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Meu nome voltou aos topos de tendência no Twitter. Descobri que sofri um novo "cancelamento", mas dessa vez por bolsonaristas, uma ala radical que não tolera "desvios de conduta". Tudo porque critiquei, com firmeza, a mudança realizada no comando da Petrobras, da forma que foi feita, no momento em que foi feito, e que levou a uma queda drástica no valor de suas ações.

É verdade que a Jovem Pan deu uma mãozinha, ao errar de forma grosseira o termo que utilizei, e colocar na manchete que Bolsonaro estaria flertando, segundo minha análise, com o comunismo, em vez de populismo, como eu de fato disse. A chamada causou perplexidade em muitos, com razão, e eu já pedi para a rádio trocar. Erros acontecem.

Mas o caso pode servir para nossa reflexão. Há uma minoria bolsonarista de fato muito intransigente e incapaz de tolerar críticas ou mesmo um debate sério e construtivo. Trabalhei no mercado financeiro por vários anos, tendo como chefe Paulo Guedes, que não por acaso ainda está em silêncio sobre a troca de comando na Petrobras. Outro que condenou a forma da mudança foi Leandro Ruschel, que também atua no mercado há anos. Leigos preferiram nos atacar em vez de refletir sobre nossos argumentos. Mas nem todos, claro:

Estou acostumado e não ligo. Fui "cancelado" pelos petistas faz tempo, pelos "radicais de centro" e agora por bolsonarista fanático que não tolera uma crítica ao "mito". Sou um liberal-conservador contra os extremos de todos os lados, e não me intimido com ataques chulos. Kim Paim, que me entrevistou recentemente, ponderou: "Sem querer criar polêmica, mas ao reclamar de quem está te criticando, você não está sendo intolerante com as críticas do mesmo jeito?".

Não, pois não estou reclamando de críticas, que são naturais, legítimas e mesmo necessárias; mas sim da postura intransigente de quem não aceita uma crítica sequer e já diz que você é um vendido, traidor, um tucano enrustido, e que deve ser ignorado. Esse tipo de postura serve apenas para afastar qualquer pessoa minimamente razoável, que enxerga o fanatismo de longe e quer manter distância.

Enquanto isso, em nome da defesa da democracia, e posando de moderada com uma forma mais sutil, a esquerda radical segue seu curso. A deputada Tabata Amaral, por exemplo, entrou com projeto de lei para tornar crime a "defesa da ditadura", mas só quando diz respeito ao regime militar brasileiro, que impediu o comunismo em nosso país:

Defender os regimes cubano, venezuelano e chinês pode, está liberado, é considerado "democrático", pelo visto. O absurdo é revoltante, e alguns se sentem tentados a radicalizar. O duplo padrão salta aos olhos, como nesse caso, de 2017, que a mídia chamou de "manifestação" e o STF ignorou, sem lançar mão da Lei de Segurança Nacional:

Em breve, será crime no Brasil ser bolsonarista, nada mais. Diante desse descalabro, é compreensível a indignação dos apoiadores mais aguerridos do presidente. Eles deveriam, porém, tomar o cuidado de não se transformarem naquilo que demonizam, com sinal trocado. Isso só dá munição aos adversários.

A mentalidade tribal e binária, que exige "lealdade plena" ou trata como "inimigo mortal", é justamente o que precisa ser denunciado aqui. O Brasil precisa respirar ares mais livres urgentemente!

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