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Não se pode elogiar: Trump e o imposto de importação
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Por João Luiz Mauad, publicado pelo Instituto Liberal

Bastou eu fazer um elogio à política econômica de Trump, para ele me fazer queimar a língua.

Em mais um golpe de sua guerra comercial particular contra aqueles que, segundo ele, estão destruindo a América com seus produtos baratos, o presidente americano impôs recentemente um imposto de importaçãosobre as máquinas de lavar roupa e os painéis solares fabricados no exterior, algo que provavelmente tornará esses produtos mais caros para os consumidores norte americanos, sejam eles pessoas ou empresas.

No caso das lavadoras, o imposto começa em 20% para as primeiras 1,2 milhões de unidades importadas este ano. Em seguida, pula para 50% por cada outra máquina trazida depois disso. A tarifa para os painéis será de 30%. É muito cedo para dizer quando e quanto os preços irão subir, mas se há algo com que todos concordam é que eles irão.

Como é sempre o caso, a justificativa para a imposição destas tarifas é a proteção dos produtores americanos de tais equipamentos contra a concorrência estrangeira “desleal”, bem como dos empregos que eles geram. O problema é que, além da proteção que essas tarifas de fato irão fornecer aos fabricantes locais, elas representarão também incalculáveis prejuízos aos consumidores domésticos e trabalhadores em outras indústrias. Se não dá para avaliar ainda os prejuízos, a boa teoria econômica dá como certo que as tarifas elevarão o preço dos painéis solares e das lavadoras, diminuindo assim a demanda por tais equipamentos.

Segundo o WSJ, fontes da indústria de instalação de painéis solares disseram que as tarifas vão diminuir o crescimento das instalações desses painéis e, conseqüentemente, dos empregos que criam – que são mais abundantes do que os alocados na fabricação – uma indústria relativamente pequena nos EUA.

A Associação das Indústrias de Energia Solar estima que as proteções comerciais custarão 23 mil empregos nos Estados Unidos só neste ano, e que bilhões de dólares em investimentos serão postergados ​​ou cancelados.

Como expliquei na semana passada, quando os governos resolvem impor tarifas, tal decisão geralmente ignora os efeitos econômicos gerais, principalmente de longo prazo, dessa decisão. Normalmente, só consideram o benefício imediato para a indústria doméstica, às voltas com concorrência estrangeira.  Desconsideram completamente o efeito do novo imposto sobre os consumidores, cujas escolhas ficam reduzidas por conta dos preços mais elevados.  De acordo com o mesmo WSJ, os consumidores podem esperar aumentos de preços para novas máquinas de lavar da ordem de 8% -20%.

Além disso, os governos não levam em consideração o fato de que, uma vez que os consumidores pagarão preços mais altos por suas lavadoras, ficarão com menos dinheiro para gastar em outros produtos e serviços. Além do fato de que muitos consumidores desistirão de comprar uma lavadora nova, o que não é nada bom para os instaladores, por exemplo.

Sem meias palavras, a imposição de tarifas protecionistas é um roubo disfarçado aos bolsos de pagadores de impostos e consumidores, além de uma interferência indevida na vida de milhões de trabalhadores. A diferença, como ensina Don Boudreaux, é que, o contrário das vítimas de punguistas, larápios, estelionatários e assaltantes armados – cujas vítimas entendem facilmente que estão ficando mais pobres pela ação desses predadores – as vítimas de tarifas protecionistas normalmente não se dão conta de que estão sendo prejudicadas pela ação do governo – e muitas até acham que estão sendo beneficiadas.

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