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Assisti na íntegra o segundo debate das prévias do Partido Republicano, desta vez na CNN, emissora tida como moderada e de centro, mas que tem claro viés de esquerda na verdade. Foi o mais longo debate, com 3 horas de duração. Nenhum pré-candidato se saiu muito mal, e nenhum brilhou isoladamente. O que mais chama a atenção é a qualidade do conjunto, do grupo todo que tem um recorde de nomes disputando a vaga de Obama.

Para começo de conversa, como administrar um debate com tanta gente sem acabar em confusão? Simples: os americanos respeitam as regras, o outro, e costumam ter educação. Não ficam interrompendo o tempo todo o oponente, e aguardam a vez de falar, respeitando também o tempo concedido pelos entrevistadores. A coisa fluiu muito bem, apesar de quantidade de debatedores.

Outro ponto que merece destaque é o preparo médio dos candidatos. O nível é realmente bom, e bate até certa inveja dos americanos: enquanto nós brasileiros precisamos filtrar muito para escolher o menos pior nos 30 tons de vermelho da política nacional, os americanos contam com uma gama de opções incrível dentro do Partido Republicano. São nomes de peso, que sem dúvida poderiam resgatar alguns valores caros ao povo americano e hoje perdidos com Obama no poder.

Nenhum deles se saiu muito mal. Donald Trump, o mais bufão do grupo, ainda lidera as pesquisas, mas ainda acho que tem ligação com o fenômeno midiático: ele já era conhecido, é um bilionário excêntrico, desperta curiosidade e tem recebido muita atenção da imprensa. Se fosse uma corrida de cem metros ele levava, mas como é uma maratona, acho que suas fragilidades de conteúdo serão fatais, o que é positivo para o país, já que dificilmente ele seria um bom presidente.

Marco Rubio, filho de imigrantes cubanos, de infância pobre (o casal milionário Clinton vai alegar que fala em nome dos pobres contra Rubio?), jovem determinado que tem clareza moral para separar o joio do trigo, saiu-se muito bem e merece destaque. Seria, talvez, minha escolha número um. Ben Carson, o neuro-cirurgião, esteve mais apagado, mas é um ótimo nome também (e a esquerda vai usar a cartada racial contra ele?).

Carly Fiorina, ex-CEO da HP, continua se destacando também (confesso que, a cada palavra sua, eu pensava em Dilma, e lamentava muito pelo Brasil). Deu uma resposta desconcertante sobre Trump, quando se recusou a comentar seu lamentável ataque sobre sua aparência, dizendo apenas que todos sabiam o que ele tinha dito (Trump ficou visivelmente sem graça e afirmou que Fiorina era “linda” em seguida). Ela fala com firmeza, e fez um discurso final memorável sobre a Lady Liberdade e a Lady Justiça, que pode ser visto abaixo:

Não vou avaliar um a um, pois basta dizer que muitos ali defendem abertamente valores conservadores (no comportamento) e liberais (na economia), ou seja, representam de fato a direita democrática. Entendem o que fez da América uma grande e excepcional nação, compreendem seu papel de liderança do mundo livre e desenvolvido, sabem que o excesso de estado é o grande inimigo do povo, e chegam a defender diretamente o fim da Receita Federal, algo um tanto utópico, mas que jamais seria sequer aventado no Brasil.

Quando vemos esse time de Republicanos, entendemos porque os Estados Unidos dificilmente serão como uma republiqueta latino-americana um dia, sob o domínio de populistas. É verdade que colocaram Obama no poder, e antes dele Jimmy Carter. Mas há oposição legítima. Há o peso das instituições, a cultura liberal enraizada no povo, o legado dos “pais fundadores” ainda vivo em muitos. O estrago que esses governantes mais populistas conseguem causar é, portanto, limitado. E quando exageram na dose, criam as condições necessárias para o surgimento de um Reagan da vida.

O fato de Trump, Ben Carson e Carly Fiorina liderarem as pesquisas mostra como o americano está cansado do establishment político, de Washington. Quer algo “de fora”, é o que parece dizer esse resultado. Mas mesmo dentro do sistema, da classe política profissional, há ótimos nomes no partido, gente que tem “track record” para mostrar, ou que adota discurso claramente conservador. A mediocridade do Partido Democrata sob Obama, cada vez mais à esquerda, criou a oportunidade para o avanço de nomes melhores do Partido Republicano. Que os americanos não deixem passar essa oportunidade!

PS: O TSE aprovou o nascimento do Partido NOVO nesta quarta, e seu grande desafio será justamente montar um time de primeira como esse que vimos no Partido Republicano. Com isso, o brasileiro finalmente poderá escolher o melhor, em vez de ter que se contentar com o menos pior. Tomara!

Rodrigo Constantino

 

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