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Nada como um debate civilizado
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Acabei de participar de um excelente debate organizado pelo Instituto de Formação de Líderes (IFL) de Belo Horizonte, na encantadora cidade de Ouro Preto (eis o motivo de o blog estar pouco ativo nesses dias). O outro palestrante era um ex-reitor da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), claramente com viés de esquerda. Isso não impediu o ótimo nível do debate, tampouco a cordialidade entre todos os participantes.

O tema sugerido era a educação no Brasil (publico depois minha palestra em áudio). Tema complexo e polêmico, não resta dúvida. Temos, eu e o professor, pontos de vista diferentes, algumas vezes convergentes. Defendi uma drástica redução do papel do estado neste importante setor, assim como a política de voucher (vale-educação). Já o professor acredita mais em um Plano Nacional de Educação, ou seja, um programa mais centralizado, com uma política de estado, e não de governos.

Boas controvérsias surgiram nas mais de três horas de conversa. As perguntas inteligentes ajudaram. Mas, aqui, o importante que quero frisar é o seguinte: como é bom um debate civilizado! Essa é, aliás, a essência da educação liberal, que busca a isenção na largada, a procura desinteressada pelo conhecimento objetivo, com honestidade intelectual. Um grande diálogo aberto de seres falíveis dispostos a reconhecer o que o outro lado tem de bom a dizer.

É muito importante lembrar disso em tempos em que xingamentos e rótulos pejorativos voam de todos os lados, quando não a tentativa de intimidação e agressão física para impedir o contraditório, como vimos nos lamentáveis casos com Demétrio Magnoli e Luiz Felipe Pondé na Flica, em Cachoeira. Ou quando vemos a ombudsman da Folha rotular de “rotweiller” Reinaldo Azevedo, e ser aplaudida pela jornalista Míriam Leitão, em vez de focar nos argumentos – ou para fugir deles.

Talvez o ambiente, claramente desproporcional em favor dos mais liberais, tenha ajudado. O professor, que parece muito educado e civilizado, pode ter sido mais moderado no conteúdo porque estava diante de um grupo muito liberal. Talvez se estivesse na própria faculdade, com os alunos de esquerda em maior número, tivesse adotado um tom um pouco diferente. Não sei dizer.

Mas eis outro ponto importante: já cansei de ver ambientes com liberais respeitando o contraditório, o ponto de vista de esquerdistas, com educação. Uma única vez vi um deles ser vaiado em peso no Fórum da Liberdade, em Porto Alegre. Era um político que acabara de mentir descaradamente. Ainda assim a organização condenou o ato e pediu mais respeito.

Os oponentes do liberalismo são convidados para palestrar em eventos liberais. O mesmo raramente ocorre nos eventos de esquerda. E quando um liberal fala para plateias com muitos esquerdistas, em universidades federais, por exemplo, costuma ser alvo de ataques e gritos de claques socialistas. Isso é muito feio…

Quem tem medo do embate de ideias? Nós, liberais, não temos. Reconhecemos nossa falibilidade, e depositamos muito valor no pensamento crítico, na isenção nessa eterna busca pela verdade e por conhecimento. Portanto, repito: nada como um debate civilizado!

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