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Pode não existir “cura gay”, mas o indivíduo tem direito de buscar tratamento se quiser
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Homossexualidade não é doença. É, talvez, um desvio de comportamento, uma vez que não é algo natural ou que biologicamente faça sentido, ao menos não tendo em vista a reprodução da nossa espécie (e sem ela tudo acaba, inclusive a homossexualidade). Mas procriar não é tudo na vida, sem dúvida, e a tendência moderna é justamente a normatização do que era considerado desvio antes.

Se isso é desejável ou não, foge ao escopo desse texto. Quem me acompanha sabe que sou adepto da teoria de que o pêndulo “liberal” extrapolou demais, tornando-se libertino, hedonista e intencionalmente contrário à família tradicional, ao homem ocidental e ao cristianismo. Ou seja, nada contra o indivíduo gay, mas sim contra o movimento ideológico LGBT.

É como aquela piada: antes ser gay era considerado doença ou crime, depois passou a ser aceito, aí virou algo cool e descolado, em breve poderá ser obrigatório! Brincadeiras à parte, o ponto é que a histeria das “minorias” foi certamente longe demais. E hoje é legal ver numa novela uma menina que quer se transformar em menino, e encontra na psicóloga uma voz de compreensão e quase incentivo. Mas é absurdo falar em procurar ajuda profissional se for gay e não estiver à vontade com tal situação.

A “cura gay” é uma expressão criada pela esquerda. Não vejo conservadores falando em curar gays, e sim em permitir que busquem tratamento profissional, se assim desejarem. Nada mais liberal, humano. Entendo o receio de muitos, que temem um aumento da homofobia se ser gay for considerado uma doença. Mas eles erram o alvo: se o próprio gay tiver questões com sua sexualidade, ele tem todo direito de buscar ajuda. Eis o ponto central aqui.

Um amigo, advogado liberal, comentou num grupo de debates sobre a decisão do juiz:

Uma ponderação: se se permite o tratamento para mudança de sexo, por que o indivíduo é proibido de receber ajuda se optar — livremente — por reverter a homosexualidade? No caso da decisão do magistrado, salvo melhor juízo, não se fala em “cura gay”; mas, sim, de uma resolução do Conselho Federal de Psicologia que veda o suporte a qualquer pessoa que queira — sabe-se lá porque razão — reverter a homosexualidade. 

Ora, por que essas pessoas são excluídas do suporte psicológico? Inclusive, se for o caso, para o indivíduo concluir que não há nada de errado em ser homosexual. 

Me parece que o Conselho Federal de Psicologia foi discriminatório. A questão não é de ser doença — na minha opinião, não é(!) — mas, de prestar auxílio psicológico a quem o solicita. 

Traço um paralelo: psicólogos são chamados por diversas pessoas com problemas de relacionamentos familiares. Isto é doença? Não!!!!! Todavia, os indivíduos precisam de suporte, e o Conselho Federal não nega. 

Concordo com o colega. Um outro conhecido foi direto ao ponto também:

O termo cura foi adotado pelos progressistas, para fazer parecer que o gay seria considerado um doente. Na verdade trata-se de terapia/análise. Um lado está insatisfeito com sua situação e procura ajuda junto a um profissional especializado. Até 1990 o homossexualismo era considerado um transtorno ou doença. Minha visão é que não é uma doença, mas um desvio. Do ponto de vista biológico, não funciona para a reprodução (função primária do sexo). Também não considero que seja algo saudável. Dito isso, o indivíduo tem seu direito de escolha (que deve ser respeitado) tanto para exercer sua homossexualidade quanto para “tratá-la”, caso assim o queira.

Já Leandro Narloch, na Folha, escreveu uma coluna em linhas parecidas, mas fazendo um paralelo com a mostra “cultural” do Santander:

Em sessões de psicologia clínica, o conceito de bem-estar é subjetivo. Depende do paciente definir o que considera um mal, um distúrbio que deseja tratar. Deve ter liberdade para tentar se livrar de um traço de personalidade que o incomoda ou aprender a lidar com ele. Não são especialistas, ativistas ou burocratas que devem definir o que é um comportamento saudável.

