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Por que os terroristas suicidas provocam desespero nas forças policiais?
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Por Ricardo Bordin, publicado pelo Instituto Liberal

Os recentes ataques à bomba em Nova York e Nova Jersey reacenderam o debate sobre a ameaça terrorista no Ocidente. E, a reboque, reavivaram a polêmica sobre a entrada de imigrantes do Oriente Médio e demais nações de maioria muçulmana nos Estados Unidos e na Europa, alvos frequentes de atentados. Tudo isso porque as forças de segurança destes países têm falhado na missão de plotar elementos suspeitos e aprisioná-los antes que possam empreender suas funestas ações.

Mas será que não se trata de uma tarefa por demais ingrata a destes policiais e agentes, que precisam identificar pessoas cujas vidas costumam ser normais até o dia do crime, que são tachados de preconceituosos quando adotam determinado criminal profiling em suas perscrutações, e, o pior de tudo, que lidam com bandidos que não fazem questão de saírem vivos da cena do crime? Sim, pois o fato de que o terrorista não se importa (ou até prefere) em perder a vida faz toda a diferença no trabalho de prevenção destes ataques à civilização e ao modo de vida ocidental.

Se um indivíduo pretende entrar em uma boate em Orlando atirando, fazer o maior número possível de vítimas, e não apenas sobreviver, mas também evadir-se do local sem ser reconhecido ou capturado, tal processo deverá ser meticulosamente planejado e ensaiado. O assassino precisará fazer contato prévio com comparsas que o ajudarão a fugir e o acobertarão após o delito. Necessitará de rotas de fuga, de veículos com placa fria, de identidade falsa, de dinheiro para manter-se por considerável tempo, e até mesmo para subornar algumas pessoas pelo caminho. Durante toda essa preparação, as autoridades terão diversas oportunidades de interceptar a comunicação desses terroristas, e a probabilidade de que eles deixem algum rastro ou ponta solta, antes ou depois do ato, é muito grande. Sua captura, nestes casos, é quase certa.

Mas se este mesmo indivíduo tem em mente simplesmente entrar atirando, e, ao final, trocar tiros com a polícia até a morte, aí tudo fica muito mais complicado para o enforcement, pois tal ação não irá requerer planejamento quase nenhum. Ele só precisa das armas e escolher o dia e a hora. Pronto. Como as forças de segurança da Flórida poderiam prever que Omar Mateen sentia ódio mortal de homossexuais e pretendia realizar uma carnificina na danceteria, se ele não precisou do apoio de ninguém na empreitada? E o mesmo se aplica ao motorista do caminhão em Nice: como não havia intenção de sair ileso, ele simplesmente escolheu uma noite muito movimentada, posicionou o caminhão e acelerou – sabedor, claro, de que seria alvejado até a morte, mas sem importar-se com isso. Ao contrário: tendo a certeza de que atingiu seu objetivo. Neste sentido, os chamados “lobos solitários” tornam-se ainda mais perigosos do que os extremistas ligados diretamente a grupos como o ISIS.

E aí está o cerne da questão: a motivação mais forte para o terrorista suicida é dada por sua crença religiosa, ou no mínimo por sua interpretação da fé religiosa, segundo a qual ele será recompensado com a ascensão ao Paraíso, consagrando-se como um mártir ungido por Deus. Em todo o mundo islâmico é possível observar fotos desses fiéis sacrificados nas paredes e nos muros, glorificando e sancionando socialmente suas arrepiantes ações. A partir daí, assegurar a própria morte passa a ser, portanto, uma pré-condição para o cumprimento de sua missão – e um grande obstáculo para os investigadores.

Eis porque se faz necessário triar com muita atenção os imigrantes que serão aceitos nestas nações que constituem os alvos preferenciais do terror islâmico. Receber a todos de braços abertos, como fez Ângela Merkel e pretende fazer Barak Obama, abrindo mão de um cuidadoso exame da vida pregressa desses, é largar uma batata quente demais na mão das forças policiais do país – e dos demais cidadãos, por consequência. E que não se compare esta conjuntura com a migração de europeus ocorrida logo após as grandes guerras, como a dos alemães e italianos que vieram para o Brasil. Transcrevo trecho de pertinente artigo de Mario Guerreiro, publicado pelo Instituto Liberal:

