o antifascismo era uma obrigação moral. Em igual medida também com o anticomunismo. O que quero acentuar é que esses intelectuais decidiram calar-se (ou até mais gravemente, mentir) com relação ao universo concentracionário comunista.

Os partidários da democracia, entre os quais lembraria Miguel de Unamuno, assistiam impotentes a essa competição dos intolerantes.

Então quando as tropas de Franco penetraram em Madri, em 28 de março, poucos eram os que se davam conta de que dali a poucos meses o ministro das relações exteriores de Hitler, Joachim von Ribbentrop, se encontraria com Stálin em Moscou e assinaria o pacto funesto de não agressão. Obcecada por seus arquétipos ideológicos, enfeitiçada pelos fantasmas doutrinários, a esquerda já não era capaz de ao menos articular um grito de protesto na hora em que as hienas totalitárias se abraçavam de maneira obscena.

As Brigadas Vermelhas eram instrumentos comunistas que controlavam inúmeros grupos mais românticos, incomodados (com razão) com a ameaça fascista em Franco. Mas eis o ponto-chave, que devemos tirar como lição disso tudo: ao se deixar seduzir pelo romantismo utópico, essa gente acabou dando munição para comunistas radicais, o que, por sua vez, ajudou muito na reação que levou Franco ao poder.

Se dermos um fast forward para os dias de hoje e trocarmos o comunismo pelo islamofascismo, veremos que ocorre algo semelhante. Para a esquerda mais romântica atacar os “fascistas” que enxergam na direita conservadora, ela parece disposta a tudo, inclusive se alinhar ao que há de pior no mundo: o radicalismo islâmico, o totalitarismo que substitui o velho comunismo como ameaça mais concreta à civilização ocidental. Essa aliança é nefasta, e não pode acabar bem: vai produzir ou o caos sob o domínio islâmico, ou uma reação cada vez mais forte que poderá levar, de fato, a extrema-direita ao poder no Ocidente.

George Orwell era um socialista romântico e voluntário na Guerra Civil Espanhola. No entanto, acabou fazendo coro aos comunistas que aprendeu a desprezar, e retratou tão bem em 1984 Revolução dos Bichos. Eis o grande perigo de quem é “liberal” hoje, “progressista”, odeia o Partido Republicano e acaba, para atacá-lo, tomando o partido dos maiores inimigos da liberdade individual e da civilização ocidental.

Os radicais islâmicos não perseguem somente gays; perseguem também mulheres, cristãos, todos os “infiéis” que não aderem à seita. São homofóbicos, são misóginos, são cristofóbicos, querem destruir o Ocidente e seu estilo de vida. Mas o foco dos “progressistas”, por medo de Donald Trump, é falar em “islamofobia”, até mesmo gente do movimento LGBT. Isso é suicídio!

Se essa atitude dos inocentes úteis continuar, mesmo com a escalada de terror dos muçulmanos fanáticos, o bufão Trump deixará saudades, pois virá algo muito pior. De tanto rotular de “extrema-direita” e “fascista” quem não é nada disso, essa esquerda vai acabar produzindo um verdadeiro fascista, que irá capturar toda a revolta, a angústia e o medo da população em geral e chegar ao poder, como fez Franco na Espanha.

Um pusilânime “multiculturalista” como Obama já ajudou muito à chegada de um Donald Trump fanfarrão nas paradas. Muitos estão cansados do politicamente correto, do discurso covarde, da narrativa “progressista”, do “pacifismo” bundão, da marcha dos oprimidos que insiste em atacar os valores mais caros ocidentais e pintar o homem branco cristão ou judeu como o vilão da humanidade. Mais quatro ou oito anos disso, no caso de uma vitória de Hillary Clinton, e não teremos um demagogo como Trump nas próximas disputas, e sim um legítimo fascista.

É hora de acordar para o perigo e deixar de bancar o idiota útil dos radicais muçulmanos, que contam com estratégia, financiamento, treinamento militar, aparelhamento de universidades, imprensa etc, tudo com a ajuda dos velhos comunistas que não pararam ainda de sonhar com a derrocada capitalista ocidental.

Rodrigo Constantino

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