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De onde vêm as inovações?
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Por Alberto Souza Vieira, publicado pelo Instituto Liberal

Certa vez, um estagiário me fez esta pergunta: “de onde vêm as inovações e projetos?”. Pensei em algo simplório para responder e voltar à rotina, mas logo lembrei do meu papel como líder.  Poderia dar dois tipos de respostas, uma mais pragmática, trazendo o processo de gestão de investimentos da empresa, ou poderia dar uma resposta mais inspiradora. Apesar da rotina, escolhi o segundo caminho. Tratei a reposta em dois tópicos: por que inovar e como inovar.

Uma inovação surge de um desejo de transformação ou de uma necessidade. Esse desejo é intrínseco ao ser humano. É natural do homem buscar uma sociedade melhor, um melhor padrão de vida e uma melhor forma de fazer um processo. Segundo Donald Stewart Jr, em seu livro O que é o liberalismo, toda ação humana visa, a priori, a substituir um estado menor de satisfação por um estado maior de satisfação.  Já Jim Collins, no livro Como as gigantes caem, comenta o conceito da tempestade perene da destruição criativa descrita pelo economista Joseph Shumpeter: a mudança tecnológica e os empreendedores visionários subvertem e destroem a antiga ordem e criam uma nova ordem, só para ver essa nova ordem destruída e substituída por outra ainda mais nova, em um ciclo interminável de caos e sublevação.

Outra base para a inovação é a necessidade. Neste mundo V.U.C.A (volátil, incerto, inconstante e ambíguo) em que vivemos, os líderes e empresas sofrem cada vez mais pressões e os ambientes são cada vez mais turbulentos, exigindo respostas rápidas aos grandes problemas da sociedade. Um exemplo recente é a busca por biomateriais no uso cotidiano em substituição de materiais plásticos. Essas pressões ambientais têm oportunizado soluções com conceitos modernos de inovação atrelada à sustentabilidade, gerando um novo termo: inovabilidade.

Tendo claro que uma inovação surge de um desejo de transformação, seja intrínseco do indivíduo ou de uma necessidade, restou-me a segunda parte: como, então, inovar?

Geralmente, há uma tendência em tratar inovação como uma grande descoberta, mas seu nascimento pode vir de uma forma mais simples: um ambiente que favoreça a colisão de palpites. Segundo Steven Johnson, um dos gurus da inovação, se analisarmos os espaços que fizeram história ao gerar níveis extraordinários de criatividade, perceberemos alguns padrões recorrentes. Um desses padrões é o palpite lento. Quase nunca uma inovação surge num momento de grande perspicácia. Ideias levam tempo para evoluir e ficam hibernadas na forma de palpites na mente de pessoas. Uma boa ideia, ou seja, um palpite exitoso, surge da colisão de dois palpites menores que andaram povoando a mente de pessoas distintas.

Esse padrão da colisão de palpites lentos, por fim, nos direciona a um modelo de inovação: criar ambientes que favoreçam o compartilhamento de experiências e que promovam bons diálogos de ideias de forma livre. Parafraseando Mises, “debate de ideias e somente um bom debate de ideias pode trazer inovação.”

*Alberto Souza Vieira é Associado I do Instituto Líderes do Amanhã.

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