• Carregando...

Esse artigo é um pedido de resposta por conta deste texto de Roberto Rachewsky publicado no IL e no blog.

Em recente artigo publicado neste blog, com o título de Políticos pagarão por sua ingerência arrogante e abusiva?, o missivista expõe sua ideia, fora da realidade, diga-se de passagem, em relação às recentes decisões tomadas pelos governos e em especial pela prefeitura de Porto Alegre.

Como disse acima, o escrito é fora da realidade, pois em nenhum momento traz a palavra pandemia ou Covid-19, jogando um argumento ao leitor como se o mundo estivesse como há 6 meses, ignorando por completo este fato gerador de restrições em todos os setores de nossas vidas, não em Porto Alegre, mas no Planeta Terra inteiro.

Se estivéssemos em condições sanitárias normais no mundo inteiro, eu assinaria embaixo do referido artigo. Mas o argumento apresentado pretende responsabilizar políticos por suas decisões tomadas em relação às restrições de circulação de pessoas, de abertura de comércio, da prestação de serviços etc.

Aqui, um segundo erro, também intencional para justificar premissas falsas, é apresentado. Não são políticos que tomam estas decisões, são gestores públicos, pessoas que assumem funções de alta relevância na sociedade, por meio do voto direto e em consonância com a Constituição Federal. Um munus público que vem acompanhado de uma responsabilidade gigantesca, mormente em um país com alto índice de corrupção, que gera uma dificuldade extra em gerir a coisa pública, ante a prévia desconfiança gravada em suas ações.

Também tenhamos claro que o termo político utilizado pelo articulista teve o cunho de desprestigiar as decisões tomadas (em algum país o político goza de total credibilidade?). O mundo inteiro se fechou, e essa premissa não pode ser ignorada ao querer avaliar “a paróquia”, sob pena de um solipsismo que quase sempre é injustificável.

Chamar de máfia os gestores e argumentar que um governo em uma sociedade civilizada defende o individual é o argumento básico nas teorias de Ayn Rand, o qual, com certeza, baseia os argumentos que norteiam as ameaças proferidas aos gestores contidos no artigo. O economista deveria, antes de criticar nossos gestores  - que habitam um capitalismo capenga e envolto pelo caos mundial de uma pandemia -,  tentar explicar por que a randiana Nova York também manteve somente supermercados e farmácias abertos, restringindo direitos individuais básicos dos seres humanos.

Quem tem que decidir sobre a vida de milhares de pessoas pode ser chamado de psicopata e irracional, faz parte da democracia (felizmente), mas cabe a nós concordarmos ou não com argumentos pensados nos braços de uma confortável cadeira, sem a espada de Dâmocles sob a cabeça e com a pena de escrita tão leve como uma pluma.

Fabio Berwanger Juliano
Diretor-Presidente da Empresa Pública de Transporte e Circulação - EPTC
Prefeitura de Porto Alegre

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]