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Foto: Leo Pinheiro/Valor/Agência O Globo
Foto: Leo Pinheiro/Valor/Agência O Globo| Foto:

A cara de pau de alguns bolsonaristas, especialmente aqueles influenciados pelo “guru” de Virgínia, não tem limite mesmo! A tática olavista é hilária e o “aluno brilhante” do guru, Filipe G. Martins, que é assessor especial da Presidência para assuntos externos, também conhecido como Robespirralho, mostra que aprendeu a lição direitinho: esperou Marcos Cintra cair para se vangloriar de que “estava certo” quando riu do “boato” de que Paulo Guedes (Paulo Guedes!!!) queria a volta da CPMF.

Reparem que, na mensagem original resgatada pela imprensa, ele ri da possibilidade de alguém como Paulo Guedes desejar a volta da CPMF. Mas ele desejou! Ele deseja! Todos sabem que Cintra SEMPRE defendeu isso, quase o homem de uma nota só, e até Guedes embarcou abertamente nessa. E quase convenceu Bolsonaro. Mas como a grita foi enorme – e não dos bolsonaristas, que já achavam o imposto belo – Cintra caiu como boi de piranha.

E agora Sorocabannon, outro apelido nas redes sociais do jovem ambicioso, tira sarro de que estava certo, contra os “abutres” da mídia. Então PG nunca sequer cogitou a volta da CPMF? É isso que o cara de pau afirma? Seria cômico, não fosse trágico. Cintra estava lá justamente por isso. Foi sacrificado como o bode expiatório. Bolsonaro não tem coragem de demitir Guedes. Não ainda…

Ele já estava errado, portanto, pois riu da possibilidade de PG trazer de volta o imposto, e o ministro queria isso sim, e bem que tentou. E diga-se: há argumentos razoáveis a favor da CPMF! Foi a mensagem que tentei levar ao debate, com cautela, enquanto bolsonaristas ou adoravam a ideia, ou, como agora, voltaram a odia-la, de acordo com a conveniência apenas. Um comentário esfregou na cara de Filipe a real:

Com mais um pouco de óleo de peroba e bolsolavistas dirão que Cintra era um agente comunista infiltrado para boicotar o governo, tendo enganado Guedes e Bolso. Eis o modus operandi dessa turma. Quem realmente se colocou contra a volta da CPMF desde o início, e foi crucial para dissuadir Guedes, foi Rodrigo Maia, demonizado pelos bolsonaristas. Ele garantiu que não passava na Câmara e por isso desistiram da ideia, assim como pelo fato de ter se tornado público demais o debate, com alto desgaste para o governo. O próprio vice-presidente Mourão admitiu isso:

O presidente em exercício Hamilton Mourão afirmou nesta quarta-feira que o presidente Jair Bolsonaro decidiu demitir Marcos Cintra da Receita Federal porque a discussão em torno da criação de um imposto nos moldes da CPMF se tornou “pública demais”, e não devido à proposta em si. Mourão disse que Bolsonaro não tem uma “decisão” sobre o imposto. No entanto, o presidente escreveu mais cedo em uma rede social que a CPMF está descartada da reforma.

— Foi decisão do presidente — disse Mourão, ao deixar o Palácio do Planalto. — É a questão do Imposto de Transação Financeira que o presidente Bolsonaro não tem uma decisão a este respeito e ele acha que a discussão se tornou pública demais antes de passar por ele.

Segundo Mourão, Bolsonaro não gostou do fato do debate sobre o imposto ter “transbordado” e ter chegado inclusive nas redes sociais.

— Antes de ter passado por ele, antes de ter discutido com ele, esse troço transbordou, já estava sendo discutido em rede social, essas coisas todas, e o presidente não gostou.

Ou seja, vamos aos fatos: há bons argumentos a favor da CPMF, um imposto com ampla base e de difícil sonegação, que pega até informais e não necessita de enorme aparato administrativo para arrecadar ou fiscalizar, e que pode gerar receitas de até R$ 150 bi para o governo; a ideia não era apenas voltar com ela, mas substituir outros impostos, sem aumentar a carga total; a ideia, ainda assim, recebeu muitas críticas e encontrou forte resistência popular; na Câmara, Maia sempre deixou claro que não havia chance de ser aprovada; o debate todo gerou muito ruído e desgaste, Bolsonaro seria acusado de estelionato eleitoral, a mídia resgatou várias mensagens dele e de ministros contra a CPMF no passado, e o preço político seria alto; Cintra caiu porque o debate “transbordou” demais e era preciso enterrar de vez a ideia, sacrificando um bode expiatório no processo, para blindar o presidente. Os bolsonaristas, agora liberados para odiar a CPMF novamente, fingem que nada disso aconteceu e ainda bancam os que “estão sempre certos”, acusando a imprensa de “abutre”. Quem ri por último ri melhor…

Rodrigo Constantino

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