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O preço de não olhar para baixo para o futuro dos EUA
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Por Bordin Burke, publicado pelo Instituto Liberal

No grande sucesso de bilheteria (misto de eco-chatice com anticapitalismo dos mais baratos) “Avatar”, de James Cameron, há uma cena que faz lembrar o momento pelo qual está prestes a atravessar o povo dos Estados Unidos da América: a cena em que Jake Sully consegue montar e dominar um “great leonopteryx”, ou simplesmente Toruk. O soldado vira-casaca resolver atacar pelo alto, pois sua estratégia leva em conta o fato de que o Toruk não possui predadores naturais, e, em razão disso, “por que ele olharia para cima?”. O plano funciona, e o animal alado que pairava soberano pelos céus de Pandora vira a aeronave de caça doNa’vi naturalizado, totalmente dominado e obediente após estabelecido o elo entre eles . Quase como está prestes a acontecer com os EUA, que podem pagar o preço por não olhar para baixo – leia-se:para o que acontece na América Latina.

Definidos os principais candidatos à corrida presidencial pela Casa Branca, salta aos olhos o perfil favorecido pelos eleitores que votaram nas prévias dos partidos Democrata e Republicano: políticos que prometem mundos e fundos, bem à moda dos caudilhos Latino-americanos. Cada qual bufa ao seu estilo, mas todos partilham e não escondem a predileção pela intervenção estatal na economia, em detrimento da liberdade econômica, predominante desde a época dos Founding Fathers, e que fez daquele país a nação mais rica (e justa) do planeta – e isso que o pior deles, defensor incondicional do “governo grátis” para todos, Bernie Sanders, ficou de fora. Não à toa, candidatos mais moderados, como Marco Rubio, ficaram para trás logo no início da disputa. Parece que a América quer um salvador da pátria mesmo, e não apenas alguém que atrapalhe menos seu desenvolvimento.

Se o Toruk, do alto de sua imponência, perdeu a liberdade por não olhar para cima, os Estados Unidos, por sua vez, podem estar deixando-se dominar por governos de caráter populista que acometem seus vizinhos do Sul no último quarto de século – o que poderia ser resolvido, portanto, com um olhar mais atento para baixo. Ao invés disso, Barack Obama paga uma visita simpática e cordial ao país que sintetiza todos os males que o socialismo pode trazer a um povo, em pleno século XXI, e a opinião pública americana aplaude. Talvez queiram mesmo sentir na pele do que é capaz um governo que se expande feito câncer sobre a sociedade, seja ele Republicano ou Democrata – com a ressalva de que não se trata de um filme, e não há dublê na hora de passar fome feito os Venezuelanos.

O “reality comunist show” que os americanos parecem estar querendo participar em sua própria terra não costuma ter vencedores, a não ser alguns poucos apaniguados dos “líderes supremos”. Basta olhar onde foram parar os indicadores sociais e econômicos dos países domados pelo Bolivarianismo, como Bolívia, Argentina, Equador, Venezuela, e o Brasil Lulopetista: na lata do lixo, claro. Liberdade de expressão, livre mercado, alternância no poder, produtividade e dignidade são expressões que, em menor ou maior grau em cada um desses países, simplesmente vem deixando de existir.

Felizmente (para elas e para nós, seus vizinhos), algumas dessas nações, antes que suas trajetórias atingissem um “no turning back point”, resolveram livrar-se dos populistas e aderir a um modelo de gestão que privilegie a iniciativa privada e desinche o Estado. Brasil, Argentina e Peru já deram um grande passo nesses rumo; a Bolívia já dá sinais de que Evo Morales perde força política; e Maduro só não foi quicado de seu gabinete ainda porque usa da força de um governo ditatorial para manter-se no poder enquanto pode.

Ou seja, enquanto a América Latina tenta, a duras penas, livrar-se dessa mentalidade de governo paternalista e consertar os estragos de décadas de irresponsabilidade fiscal, os Estados Unidos parecem querer brincar de seguir na contramão da história do continente. Até mesmo Trump, ao contrário do que se esperaria de um candidato Republicano, flerta com propostas protecionistas que podem afugentar investidores, como proibir o outsourcing (terceirização no exterior), revisar acordos de livre comércio recentemente celebrados pelo país, e taxar pesadamente produtos vindos do exterior. Hilary Clinton, com seus planos de aumentar o salário mínimo (e o desemprego, por tabela) e demais ações previstas em sua agenda típica de esquerda, dispensa comentários. Alguém poderia fazer o favor de avisar a presidentA em potencial que só existe uma maneira de elevar salários: aumentando o capital disponível em relação à população.

Nossos vizinhos do Norte deveriam ter mais cautela: quem vai dormir sonhando em ser a Suécia pode acordar sem papel higiênico. Talvez eles acreditem que possam viver uma pequena experiência Psolista, sem maiores consequências, por serem “too big to fail”. O Toruk também acreditava piamente que não poderia ser subjugado. E um populista voando no lombo de um leonopteryx é motivo de calafrios para o resto do continente.

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