Uma mulher pode se incomodar com uma vida sexual promíscua e procurar um psicólogo para mudar de conduta, enquanto outra busca ajuda justamente para se libertar de amarras sexuais.

Muitos homens procuram aconselhamento para conseguirem sair do armário e contar à família sobre sua orientação sexual. Mas nada impede que outros considerem que o hábito de fazer sexo com homens prejudica sua vida e optem por largar esse comportamento.

Em todos esses casos, a opinião de feministas, católicos, de Jean Wyllys ou de Marco Feliciano não deve se impor sobre a do indivíduo que busca ajuda na terapia. A escolha por uma “cura gay” ou “cura hétero” deve ser feita entre as quatro paredes do consultório.

É engraçado ver gente contrária à censura do Santander, que envolvia dinheiro público e presença de crianças, querendo agora se intrometer no que homens adultos fazem com o próprio dinheiro.

Sobre o risco de charlatanismo, de propaganda enganosa por parte do profissional, Narloch lembra que isso continua proibido, não só para a “cura gay” como para todo o restante:

Ao anunciar serviços, psicólogos só podem fazer referência a suas qualificações e a técnicas reconhecidas pelo conselho. Propagandas do tipo “resolvo vício e insônia” ou “faço seu filho virar macho em duas semanas” continuarão proibidas e motivando processos.

Narloch conclui cobrando coerência da comunidade gay, que muitas vezes lança mão do argumento liberal para defender seu estilo de vida: “Gays costumam dizer que o Estado não deve se meter no que homens adultos fazem voluntariamente a portas fechadas. Pois isso também deveria valer para a relação entre o psicólogo e seu paciente”.

Se o gay é “bem resolvido” com sua sexualidade, então ótimo: que seja feliz, de preferência sem transformar seu corpo em bandeira política, e sem praticar atentado ao pudor (que é crime, para todos) nas passeatas cafonas dos movimentos LGBTYXZ, como alguns fazem para chocar as senhoras presentes, ignorando até crianças ao lado. Que faça como Paulo Gustavo, que gravou um vídeo hilário sobre a “cura gay”:

Mas se ele tiver problemas com essa inclinação sexual, se não se sentir bem com sua situação, apesar de toda a campanha global, que possa procurar ajuda, não como no “meme” irônico que circulou pelas redes sociais, mas de um profissional capacitado, para lidar com sua específica questão existencial.

“Meme” irônico que andou circulando pelas redes sociais.

Sabemos que os Conselhos de Psicologia estão tomados por comunistas, como quase todos (os de economia idem). Sabemos que os psicanalistas e psicólogos de hoje abraçaram de vez a “ideologia de gênero” e outras bizarrices, e que adotaram o relativismo moral exacerbado como sua religião. E sabemos, ainda, que os únicos que têm oferecido resistência para valer a essa agenda nefasta são os evangélicos.

São eles, sem dúvida, que estão por trás de reações contra a proibição da tal “cura gay”. Posso não gostar muito de sua visão acerca da homossexualidade. Posso achar até que exageram para o lado conservador nos costumes. Mas como tenho a clara percepção de que o pêndulo extrapolou – e muito! – para o outro lado, mesmo como liberal preciso reconhecer que essa turma tem feito um trabalho necessário e importante para restaurar certo equilíbrio.

Estamos hoje muito fora do equilíbrio. Na marcha das minorias oprimidas, nessa revolução das vítimas em curso, não é preciso coragem para “sair do armário”, a menos que o armário seja aquele que oculta uma visão mais conservadora de mundo, em que ser transgênero não é a coisa mais fofa que existe. Ainda assim, se o indivíduo homossexual tiver questões com sua sexualidade e desejar tratamento, ele deve ser livre para tanto. Ninguém tem nada com isso.

Rodrigo Constantino

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