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A rede de segurança do Leviatã incentiva a irresponsabilidade
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A reportagem de capa da revista britânica The Economist desta semana, Leviathan of last resort,  fala sobre o risco que ocorre quando o estado passa a garantir proteção para os depositantes dos bancos. No caso americano, o valor garantido já chega a US$ 250 mil, o que é um absurdo! 

Isso estimula a negligência, até mesmo a irresponsabilidade, uma vez que todos podem depositar seus recursos cegamente em qualquer banco, cientes de que o estado é o garantidor de última instância. Como um banco sólido será diferenciado de um frágil nessa circunstância?

O Banco Central atua como emprestador de última instância, o que é análogo a uma rede de segurança para trapezistas. Sabendo-se a priori que esta rede de segurança estará lá para proteger no caso de uma queda eventual, os trapezistas naturalmente irão ousar mais nas manobras.

É isso o que os economistas chamam de moral hazard. O resultado é um nível de alavancagem maior nos bancos, e clientes que nem sequer investigam melhor a solidez de seus bancos, pois sabem que o estado os protege em caso de bancarrota.

A revista reconhece que a chance de os políticos deixarem de lado as finanças para o próprio mercado é muito baixa, mas defende que poderiam ao menos, como sugeria o editor da própria The Economist no passado, Bagehot, tornar tal custo mais explícito.

Essa rede de segurança já se estendeu para muito além de bancos, chegando até “clearing houses” e fundos de “money-market”. A The Economist acha que os governos deveriam reconhecer tais passivos, e precificá-los adequadamente. Caso contrário, estão apenas preparando a próxima crise financeira.

E depois, naturalmente, vão culpar o livre mercado uma vez mais…

Rodrigo Constantino

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