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Amarildo virou mascote da esquerda caviar
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Guardai-vos de fazer as vossas boas obras diante dos homens, para vos tornardes notados por eles. De contrário, não tereis nenhuma recompensa do vosso Pai que está nos Céus.

Quando, pois, deres esmola, não permitas que toquem trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas, nas sinagogas e nas ruas, a fim de serem louvados pelos homens. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa.

Quando deres esmola, que a tua mão esquerda não saiba o que fez a direita, a fim de que a tua esmola permaneça em segredo; e teu Pai, que vê o oculto, premiar-te-á.

Pensei nessa passagem do famoso “Sermão da Montanha”, onde Cristo puxa a orelha daqueles que “fazem o bem” para aparecer, e não pelo bem em si, quando li a notícia de que a fina flor da esquerda caviar artística se reuniu para um leilão beneficente em prol da família de Amarildo:

O leilão em benefício da família do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, que desapareceu em 14 de julho, arrecadou R$ 250 mil. A informação foi dada pelo leiloeiro da Bolsa de Arte do Rio, Jones Bergamin.

O evento, na noite de terça, foi organizado pela produtora e empresária Paula Lavigne. Reuniu em Ipanema, zona sul do Rio, cerca de 120 pessoas, entre artistas, juízes, advogados e empresários.

Cada convidado pagou R$ 500 para participar do evento. Do total arrecadado, R$ 50 mil vão ajudar a mulher de Amarildo, Elizabete Gomes, e seus seis filhos a comprarem uma casa na Rocinha.

O restante do valor será destinado ao Instituto dos Defensores de Direitos Humanos (IDDH), do advogado João Tancredo, que acompanha o caso Amarildo.

Tudo muito bonito, sem dúvida. Mas espalhafatoso demais, a ponto de merecer nota no jornal de maior circulação do país. Lembrei dos radicais chiques que Tom Wolfe ironizava. A verdade é que a elite culpada precisa de um mascote, e defendê-lo publicamente dá aquela sensação de superioridade moral que é mais poderosa do que muito entorpecente (muitas vezes a turma mistura as duas coisas).

Curiosamente, hoje mesmo o sociólogo Demétrio Magnoli publicou um artigo no GLOBO mostrando que Amarildo não foi um caso isolado, e sim mais um entre tantos. Aos dados:

Os registros estatísticos indicam que, somente em 2010, 854 pessoas — entre as quais, 463 menores — foram mortas em ações policiais no Estado do Rio de Janeiro. “Há duas mortes que precisam ser mais bem investigadas: a morte da pessoa e a morte do inquérito”, enfatizou o sociólogo Michel Misse, que participa da campanha Desaparecidos da Democracia. A corajosa juíza Patrícia Acioli foi executada em agosto de 2011 por policiais decididos a matar os inquéritos sobre a guerra suja nas favelas, que não foi interrompida pelas UPPs. Ela se tornou um cadáver ilustre sobre o pano de fundo do cortejo de mortos sem nome e, não poucas vezes, até mesmo sem corpo. Amarildo seria apenas um número adicional nas estatísticas macabras, não fosse a circunstância fortuita de que seu “desaparecimento” coincidiu com a onda de manifestações populares iniciadas em junho. Não, Beltrame: Amarildo não é uma mancha acidental no tecido limpo da política de segurança pública de Cabral.

A esquerda caviar busca símbolos, e transforma gente de carne e osso em bandeira abstrata. Foi assim com o caso Trayvon Martin, o garoto que foi morto por George Zimmerman em 2012. Centenas de outros garotos negros foram mortos, a maioria, inclusive, por negros, mas aquele garoto em especial deixou de ser o garoto de carne e osso, e virou um símbolo abstrato, um mascote, uma bandeira política que até o presidente Obama sacudiu atrás de votos.

Dei uma palestra semanas atrás em que a discussão terminou em Cuba e no fracasso do socialismo. Uma senhora, nitidamente nervosa porque mexi com sua religião, pediu a palavra e apelou para o velho clichê: a culpa é do embargo americano! Provei que ela estava, assim, defendendo a globalização e o comércio com os ianques sem se dar conta, ela ficou mais nervosa, gaguejou e o evento foi encerrado.

Quando eu ia embora, estarrecido com a quantidade de gente que ainda defende a ditadura cubana em pleno século 21, um rapaz olhou para mim e disse: “E o Amarildo?” Percebem? O ajudante de pedreiro da Rocinha deixou de ser um indivíduo. Virou todo um símbolo místico, contra a polícia, o “sistema”, sabe-se lá porque contra a “direita”. Mencionar seu nome era, na cabeça do jovem, defender o regime cubano do meu ataque, ou colocá-lo, ao menos, em pé de igualdade ao “capitalismo”. É que o capitalismo que deu cabo de Amarildo, sabe?

Tudo isso me embrulha o estômago. Como abutres, essas pessoas exploram tragédias pessoais para uso político, ou para regozijo pessoal, alimentando sua vaidade com a propaganda de sua “nobreza” ímpar. Sim, a PM comete abusos, e eles precisam ser investigados e punidos. Mas daí a usar esses casos para condenar toda a instituição, difamar a própria ação policial, e ainda por cima associar seus erros ao capitalismo vai uma longa distância!

Já experimentamos a alternativa: as favelas ficaram livres da policia por muitos anos, graças a Brizola, ícone dessa mesma esquerda caviar. Deu no que deu: fortalezas do crime, onde os que mais sofrem são os pobres, enquanto a esquerda caviar arremata por R$ 25 mil uma gravura qualquer para defender “Amarildo” e condenar a polícia como um todo. E alguns da elite esquerdista ainda aproveitam para cheirar uma “brizola”, apelido que a cocaína recebeu não por acaso, e que financia os traficantes que tocam o terror nas favelas.

Paula Lavigne foi quem organizou o evento para arrecadar recursos em nome de “Amarildo”. Seu ex-marido e sócio, Caetano Veloso, apoiou publicamente o Black Bloc, como sabemos. O Black Bloc é um grupo terrorista e criminoso que gosta de atacar a polícia. Por isso que “Amarildo” virou um símbolo tão importante para essa gente. É o mascote que usam para condenar toda a polícia e pregar sua ideologia esquerdista nefasta. Tudo, claro, regado a bom vinho e canapés finos.

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