Tanto na Primeira como na Segunda Guerra, os Estados Unidos receberam grandes levas de imigrantes de países europeus, mas esse tipo de imigrante era muito diferente do tipo atual. Na sua maioria, eram profissionais liberais, muitos deles com curso superior e/ou um ofício técnico em seus países de origem, que fugiam da perseguição nazista e/ou das precárias condições econômicas da Europa devastada pela guerra. Sua vinda para the home of the brave and the land of the free foi uma grande contribuição cultural e econômica para os EEUU. Diferentemente dos imigrantes atuais, na sua maioria hispânicos, mas também asiáticos e muçulmanos. Para citar apenas alguns nomes altamente qualificados: Ernst Cassirer, filósofo neokantiano judeu alemão; Fritz Lang, cineasta judeu alemão; Milton Friedman, Prêmio Nobel de Economia, nascido no Brooklin, mas filho de imigrantes judeus russos; Ayn Rand, filósofa judia russa, que fugiu do Reino do Terror de Lenin, Benny Goodman, “o rei do swing”, filho de judeus russos, etc. E só para que não digam que cito apenas nomes de judeus: Charles Chaplin, inglês naturalizado americano; Nikola Tesla, grande inventor sérvio da época de Thomas Edison e seu concorrente; Robert Oppenheimer, grande físico americano filho de imigrantes alemães, etc.

Quem sabe tal precaução possa ser suspensa quando a religião Islâmica passar a receber o mesmo tratamento destinado às demais religiões. Explico: a Igreja Católica, por exemplo, costuma ser fortemente criticada por determinadas orientações (de lógica e validade duvidosas) a seus fiéis, tais como não usar preservativos; diversas igrejas protestantes são frequentemente repreendidas por cobrar dízimos de seus devotos sem a devida prestação de contas; enfim, as pessoas não sentem receio de apontar o dedo na cara do padre ou do pastor, discordando de seus preceitos.

E tal prática salutar costuma dar resultado positivo, na medida em que a Igreja Católica mudou sua postura de forma significativa nos últimos séculos, chegando ao ponto de o Papa João Paulo II ter protagonizado um pedido de desculpas formal por pecados que considerava terem sido cometidos por sua religião. Martinho Lutero não teria logrado empreender a Reforma Luterana se considerasse politicamente incorreto revelar suas insatisfações com as práticas até então vigentes. Na mesma direção, é essencial que os muçulmanos que se dizem moderados (bem como todas as demais pessoas) critiquem livremente o que está errado na religião islâmica – especialmente as prescrições da Shariah, totalmente incompatíveis com a moral e a cultura cívica ocidental. Só assim a religião de Maomé poderá passar por este processo de depuração de ideais e princípios, e liberar seus fiéis da obrigação de viverem como na idade média.

É claro que afrontar uma religião com um histórico tão violento é tarefa bem mais árdua do que mandar Silas Malafaia calar-se, mas não há alternativa: ou isso, ou encarar o destino da Espanha no ano 711 DC. Quanto aos imigrantes que fogem às pencas de nações onde o Estado confunde-se com o Islã, sugiro ajuda-los fazendo o que já mostrou dar bons resultados: atacar aqueles que os estão obrigando a fugir. Diversas cidades tomadas pelo ISIS já foram recuperadas (e não foi distribuindo flores) por coalizões de curdos e americanos, e seus habitantes já estão podendo retomar suas vidas. Mas é claro que sugerir que as “forças imperialistas” interfiram no destino de outras nações é…fascista! Uma consulta rápida a cidadãos da Coréia do Sul e também do Vietnam, todavia, poderia mudar esta concepção facilmente.

Como afirma Roger Scruton, “O politicamente correto nos incita a ser tão “inclusivos” quanto pudermos, a não discriminar nem em pensamento ou em palavra, muito menos a agir deliberadamente contra as minorias étnicas, sexuais, religiosas ou comportamentais”. Mas este multiculturalismo que não exige nenhuma contrapartida do imigrante para com o povo que o acolhe, nem mesmo qualquer esforço de adaptação ao novo ambiente que o cerca, não pode servir de combustível para uma verdadeira jihad contra o povo ocidental.

Sobre o autor: Atua como Auditor-Fiscal do Trabalho, e no exercício da profissão constatou que, ao contrário do que poderia imaginar o senso comum, os verdadeiros exploradores da população humilde NÃO são os empreendedores. Também publica artigos em seu site: bordinburke.wordpress.com

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