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Dois meses de quarentena, 10 lições aprendidas
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Por João Cesar de Melo, publicado pelo Instituto Liberal

1 – A Europa não é o oráculo da sabedoria.

Muito pelo contrário. Foi ela que colonizou a ferro e fogo as Américas, a África e grande parte da Ásia, saqueando e escravizando povos. Vieram de lá ideologias assassinas como comunismo, nazismo e fascismo. Um século atrás, europeus matavam-se uns aos outros, aos milhões, na 1° Guerra Mundial. Duas décadas depois, promoveram outra guerra, ainda mais sangrenta. No final do século 20, ainda permitiram a Guerra da Iugoslávia.

Erros absurdos fazem parte da história dos europeus. A destruição de suas próprias economias para conter uma epidemia de gripe é apenas um deles.

2 – O poder da imprensa tradicional.

O impeachment de Dilma e a eleição de Jair Bolsonaro criaram a ilusão de que os principais jornais e a Globo não tinham mais poder sobre a população, já que foram em vão seus esforços no sentido contrário. No entanto, a população hoje está hipnotizada pelo que a imprensa tradicional diz sobre a epidemia. O pânico foi instalado com extrema facilidade.

3 – A falta de proteção dos direitos individuais.

Já estava fazendo parte do nosso cotidiano acordar com notícias de novas leis e decisões judiciais de regulação da vida privada. De como os pais devem criar seus filhos a como comerciantes devem anunciar seus produtos, quase tudo já estava sendo arbitrado pelo estado. Os princípios de propriedade privada eram frequentemente violados por organizações como CUT, MST e MTST. Sobrava-nos o direito de ir trabalhar, circular, interagir com outras pessoas e ir à igreja. Perdemos. As quarentenas foram impostas por decreto. Não teve um único juiz ou desembargador contestando. O STF atropelou o Art. 5, inciso XV, da Constituição. No país da “audiência de custódia”, ninguém se preocupou com os direitos fundamentais de dezenas de milhões de cidadãos honestos. Não teve um único sindicato manifestando-se pela proteção dos empregos. Tiraram dos brasileiros até o direito de ir à igreja.

4 – O poder da China.

É sempre bom lembrar que essa ditadura comunista enriqueceu graças ao mercado desregulamentado em seu território enquanto, no ocidente, a esquerda conseguia impor mais e mais regulações. O resultado não poderia ser mais trágico para nós: além dos parques industriais de grandes multinacionais terem se transferido para lá, a ditadura mais assassina da história conseguiu enriquecer o bastante para influenciar politicamente grande parte do mundo.

Há meses, sabemos que foi graças à omissão dos comunistas chineses que a epidemia se espalhou pelo mundo. Um mês atrás, o prêmio Nobel de Medicina de 2008, Luc Montagnier, afirmou que o covid-19 foi fabricado em laboratório. A despeito disso, não se vê ninguém na imprensa ou na política cobrando daquele regime responsabilidade e ressarcimentos. Pior: apontam aquela ditadura como exemplo de combate ao covid-19.

A complacência do Ocidente encoraja a China a adiantar seus planos de controle global, como foi expressamente declarado por Xi Jinping no ano passado.

5 – A capacidade da esquerda de se tornar invisível.

Os socialistas sempre atuaram em diversas frentes ao mesmo tempo. Enquanto gritam nuns lugares, infiltram-se silenciosamente noutros. A promoção da instabilidade social, política e econômica é uma necessidade. Quando um país se aproxima do caos, partidos e movimentos de esquerda se escondem, para que a população não os veja como protagonistas. É o que vivemos hoje.

A esquerda, por meio da imprensa, induziu governadores e prefeitos a suspender a maior parte da atividade econômica, que logo será percebida como a maior tragédia social de nossa história. No entanto, a população não verá Lula ou o PT como responsáveis por isso. Verá apenas Bolsonaro, Witzel e Dória. Quando a rejeição a esses nomes já estiver consolidada, a esquerda liderada pelo PT voltará aos holofotes, apresentando-se como a força de reconstrução nacional.

A narrativa já está pronta: foi um governo de direita que afundou o Brasil na sua pior recessão; foram governadores da direita que cercearam liberdades fundamentais dos cidadãos; foi Bolsonaro que transformou o Brasil numa Venezuela.

6 – O pânico como arma política.

Primeiro, a esquerda tentou seduzir as massas com os discursos anticapitalistas. Não deu certo porque as pessoas querem prosperar economicamente, enriquecer. Depois, tentaram com o pacifismo, o feminismo, o ambientalismo e o multiculturalismo. Nada disso conseguiu envolver as massas, porque eram pautas que sempre excluíam grande parte da população.

Então, os socialistas perceberam que o medo da morte é compartilhado por todos: ricos e pobres, negros e brancos, homens e mulheres, heteros e gays. O medo da morte é o vetor perfeito para a instauração do caos econômico, que leva pessoas e empresas a depender do estado, ou seja, dos políticos; e em consequência disso, à completa submissão.

