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Esquerda radical: discurso e realidade
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Fonte: GLOBO

Nossa esquerda radical é um poço de contradições. No discurso, o socialismo, o ataque ao lucro e à ganância dos empresários, o combate à responsabilidade fiscal do estado, etc. Na prática, investidores em busca do lucro com muita ganância, pragmatismo e coalizões para se manter no poder, etc.

O jornal Valor traz hoje uma reportagem sobre a única experiência do PSOL no poder executivo, em Macapá. Diz o jornal logo na abertura:

O prefeito, Clécio Luís, promoveu um ajuste fiscal para enquadrar o município na Lei de Responsabilidade Fiscal e vê nas Parcerias Público-Privadas uma forma de atrair investimentos. Distribuiu cargos entre representantes dos seis partidos de sua coalizão e tem como um dos principais aliados um vereador do PSD, partido do ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab.

Acossado por professores em greve, Clécio Luis, que diz ter encontrado a prefeitura em aperto orçamentário, defende-se: “Sou socialista, mas a prefeitura não é. Há práticas de governo que reivindicam o socialismo, mas no Estado em que estamos precisamos fazer o dever de casa nos marcos regulatórios vigentes”.

Ah, nada como o peso da realidade! Papel aceita qualquer coisa. Campanha aceita todo tipo de promessa e venda de utopias. Mas na hora de sentar o bumbum na cadeira e enfrentar a realidade, como as coisas mudam!

Foi assim com o PT, e seria assim com o PSOL se ele chegasse ao poder majoritário. É espantoso ainda ter inocentes úteis que acreditam no PSOL, o PT de ontem. É patético ver artistas e “intelectuais” endossando os “verdadeiros socialistas”, a esquerda mais “pura” representada no PSOL.

É “pura” só porque não tem o poder. Onde tem, como vemos, dobra-se diante da realidade. Sem falar da conivência com escândalos de corrupção (a deputada Janira Rocha não foi expulsa pelo partido).

Já no PCdoB, que ainda usa comunista no nome!, temos empresários em busca do lucro capitalista com muita ganância. Não é incrível? Jandira Feghali, que pretende disputar o governo do Rio, vai administrar seu tempo entre a campanha e seu restaurante. Isso mesmo: é proprietária de um estabelecimento comercial que visa ao lucro!

Para adicionar insulto à injúria, não pensem que é um restaurante popular na periferia. Nada disso! Fica em Copacabana, zona sul carioca. Foram investidos R$ 400 mil no empreendimento. E como a ganância na prática não é condenável, ela pretende abrir mais dois restaurantes novos esse ano. Dá licença que eu tenho sede por mais lucro!

Surgem algumas dúvidas que os leitores colocam: ela vai usar como fonte de seu negócio O Capital de Karl Marx? Será que ela pretende reter a “mais-valia” dos garçons?

Eu poderia afirmar que não se fazem mais comunistas e socialistas como antigamente, mas não seria verdade. Os comunistas e socialistas sempre foram assim: discurso é uma coisa, prática é outra, totalmente diferente. A retórica igualitária é conversa para boi dormir, para inglês ver, ou para eleitor otário acreditar. O lucro é o capeta só quando é dos outros.

Poucas vezes conheci gente tão materialista e ambiciosa como os socialistas…

Rodrigo Constantino

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