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O que interpretar da nova pesquisa Datafolha, com Lula, Bolsonaro e Marina à frente?
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A nova pesquisa Datafolha saiu e algumas análises apressadas são logo feitas, ignorando alertas importantes. Estamos aqui para isso. Em primeiro lugar, para lembrar que a credibilidade do Datafolha só não é pior do que a do próprio PT. Em segundo lugar, para dizer que qualquer pesquisa hoje é muito incerta, pois falta bastante para a eleição de 2018 e muita água ainda vai rolar, especialmente nesse ambiente dinâmico de crise em que vivemos.

Dito isso, a primeira constatação poderia ser a de que o Brasil não tem solução mesmo. Melhor procurar um emprego qualquer aqui nos States ou voltar ao mercado financeiro, porque vou te contar… é dose pra leão! O Brasil cansa. E teste ao limite nossa paciência. Lula?! Marina Silva?! Joaquim Barbosa?! Quanto tempo mais será preciso para o Brasil se livrar da extrema-esquerda?

Mas como a esperança é a última que morre, seguimos na luta, na árdua missão de levar um pouco de luz para os brasileiros, aprisionados na escuridão esquerdista após décadas de lavagem cerebral nas escolas, universidades e imprensa. E, de fato, há alguns raios de esperança, como o avanço de Bolsonaro, ainda que longe de ser um candidato ideal para liberais ou mesmo conservadores, e de João Doria, que, apesar de tucano, sem dúvida se trata de um tucano diferente, com mais testosterona.

A primeira conclusão mais importante que extraio da pesquisa é esta: a cultura importa, e muito! Essa lição infelizmente não ficou clara para muitos liberais “economicistas”, aqueles que acreditam na máxima do assessor de Clinton, de que “é a economia, estúpido”. Não é. Fosse a economia, não teríamos a disputa centrada em Lula, Marina e Bolsonaro.

Lula, por exemplo, é o resultado de décadas de narrativa esquerdista, de vitimismo, de propaganda enganosa. O homem foi responsável pela destruição de nossa economia, mas ainda tem chances? Sim, porque conta com um exército para inverter os fatos, para transferir responsabilidades, para bancar o defensor dos pobres. E a narrativa de uma ala da direita, de que todos são iguais, de que a política em si não presta, em nada ajudou: se todos são iguais, então a turma ignorante fica com seu guru conhecido, com o seu “bandido preferido”.

Marina Silva, o Lula de saias e embalado à clorofila, é também resultado de um investimento pesado em narrativa de vitimização, com a ajuda dos intelectuais e artistas “românticos”, sem falar de certos empresários e banqueiros. O mesmo vale para Joaquim Barbosa. Ambos são competitivos por conta da guerra cultural em curso. Não tem absolutamente nada a ver com a economia.

O mesmo para Jair Bolsonaro: uma reação a esse esquerdismo, a essa subversão de valores morais, a essa inversão que transforma bandido em vítima da sociedade, um grito de revolta e resgate da ética, já que o candidato é considerado honesto pela maioria, inclusive por seus inimigos, que precisam atacá-lo com rótulos como “machista”, “homofóbico” e “preconceituoso”, uma vez que não podem chamá-lo de corrupto. O juiz Sergio Moro teria boas chances se fosse candidato pelo mesmo motivo: bandeira ética, o que não tem nada a ver com aspectos econômicos.

Logo, é fundamental abandonar essa mentalidade “economicista” de que o povo só quer saber de emprego, só vota com o bolso. Não! O povo quer saber de ética, de valores morais, ou então de “justiça social” e “igualdade” do lado de lá. A hegemonia da esquerda na cultura mostra seus efeitos até hoje, com figuras como Lula, Marina e Joaquim Barbosa apresentando boas chances apesar de tudo. É a prova da força da narrativa nessa guerra cultural.

Esses eram os meus “dois cents” que gostaria de oferecer ao leitor. Agora, deixo-os com a boa análise de Bernardo Santoro, ex-presidente do Instituto Liberal. Volto depois apenas para um comentário final sobre Dória. Abaixo, alguns pontos que merecem destaque:

O Datafolha mantem a tendência de todos os institutos e pela primeira vez não testa mais o nome de Aécio, coisa que eu antecipei que aconteceria antes desse fenômeno ocorrer. Aécio acabou.

Em todos os cenários, apenas quem varia pra cima são Bolsonaro e Alckmin, e todos dentro da margem de erro. Como eu previ em uma conversa com alguns amigos, o cenário se estabilizou, ainda que dando momento positivo para direitistas e fabianistas.

Como escrevi em outro momento, a alternativa Dória passa por um confronto com Alckmin e saída do prefeito para o PSD. Caso contrário, ele voltaria com força ao ninho tucano, apoiando Alckmin. Dória tem se portado como capacho do Alckmin nos últimos eventos partidários, o que indica a opção do prefeito por pôr seu plano presidencial em segundo plano no momento.

O teste do nome de Caiado (DEM) é usado para machucar um eventual crescimento de Bolsonaro acima da margem de erro. Caiado não é candidato a presidente, e sim a governador de Goiás. A tática do Datafolha parece ter funcionado.

O cenário sem Lula confirma que é exatamente onde Ciro pode se tornar viável. Em uma eleição com Lula concorrendo, a candidatura Ciro é natimorta. Sem ele, Ciro pode se tornar o nome da esquerda em 2018.

Alckmin deixa de sangrar e empata tecnicamente em potencial com Dória. Essa pesquisa o deixa ainda mais confortável dentro do PSDB para encerrar de vez o projeto Dória.

Não sei se Dória está fora, pois claramente tem se portado como candidato, e sem dúvida seria o nome mais competitivo do partido. O problema é mesmo o PSDB. FHC e Serra jogam contra sempre, pois são os mais socialistas dos fabianos, são praticamente petistas. E Alckmin tem a ambição legítima de ser ele o candidato, ainda que lhe falte o carisma e a imagem de “outsider”, que Dória possui.

Em evento recente da XP, o prefeito de SP demonstrou ter uma narrativa pronta para enfrentar a esquerda radical, inclusive sabendo se colocar como vítima da ditadura também, e como o menino pobre e órfão que venceu na vida com seu trabalho honesto. Vale a pena ver sua palestra, para perceber como Dória é candidato e entende a importância da guerra cultural (ele praticamente não fala de números econômicos):

Mas se Dória será mesmo a alternativa tucana, isso vai depender muito dos caciques do partido, os mesmos que têm adotado essa postura pusilânime na hora de enfrentar o PT. Sem Dória, a direita terá basicamente Bolsonaro para votar como protesto contra essa esquerda hegemônica. E claro: é preciso aguardar quem vem aí pelo Novo…

Rodrigo Constantino

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