7 – O efeito manada entre governos.

No começo de março, a imprensa já havia consolidado o apocalipse no imaginário popular. Os especialistas escolhidos para falar sobre o tema avalizavam as projeções matemáticas que apontavam milhões de mortes, mas que a quarentena (adotada pela China semanas antes) minimizaria isso. Então, o governo italiano se viu obrigado a adotá-la. Logo em seguida, a China parou de divulgar o número de vítimas por covid-19 (provavelmente por ter visto que durante a quarentena o número de mortes explodiu), travando-o em 4.634, o que vem, desde então, sustentando a narrativa de que a quarentena salva vidas. O modelo da ditadura comunista chinesa tornava-se um exemplo para o mundo!

Durante as três semanas seguintes à decretação da quarentena na Itália, outros governos viram-se obrigados a fazer o mesmo. Se não adotassem, a imprensa os responsabilizaria por cada morte, argumentando que, se tivessem adotado, teriam morrido muito menos pessoas.

As projeções originais foram tão profundamente instaladas na mente das pessoas que nem os números altíssimos e crescentes de mortes por semanas e mais semanas durante a quarentena destrói a certeza de que, sem esse sistema, tudo teria sido pior.

Convenhamos: foi um golpe perfeito.

8 – O despreparo da direita para o poder.

Creio que não preciso falar sobre Jair Bolsonaro. O que surpreende é a ausência de conservadores sérios noutras esferas de poder. De prefeitos a governadores, passando por parlamentares e pessoas que ocupam cargos importantes nos governos, são poucas as mentes lúcidas, que expressam a serenidade e o bom senso que caracteriza o verdadeiro conservadorismo. Os representantes da direita na política protagonizam um constante show de horrores não pelas ideias que defendem, mas pela forma como se expressam e pelos meios que encontram para executá-las. Não sabem reagir a situações adversas. Caem como patos em todas as provocações da imprensa. Comportam-se como uns loucos.

Isso acontece porque todos os meios de formação de conversadores para a política foram exterminados ao longo das últimas décadas. Todo conteúdo conservador foi banido das escolas, das universidades e da imprensa. Os conservadores foram empurrados para a marginalidade.

Temos conservadores brasileiros merecedores de grande respeito nas redes sociais e nas capas de livros bem vendidos, mas muito pouco além disso.

A esquerda, por sua vez, é extremamente competente no a que se propõe. Vem se aperfeiçoando há um século, controlando toda a rede de educação e de mídia, formando um exército de militantes profissionais, dos quais saem políticos e formadores de opinião. Por isso, a esquerda tem grande facilidade para convencer as massas a aceitar os maiores absurdos, enquanto os representantes da direita, eleitos ao acaso, não conseguem defender suas boas ideias.

9 – O movimento liberal na política é uma farsa.

Fomos enganados. O MBL e parte do Partido Novo distanciam-se cada vez mais do liberalismo que propunham originalmente, dando-nos a certeza de que utilizaram a pauta apenas para conquistar militantes. Hoje, comportam-se como qualquer partido de esquerda em oposição sistemática a um governo de direita. Ajudaram a promover o maior programa de cerceamento da liberdade de nossa história, que está nos afundando numa crise econômica também sem precedente. Alinham-se à esquerda para impedir que a hidroxicloroquina seja liberada para mais pacientes do SUS. A despeito de suas responsabilidades nesses absurdos, Kim Kataguiri se dedica a chamar Bolsonaro de assassino e João Amoêdo a dizer que Bolsonaro é o culpado pela recessão. Ambos dizem que quem critica a quarentena está “negando a ciência”. Ambos chamam de “gado” as pessoas que querem voltar a trabalhar. Tornaram-se tão cínicos quanto qualquer petista. Diante de um país virado ao avesso por causa da quarentena, a solução mágica que eles têm a oferecer é o impeachment.

Os liberais de verdade continuam do lado de fora da política, fazendo as críticas necessárias tanto a Jair Bolsonaro, quanto à quarentena, mas sem compactuar com oportunismos rasteiros.

10 – O Brasil está preparadíssimo para ser transformado numa ditadura socialista.

Não sinto o menor prazer em afirmar isso.

A passividade dos cidadãos diante do cerceamento de suas liberdades fundamentais expõe que eles enxergam que os interesses coletivos devem prevalecer sobre os direitos individuais, ou seja: inconscientemente, concordam com o princípio fundamental do socialismo.

Pelo que vemos atualmente, basta uma narrativa bem construída para convencer o cidadão brasileiro a abdicar da responsabilidade sobre sua própria vida e prestar obediência ao estado. O precedente jurídico, institucional e popular foi criado. Basta a esquerda liderada pelo PT voltar ao poder e pedir à China mais uma epidemia.

Como reverter isso? Não sei. Você sabe?

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