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Genocida para os normais; Deus para os alienados.
Genocida para os normais; Deus para os alienados.| Foto:

O comunismo é uma espécie de religião política, de seita ideológica, de ópio dos intelectuais. Há farta evidência disso, o que nos leva a considerar o fator “fanatismo” como um dos principais atrativos da ideologia. Nesse sentido, o comunismo disputa com outros fanatismos totalitários, tais como o nazismo, o fascismo e o islamismo radical, o mesmo tipo de alma. Não devemos resumir o fenômeno a uma visão materialista de interesses e hipocrisia apenas, ainda que essas características também façam parte em muitos casos.

Há aqueles que realmente acreditaram ou acreditam na ideologia, a ponto de sacrificar tudo por ela, inclusive a própria vida. Não foram poucos os casos de suicídios. E o mais impressionante de tudo, do ponto de vista psicológico, é notar a quantidade de gente que, mesmo desgraçada pelo comunismo, mesmo tida como “traidora da causa” e prestes a ser fuzilada pelos “camaradas”, ainda insistia na devoção.

O caso de Bukharin é mais conhecido, pois Stalin ainda guardava sua carta em seu escritório, junto a poucos pertences, como prova de sua influência quase divina em algumas pessoas. A vítima amou seu algoz até o final. Mas há vários outros casos menos conhecidos. Como o de Mirel Costea (Nathan Zaider), chefe do Departamento de Pessoal do Partido Comunista Romeno. Traído por “camaradas”, optou pelo suicídio. E eis o teor de suas mensagens, segundo Vladimir Tismăneanu, autor de Do Comunismo:

Carta de Mirel Costea a Alexandru Rogojinschi:

Um comunista deve ter sempre confiança no Partido e deve ser o homem mais feliz do mundo quando sente que o Partido tem confiança nele. Fui feliz, alegrei-me pela confiança do Partido, e digo que a mereci, não enganei o Partido.

Odiei e odeio os inimigos da classe operária, os traidores dela […] procurei insuflar em suas irmãs, entre as quais minha esposa, que nós, como m.d.p. [membros de partido], temos de ter confiança no Partido; se não é culpado, [o cunhado] vai ser solto, se é culpado, nem em pensamento ficarei a seu lado, mas [ficarei] ao lado do Partido, sendo o pensamento do partido o nosso pensamento.

Se alguém era meu parente e eu percebia que ele era hostil, eu já não era seu parente, mas mandava-o para o diabo.

Foi-me tomada a fazenda? Foi-me nacionalizada a fábrica? (Se os tivesse tido, eu lhos teria dado com grande alegria). Que espero dos bandidos? E que eles podem oferecer-me? Dinheiro? Situação? Que permaneçam todos na garganta de Truman e dos outros atiçadores de guerra.

Há um homem honesto que não vibre pelo camarada Stálin? Não se lhe arrepie a pele quando ouve falar do camarada Stálin a alguém que o viu pessoalmente? […] Há um homem com cabeça que não permaneça admirador da ciência marxista-leninista-stalinista? Pela aplicação dela na vida? Pelo desenvolvimento dela cada vez maior? Se não tivesse sido m.d.p., se tivesse sido um cidadão comum, desejoso de trabalho para poder viver, ainda toda o meu olhar se dirigiria ao camarada Stálin, para a URSS, para o PCR-PMR. Que posso querer mais do que tive?

Trabalhei sem relógio na mesa… Pelo Partido que me deu a vida, os olhos, a cabeça, a tranquilidade, a satisfação, tudo, tudo, tudo me deu o Partido.

Não pude suportar o pensamento de que o Partido perdeu a confiança em mim. Por isso, beijo minha carteira de partido, que não sujei nem mesmo antes de tê-la, desta forma, nem quando a tenho. Deponho-a no Partido. Agradeço-lhes pela confiança mantida até certo momento. Não é um gesto de comunista, não aprendi do Partido este gesto, mas é ainda um resquício da educação e da moral burguesa. Teria suportado as torturas nos porões da Segurança, mas não posso suportar o tormento de já não gozar da confiança de meu Partido.

Meu último pensamento para o camarada Stálin,…

A carta de Mirel Costea a suas filhas Rodica e Dana Costea:

Minhas queridas filhinhas Rodica e Dana. O vosso paizinho, que amastes e que vos amou, pede-vos desculpas por partir, quando ficardes adultas entendereis que o maior bem de um homem honesto é gozar da confiança do Partido. Gozei todo o tempo dessa confiança; até recentemente, o que não posso suportar. Minha vida foi para o Partido, sem a confiança dele, ela não tem sentido.

Sabei que vosso pai foi um homem honesto e devotado ao Partido. Mas se algum dia souberdes que o Partido tem outra opinião do que a minha, então crede no que diz o Partido.

O quão constrangedor é ler essas linhas sabendo que o homem estava prestes a ser descartado pelos “companheiros”? Mas é importante compreender o grau de alienação e devoção a que chegam os comunistas, os fascistas, os nazistas e os islâmicos radicais, pois somente assim evitaremos os equívocos materialistas típicos dos “progressistas”, que acham que basta investir no “social” para evitar esses totalitarismos.

É caso de psicologia, de distúrbio mental, algo que não se resolve com o Bolsa Família. Esses eram líderes da seita, intelectuais de classe média. E mesmo assim estavam dispostos a matar e morrer pela “causa”, pela “revolução”, na qual alguns acreditaram até o último suspiro, mesmo diante de tanta evidência de seu fracasso.

Tudo para o Partido, nada fora do Partido, diziam os comunistas. Tudo para o Estado, nada fora do Estado, diziam os fascistas. Tudo por Alá, nada além da morte aos “infiéis”, gritariam os muçulmanos radicais. E tal fanatismo não se combate com dinheiro ou com flores. Quem pensa assim realmente não compreendeu nada sobre as religiões políticas e seitas ideológicas.

Rodrigo Constantino

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