• Carregando...
O que pensa a nova direita?
| Foto:

O jornal O POVO de Fortaleza fez uma reportagem neste domingo sobre a “nova direita”. Ítalo Coriolano me entrevistou em um “bate-pronto”. Segue abaixo um trecho:

OPOVO – Por que, na sua avaliação, as marchas pró-militares não têm relação com a chamada nova direita do Brasil?

CONSTANTINO – Na verdade a direita tem varias facetas: os mais liberais, conservadores e aqueles que têm mais apreço por um modelo mais autoritário. É um verdadeiro saco de gatos. Essas marchas tiveram baixíssima adesão. Justamente porque levantaram bandeiras de intervenção militar, e isso não faz sentido no país democrático de hoje. Dá para lutar no sistema democrático.

OPOVO – Como você definiria hoje o pensamento de direita no Brasil? Quais são os principais objetivos?

CONSTANTINO – Do ponto de vista mais pragmático, o objetivo é impedir a venezuelização do Brasil. Se for bem sucedida, essa nova direita se desmembrará em novas vertentes, bandeiras que vão deixar as diferenças mais evidentes. Hoje, todo mundo deverá estar unido por um objetivo comum que é evitar que o Brasil vire uma nova Venezuela. Não adianta discutir mudanças, reformas e bandeiras se vivemos num estado de quase ditadura.

OPOVO – É possível afirmar que a direta modernizou-se?

CONSTANTINO – Uma ala sem dúvida. Mas tem uma turma mais saudosista do regime militar e não consigo compartilhar dessa visão. Há uma ala mais moderna, que reconhece o valor dos indivíduos, dentro da democracia, que é chamada de direita democrática.

OPOVO – A nova direita possui um projeto de poder para o Brasil?

CONSTANTINO – Não há um projeto. E faria uma afirmação até mais dura. Não existe direita organizada no Brasil hoje. Essa é uma frase forte, mas verdadeira. Politicamente não existe. O que tem mais de direta seria quem? O DEM, PSDB? Partidos sociais-democratas com bandeiras que em qualquer lugar do mundo seriam vistos como de esquerda ou centro-esquerda. Direita fascista organizada é história pra boi dormir que serve ao interesse da esquerda golpista. E há um vento de mudanças no horizonte no âmbito cultural, que tem impacto no âmbito político. Você vê alguns comediantes, músicos, intelectuais comprando briga de forma mais firme contra essa turma bolivariana.

OPOVO – Porque a democracia não se sustentaria num governo dito socialista?

CONSTANTINO – A esquerda, especificamente a mais jurássica, jamais teve apreço pela democracia. É vista como coisa de pequeno burguês. Parece evidente que o pessoal é oposto à democracia, vide Venezuela.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]